Bahia registra duas mortes por dengue em 2024
Óbitos foram registrados em Caetité e Jacaraci, no sudoeste do estado
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Millena Marques
milena.marques@redebahia.com.br
Duas pessoas morreram por dengue na Bahia em 2024, de acordo com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Os óbitos foram registrados nas cidades de Caetité e Jacaraci, no sudoeste do estado. Até o momento, a pasta não tem informações sobre as datas exatas dos óbitos, nem sobre o perfil das vítimas.
No período entre 31 de dezembro de 2023 e 3 de fevereiro de 2024, foram notificados 4.068 casos prováveis de dengue na Bahia. No total, 215 municípios realizaram notificação para esse agravo, com 13 municípios em situação epidêmica para dengue: Bonito, Novo Horizonte, Piatã, Morro do Chapéu, Lajedão, Rodelas, Macaúbas, Jacaraci, Piripá, Encruzilhada, Cordeiros, Vitória da Conquista e Ipiaú.
A epidemia para dengue é definida quando o município tem número de casos acima de 100 casos por 100 mil habitantes sustentado nas últimas 4 semanas epidemiológicas. Na Bahia, em comparação ao mesmo período do ano passado, foram notificados 4.614 casos prováveis, o que configura uma redução de 11,8%.
Já conhecidos por boa parte da população, os sintomas da dengue são: febre alta, dores no corpo, atrás dos olhos, nas juntas e na cabeça, além da possibilidade de vermelhidão no corpo. Os sinais são similares aos da Zika e da Chikungunya, que são transmitidas pela picada do mosquito Aedes aegypti, assim como a dengue.
De acordo com a infectologista Clarissa Cerqueira, o diagnóstico é resultado de um teste rápido para dengue, com exame de sangue. “O teste não é muito sensível, portanto, em alguns momentos, os resultados podem ser negativos”, explicou, salientando a necessidade de procurar assistência médica assim que a suspeita de dengue aparecer.
A analista Naiana Elisa Taveira, 39 anos, viveu o drama da dengue ao lado do filho, há dois anos. O pequeno Rafael Taveira, hoje com 10 anos, teve dengue aos 8 e precisou ficar internado após ser diagnosticado apenas com uma virose em uma unidade de emergência. Ela só descobriu que a criança estava com dengue quando retornou à emergência após os sintomas persistirem.
“Ele continuou apresentando sintomas de febre, dores no corpo e não conseguia andar. Foi um momento muito complicado”, disse a analista. A criança melhorou após cumprir todas as orientações médicas, especialmente a hidratação, a principal delas. O garoto tinha que beber 200 ml de água a cada uma hora, para não ficar internado.
Há quatro anos, quem sofreu com a doença infecciosa foi a dona de casa Ana Cleide Rios, 41 anos. À época, ela sentia dor ao realizar todas as atividades domésticas, desde varrer a casa a lavar um prato. “Eu deixei de fazer tudo. Fazia as coisas de casa com muita dificuldade por causa das dores no corpo”, disse.
Seguir as orientações médicas após o diagnóstico é essencial para a recuperação. A infectologista Clarissa Cerqueira faz uma alerta: a doença infecciosa pode levar a óbito. Isso porque a dengue faz uma lesão nos vasos sanguíneos, fazendo com que o corpo do paciente perca líquido. “Qualquer paciente pode evoluir com gravidade por causa disso. Por isso, o principal tratamento é a hidratação”, pontuou.
Importante ressaltar que a automedicação não é recomendada em casos de dengue. Os anti-inflamatórios, por exemplo, não podem ser utilizados porque aumentam o risco de sangramentos. Os únicos remédios indicados são dipirona e paracetamol. O essencial é procurar assistência médica.
Para evitar a picada do mosquito, o Ministério da Saúde recomenda a utilização de mosquiteiros sobre a cama, de telas nas janelas e repelentes em áreas de reconhecida transmissão; remoção de utensílios que possam acumular água e, consequentemente ovos do mosquito; vedar caixas d’água e reservatórios; desobstruir telhas, calhas e ralos; participar da fiscalização de Sistema Único de Saúde (SUS).
Salvador
A capital baiana registrou 158 casos confirmados de dengue entre 31 de dezembro e 10 de fevereiro. Esse número representa uma queda de 65% de casos em comparação ao mesmo período do ano passado, quando o município registrou 453 notificações.
Na manhã desta quinta-feira (15), o primeiro lote da vacina contra dengue foi entregue à Secretaria de Saúde (SMS), com 56.493 doses. Inicialmente, esse lote contempla pré-adolescentes entre 10 a 11 anos, com a ampliação do público de forma gradativa. Salvador possui 87.307 pré-adolescentes que se encaixam nessa faixa etária.
O Ministério da Saúde publicou, no último dia 8, que o público-alvo inicial da vacinação seria o grupo de pré-adolescentes de 10 a 14 anos. No entanto, a Bahia iniciará a imunização para o grupo de 10 e 11, em razão da quantidade de doses enviadas pelo Governo Federal.
Ainda nesta quinta-feira, às 14h, seis crianças foram atendidas pela Organização de Auxílio Fraterno (OAF), localizada na Rua do Queimado, na Liberdade, receberam a primeira dose do imunizante. De acordo com a vice-prefeita e secretária da pasta, Ana Paula Matos, o Governo Federal enviará o lote da segunda dose em um prazo de 90 dias.
“Depois que as crianças tomarem as duas doses, elas terão, por 12 meses, 90,4% de diminuição de hospitalização. Por quatro ou cinco anos, essa taxa ainda fica em 80%”, disse Ana Paula, salientando que há contraindicações para pessoas com imunidade comprometida.
Nesta sexta-feira (16), a vacinação acontecerá em 30 unidades de saúde, distribuídas pelos 12 distritos da cidade, das 08 às 16h. Os responsáveis devem apresentar documento de identificação com foto, cartão SUS de Salvador e caderneta de vacinação. A aplicação só será feita na presença dos pais ou um responsável legal. As escolas e grupos de pais podem procurar à SMS caso queiram que as unidades de ensino sejam postos de vacinação.
No Brasil, até o último dia 13, o número de casos prováveis de dengue chegou a 512.353 desde o início de 2024, de acordo com os dados do painel de monitoramento de arboviroses do Ministério da Saúde. Foram notificadas 75 mortes pela doença e 340 estão sendo investigadas.
*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro