Bahia mobilizada com as doações para o RS
Moradores do estado se unem para ajudar as pessoas atingidas pela tragédia
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Yasmin Oliveira
yasmin.oliveira@redebahia.com.br
A corrente de solidariedade está crescendo entre os baianos. Com o compartilhamento em massa das consequências envolvendo a tragédia climática no Rio Grande do Sul, diversas pessoas decidiram doar para ajudar a reerguer a população atingida.
Segundo os Correios, os baianos já enviaram mais de 57 toneladas em donativos até a manhã de ontem (13). Roupas guardadas, sapatos esquecidos e até produtos como água, escovas de dente e absorventes estão entre os itens mais doados.
Muitos reúnem as famílias e amigos para conseguir juntar o máximo possível para ajudar os gaúchos ou utilizam da internet como plataforma de divulgação. Foi o que aconteceu com a criadora de conteúdo literário Débora de Jesus Silva, conhecida como ‘Debook’ nas redes.
O início da sua arrecadação foi na última terça-feira (7) em Lajedinho, Bahia. Considerada uma das menores cidades do estado, ela passou por uma enchente devastadora em 2013, quando a população precisou viver de doações e esta foi a motivação da ‘Debook’.
“A gente sobreviveu e teve o que vestir por causa das doações que as pessoas mandaram. Esse, com certeza, foi o principal motivo de eu ter feito isso. É saber que, realmente, cada doação faz diferença e também entender que o meu perfil literário tem voz, tem espaço para fazer esse tipo de movimento, que a galera confia nas ações que faço, tendo o ‘Debook’ como plataforma de voz e influência”, conta Débora. Para ela, é um processo natural ajudar.
Esta não é sua primeira campanha de doação pelas suas redes, quando o Sul da Bahia passou por inundações, o perfil tinha menos seguidores, mas ainda foi uma plataforma de disseminar a campanha. Hoje, a casa em Lajedinho se tornou ponto de arrecadação, onde o hall e a garagem estão repletos de mantimentos para serem enviados ao Sul. Além de recebê-las, Débora usa o carro do pai para buscar doações na casa das pessoas que não podem levar até ela e está divulgando uma chave de Pix (debookajuda@gmail.com) para comprar, principalmente água e itens de higiene pessoal, como escovas de dente, lenço umedecido, absorventes e papel higiênico. Os itens doados variam entre roupas, ração para animais, água, comida não perecível e produtos de higiene.
“Realmente é um trabalho de formiguinha, pegando essas doações das pessoas e trazendo para casa. Eu faço uma triagem para saber o que realmente pode ser doado, porque entendemos, principalmente por já ter passado por isso, que não tem nada confortável, você já está numa situação de vulnerabilidade e algumas pessoas tratam o que é essencial para você como descarte. Então essa triagem é para entender o que é aproveitável no meio das doações”, esclarece.
A moradora de Salvador e influenciadora Renata Rangel também utilizou de suas redes para arrecadar mantimentos. As notícias sobre a situação se agravando no Sul chamaram a atenção de Renata, que desejava fazer mais, especialmente depois de receber uma mensagem da prima Maria sobre a arrecadação de dinheiro entre os familiares para a compra de cobertores para o Rio Grande do Sul. As primas utilizaram um playground na Federação para guardar as doações e separá-las antes de serem enviadas.
“Foi uma forma de canalizar a energia do que aquelas cenas tão tristes transmitiam para fazer o bem. Ver a rede de solidariedade; os voluntários que apareciam a todo tempo; as crianças do prédio ajudando, escrevendo cartinhas para as pessoas que receberiam as doações. Foi emocionante e muito gratificante sentir que a nossa união foi capaz de tocar tantos corações”, explica. Com ajuda de conhecidos e desconhecidos, a campanha se encerrou nesta sexta-feira (10) e 13 caminhões lotados de doações foram levados para o local da tragédia.
Renata estima que tenham sido 30 toneladas de doações, como roupas, itens de higiene pessoal, alimentos e água. Segundo ela, os itens mais recebidos foram peças de roupa e foram cerca de 50 voluntários para separar em sacolas para facilitar o recebimento no Sul.
Comovido com o sofrimento da população, o gerente de uma loja de construção Edi Teles decidiu mobilizar sua família e amigos para doar. “Não adianta ver tudo e se omitir, não adianta acompanhar as notícias sendo veiculadas, assistindo jornais todos os dias e ficar sem fazer nada, cruzar os braços, sendo que cada um de nós pode ajudar de uma certa forma”, disse Edi.
Com ajuda dos amigos, Edi encheu uma carreta de doações e pretende encher uma toda as semanas até que a situação se normalize no Rio Grande do Sul. Inicialmente, sua campanha arrecadou roupas e aos poucos passou a receber água e itens de higiene na Madeireira São José, em Barra de Jacuípe. Ele ainda afirma que se tragédia fosse mais próxima, formaria um grupo para ajudar presencialmente por alguns dias.
O sócio da Coxinha do Gago Anderson Santana fará o Gago Day nesta terça-feira (14), onde todo lucro líquido da coxinha tradicional de frango com catupiry, em todas as lojas da franquia, será revertido aos desabrigados do Sul. Além de tornar as lojas de Vilas, Itapuã, Magalhães Neto, Alagoinhas e Feira de Santana pontos de arrecadação, que terão os donativos enviados, a cada oito dias, para o Rio Grande do Sul.
“O intuito mesmo da gente é fazer o máximo para ajudar com um dia das nossas vendas de coxinha. É a coxinha clássica que todo mundo ama e, junto com isso, as pessoas estarão ajudando os nossos irmãos”, diz Anderson.
*Com orientação da subeditora Fernanda Varela