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Ataque no Dois Julho: horas antes de ter sido morta, vítima decidiu se tratar da dependência do crack


 

Pai de homem estava buscando um local para interná-lo

  • Bruno Wendel

Publicado em 13/10/2024 às 14:05:00
Rua onde aconteceu ataque no Dois de Julho. Crédito: Bruno Wendel/CORREIO

Um dos quatro usuários de crack vítimas do ataque no bairro do Dois de Julho, onde três morreram e um ficou ferido, Estevam Almeida Conceição, de 23 anos, tinha decido se tratar da dependência química. Ele havia aceitado a ajuda do pai, com quem almoçou na tarde desta sexta-feira (11). “O rapaz aceitou ir para uma clínica se tratar, mas infelizmente não deu tempo. Morreu na noite do mesmo dia”, conta um morador.

Além de Estevam, morreram Mariana Peralva Brito, 40, e um homem, que ainda não foi identificado. Os corpos permanecem no Instituo Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR). Já o quarto baleado segue internado no Hospital Geral do Estado. De acordo com populares, o crime estaria ligado à guerra entre o BDM e o CV.

Segundo um morador da região, o pai de Estevam foi o único parente das vítimas que esteve no local, acompanhando o trabalho da polícia e dos peritos. “Ele falou que estava com esperança de o filho mudar de vida, porque havia concordado em se tratar do crack. Depois do almoço, ele saiu em busca dos documentos para providenciar a internação”, conta a fonte.

Ainda de acordo com ele, enquanto os trâmites para a internação eram resolvidos, o pai buscava pôr o filho temporariamente em algum lugar. “Ele queria de qualquer retirar ele dali, porque temia que algo de ruim pudesse acontecer, e aconteceu. O pai cogitou em levá-lo para a casa da mãe, porém desistiu porque lá também tem guerra entre facções”, relata a fonte.

Uma mulher, também moradora do Dois de Julho, disse que Mariana estava grávida, informação que não foi confirmada pelo Departamento de Polícia Técnica (DPT). Ela contou também a vítima já tinha outros filhos. “Ela eram mãe de outra três crianças. A avó é uma tracista que trabalha no Orixás Center”, diz.

Ataque

O ataque no Dois de Julho aconteceu na Rua do Sodré, por volta das 19h. Os criminosos chegaram um carro de cor escura e atiram contra as quatro pessoas que estavam em frente ao terceiro portão do museu, próximo à Ladeira da Preguiça, região de alta concentração de usuários de crack.

“Os quatro eram conhecidos daqui, mas não mexiam com ninguém. Eles sempre ficam ali, onde os tiros começaram. Na hora, todos correram, menos a mulher, que morreu deitada num sofá. Já o rapaz (Estavam) ‘tombou’ perto de um poste. O outro mais à frente”, relata um morador.

O quarto, mesmo atingindo, escapou por sorte. “Ele estava sendo perseguido e os caras atrás atirando. Na hora, uns carros desceram. Foi aí que eles desistiram de ir atrás e fugiram”, conta a fonte. A vítima for socorrida ao Hospital Geral do Estado. Não há informações sobre o estado de saúde.

O caso é investigado pela 3ª Delegacia de Homicídios de Salvador e até o momento não há pistas e motivação para o crime.