Após fuga, Seap determina intervenção administrativa de 30 dias no presídio de Eunápolis
Secretaria também instaurou sindicância para apurar invasão e fuga de presos
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Carol Neves
caroline.neve@redebahia.com.br
O secretário de Administração Penitenciária e Ressocialização, José Castro, determinou na sexta-feira (13) uma intervenção administrativa no Conjunto Penal de Eunápolis, no Sul da Bahia, onde 16 presos conseguiram escapar após uma invasão e troca de tiros de grupo armado com as equipes de segurança. O presídio é administrado por uma empresa privada.
A intervenção deve durar 30 dias, que podem ser prorrogados por período igual, se necessário. O secretário determinou ainda a instauração de uma sindicância que vai apurar a invasão e a fuga.
Nessa madrugada, o secretário já havia divulgado que determinou o afastamento por 30 dias da diretora, o diretor adjunto e o coordenador de segurança do CPE.
Os bandidos invadiram o presídio para liberar um preso em específico: Ednaldo Pereira Souza, o Dadá, que chefia a facção conhecida como Primeiro Comando de Eunápolis (PCE). Após trocar tiros com policiais penais, os invasores foram até a cela de Dadá, mas liberaram também outros membros da facção.
Empresa privada
O complexo em Eunápolis funciona em regime de cogestão do estado com a empresa privada Reviver. Em maio deste ano, o CORREIO reuniu dados dos gastos que o Estado tem tido com empresas privadas que administram presídios. Na ocasião, o levantamento apontou que o gasto foi de R$ 370 milhões entre 2021 e maio de 2024. Além da Reviver, há parcerias com a Socializa Empreendimentos e Serviços e Manutenção e com a MAP Sistemas de Serviços LTDA. Confira matéria completa aqui.
O presídio tem 269 presos, sendo 237 em regime fechado. Em entrevista à Agência Brasil por telefone, o presidente da Reviver, Odair Conceição, disse que o ataque contra o complexo penal teve características inéditas pela violência como ocorreu. “É algo inédito na Bahia. Não se tem notícia de uma fuga orquestrada com o tamanho aparato de guerra”.
Não houve feridos, mas o presidente da empresa avalia que há um “dano terrível” com a fuga dos internos e o consequente perigo para a sociedade. “Com toda certeza, em breve, eles voltarão para a prisão de onde fugiram”, acredita.
Odair Nascimento explica que a área do complexo penal é restrita e com proteção. “Mas, em função do aparato balístico que eles tinham, eles saíram abrindo caminho com tiros em série. Houve naturalmente limitação do poder de resposta”, disse.
O presidente da empresa garante que havia, ao menos, 40 funcionários no momento do ataque, e que todos eles passam por treinamentos para situações como essa.
“Eles recebem um treinamento para enfrentar esse tipo de crise. Há um trabalho conjunto no modelo da cogestão. Naturalmente que o fato deixa as pessoas apreensivas”. Ele acrescentou que a segurança pública fez um reforço na unidade com a alocação de mais policiais.