Assine

Alunos de escola de Camaçari visitam o espaço durante experiência imersiva no Planetário da Ufba


 

Escola Creche Comunitária Nossa Senhora do Amparo, em Camaçari, teve projeto contemplado pelo Edital Braskem - Projetos que Transformam

  • Larissa Almeida

Publicado em 18/10/2024 às 20:06:48
Jovens visitam Planetário da Ufba. Crédito: Ana Lucia Albuquerque/CORREIO

Cerca de 50 de crianças e adolescentes vindos de Camaçari tiveram a experiência de dar um mergulho nas páginas de ciências, na tarde desta sexta-feira (18). É que os jovens, que são alunos da Escola Creche Comunitária Nossa Senhora do Amparo, visitaram o Planetário da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e experimentaram, pela primeira vez, a sensação de estar no espaço durante uma apresentação imersiva sobre a galáxia.

A iniciativa surgiu dos próprios alunos, que tinham curiosidade de conhecer o espaço. A professora Raquel Alves Sobrinho, por sua vez, tratou de mobilizar os professores de Ciências, Matemática e Literatura, que aceitaram a ideia de incluir a visitação no projeto de Educação Integrada. Juntos, eles submeteram o plano ao ‘Edital Braskem – Projetos que Transformam’ e foram contemplados.

“O Educação Integrada é um projeto que busca reforçar o conteúdo que é dado em sala de aula, fomentando o interesse dos alunos em disciplinas como matemática e ciências de uma forma lúdica. Por isso, foi um dos selecionados na segunda edição do Edital Braskem”, explica Magnólia Borges, gerente de Relações Institucionais da Braskem na Bahia.

Para Raquel, ter o projeto escolhido foi uma conquista, uma vez que o edital atendeu à demanda de um grupo incluso em uma comunidade que carece de incentivos do tipo. “O bairro do Gravatá, onde está localizada a escola, é uma comunidade periférica, distante do centro de Camaçari. E a cidade, infelizmente, hoje tem altos índices de violência. Com esses projetos dentro da instituição social em que trabalhamos, possibilitamos novas aprendizagens para essas crianças e adolescentes, até porque precisamos fomentar neles que é possível fazer uma educação diferente”, destacou.

Pontualmente às 16h20, as crianças formaram fila para adentrar a sala onde ocorreria a experiência imersiva. Sentados em uma cadeira reclinável que os deixaram na posição ideal para encarar o teto, eles acompanharam com empolgação a magia acontecer: após alguns minutos, a sala desligou todas as luzes e o teto branco deu lugar ao que era equivalente a uma tela gigante e arredondada de cinema. Em vez do filme, o que viram foi uma projeção do céu de Salvador, bem como curiosidades sobre o sistema solar e a galáxia.

A experiência durou aproximadamente 40 minutos e, durante esse tempo, não foi possível ouvir outra voz senão a do narrador. Quietos, concentrados e encantados com o que viam, os jovens só moveram os olhos da direção do céu quando precisaram acompanhar o movimento dos planetas. Ao final, aplaudiram a exibição e avaliaram positivamente a oportunidade. A aluna Raphaela Dantas, 13 anos, foi uma delas.

“Eu achei muito intrigante, porque gosto muito de astronomia, de ficar vendo fotos dos planetas e olhando o céu. Me deu vontade de estudar mais e me engajou a pesquisar mais coisas quando chegar em casa. Realmente achei a iniciativa muito boa de vir para cá, porque conseguimos conhecer o nosso planeta e o nosso universo, que é onde a gente vive. E precisamos conhecer onde vivemos”, enfatizou.

Para a aluna Isabelly Anjos, 12 anos, a visita ao Planetário foi ainda mais especial por ser a primeira vez da adolescente em Salvador. Ela, que mal dormiu à noite de tanta ansiedade para o passeio, já estava planejando como iria contar à mãe sobre a experiência. “Vou dizer que eu amei, que é uma coisa que eu nunca tive na escola. Vai ser algo como ‘Mãe, fui para Salvador, fui para um espaço que ficou tudo azul como o céu e o sol ficava girando’. E foi assim mesmo, eu me senti no espaço”, disse.

Quem também ficou entusiasmado com o que viu foi Mikael das Neves, 12 anos, que também pisou em Salvador pela primeira vez. “Eu estava muito ansioso para descobrir como era esse espaço e achei muito incrível. São 88 constelações que eu nem sabia que existiam. Quando chegar na escola, vou falar para todo mundo vir aqui, porque é um lugar que dá para conhecer tudo que tem no céu. Gostei demais também de Salvador, que mesmo da janela do ônibus deu para ver que é muito grande”, observou.

Ao final da sessão, ainda havia crianças fazendo fotos e vídeos. O registro, contudo, não era para a mera recordação. É que, conforme contou a professora Raquel Alves, o intuito é fazer com que o que foi visto no Planetário sirva de base para o conhecimento dentro da sala de aula.

“Nós os dividimos em grupo e, hoje, alguns deles estão fazendo cobertura com fotos e vídeos para depois editar esse conteúdo. A professora de Literatura vai trabalhar com eles escrita do que gostaram e acharam da iniciativa, assim como os professores de Ciências e Matemática vão desenvolver o que foi visto aqui nas áreas de cada um”, afirmou.

Marcia Silva, a professora de Ciências, garantiu que a experiência vivida com os alunos não será perdida. “Nós vamos trabalhar conhecimento que eles estão adquirindo hoje. Quero fazer maquetes com eles no intuito de reproduzir o que viram e saber como eles podem contribuir com a visão da galáxia. Quem sabe, eles não serão os futuros cientistas?”, instigou.