Advogado de Ederlan volta a defender que carta foi escrita por criança
Menina de 11 anos prestou depoimento especial na Dercca, nesta terça-feira (21)
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Millena Marques
milena.marques@redebahia.com.br
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Raquel Brito
mrbrito@redebahia.com.br
A advogada de defesa da família de Sara Mariano, Sarah Barros, informou que esteve presente quando a criança entregou um pacote com algumas cartas ao advogado de Ederlan Mariano, Otto Lopes. A quantidade de cartas e o teor dos documentos não foram detalhados.
De acordo com a advogada, ela não teve acesso a detalhes sobre os escritos, como a quantidade e quando foram entregues a Ederlan. Ao chegar no escritório, a menina abriu a bolsa, entregou os papéis a Lopes e disse apenas: “trouxe mais cartas”, segundo Barros.
A filha de Sara e Ederlan Mariano prestou depoimento especial na Delegacia de Repressão a Crimes Contra a Criança e o Adolescente (Dercca), nesta terça-feira. Ela estava acompanhada da família paterna. A avó materna não estava presente e a tia, irmã de Sara, voltou para Fortaleza para cuidar do filho pequeno. Sarah Barros explica que o depoimento segue em sigilo por envolver uma pessoa menor de idade, mas que a gravação será enviada para o delegado principal do caso.
Na última sexta-feira (17), um laudo de um perito grafotécnico particular contratado pela família materna apontou que a menina foi coagida a escrever uma das cartas enviadas ao pai. Segundo a advogada da família de Sara, o profissional em questão também está listado entre os peritos do Tribunal de Justiça, ou seja, aqueles que podem ser arrolados em processos que demandam um perito. No entanto, o advogado Otto Lopes afirmou que os documentos teriam sido escritos pela a criança.
"Ela escreveu as cartas. O andamento dessa discussão foi apresentado ao magistrado. Aguardamos que os documentos sejam submetidos à perícia oficial e, inclusive, as pessoas que falaram que se tratava de uma carta falsa vão ter que comprovar judicialmente. Iremos fazer uma intercalação judicial, porque não brincamos com a Justiça, com o Direito, com a liberdade alheia. É muito grave quando fazemos uma acusação como essa, principalmente porque não tem capacidade técnica. Eu lhe garanto que não é perito oficial para emitir um laudo nesse tocante", defendeu.
“Ela sempre conviveu com os avós paternos. Até onde tenho ciência os avós paternos não são investigados por nenhum tipo de crime e o direito é deles. Inicialmente, o magistrado definiu um convívio compartilhado. Mesmo sem citação ou intimação, nós nos manifestamos no processo, colocando a criança à disposição, para que o juiz determinasse o que fosse feito. Tudo o que falamos, está documentado. O processo tramita em segredo de Justiça."
O advogado Otto Lopes teve contatos esporádicos com a criança - os encontros aconteceram quando os avós paternos estiveram no escritório. Segundo o advogado, ele não teve nenhuma conversa "aprofundada" sobre os fatos. "Eu não tenho essa capacidade técnica de colher depoimento especial de criança. Por conta disso, solicitamos ao delegado de polícia e ao magistrado da parte cível de Salvador que ela fosse ouvida em delegacia", afirmou.
Por outro lado, a advogada da família materna garante que a menina acredita na inocência do pai. "A criança não sabe o que aconteceu, que o pai fez tudo o que fez. Ela sabe que a mãe dela está no céu e acha que o pai dela é inocente. Isso foi contado a ela e é isso que ela entende. Ela não sabe a verdade", afirmou Sarah Barros.
A Polícia Civil foi procurada para dar um posicionamento com relação ao depoimento da filha de Sara e Ederlan. Em resposta, a instituição disse que por ora não há atualização a ser divulgada.
*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo.