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'Espero chegar a 100 jogos pelo Vitória', revela Lucas Esteves sobre sequência no Leão


 

Lateral esquerdo do Vitória falou sobre momento individual e a campanha do Vitória no Brasileirão em entrevista exclusiva ao CORREIO

  • Alan Pinheiro

Salvador
Publicado em 27/09/2024 às 05:00:00
O CORREIO foi ao Barradão para entrevistar o lateral esquerdo Lucas Esteves. Crédito: Ana Albuquerque/CORREIO

A jornada do Vitória na atual temporada está sendo permeada por uma montanha-russa de emoções. Das arquibancadas do Barradão ou assistindo de casa, o torcedor do Leão comemorou um título estadual, lamentou eliminações e briga contra o rebaixamento e passou a ter esperança ao ver a equipe reagir no returno do Campeonato Brasileiro - se tornando, atualmente, a atual sexta melhor campanha na metade final da competição. Um dos jogadores que fazem parte de toda essa trajetória é o lateral esquerdo Lucas Esteves.

Aos 24 anos, o atleta defende seu 5º time, em cinco anos como profissional. Esteves ganhou a primeira chance na equipe principal do Palmeiras em 2019, quando tinha apenas 19 anos. A estreia aconteceu no dia 20 de março daquele ano, na vitória por 1x0 sobre a Ponte Preta, pelo Paulistão.

Desde então, a carreira do jovem lateral assumiu ares internacionais: passou dois anos atuando no Colorado Rapids, dos Estados Unidos. Lá, o atleta disputou 46 partidas, marcou dois gols, deu três assistências e ainda recebeu o prêmio de Jogador Jovem do Ano na Major League Soccer de 2022. Antes de chegar ao Leão, Lucas Esteves ainda atuou por Fortaleza e Atlético-GO em 2023 , subindo para a Série A com o clube goiano.

Contratado pouco depois do acerto do Vitória com o lateral esquerdo Patric Calmon, o PK, Esteves oscilou entre banco e titularidade antes de se firmar entre os 11 iniciais da equipe rubro-negra no Brasileirão. Na competição, o defensor só não entrou em campo em cinco partidas das 27 disputadas até então. Dessas, só não foi titular em dois jogos, contra São Paulo e Atlético-GO, no primeiro turno. O jogador tem contrato com o rubro-negro até o fim de 2025.

Tendo em vista a importância de Esteves para o Vitória na Série A, o CORREIO foi ao Barradão para entrevistar o lateral. Na conversa, o jogador contou sobre seu momento individual, a campanha do Leão na primeira divisão nacional e o início de sua carreira. Confira.

Como foi o início da sua trajetória e as passagens pelas divisões de base de São Paulo e Palmeiras?

"Esse sonho começou desde pequeno, quando eu tinha entre cinco e sete anos. Antes de me mudar, eu sempre ficava no campo, sempre tive esse gosto de estar brincando com a bola. Com seis para sete anos, me mudei para Osasco, eu morava em uma comunidade em São Paulo, no Butantã. Foi lá [em Osasco] onde tudo começou. Em um projeto social de lá, teve um professor que trabalhava na escolinha do São Paulo e me levou, onde eu fiquei oito meses e de fui para Cotia dos meus sete aos 14 anos. Depois, acabei indo para o Palmeiras, onde tudo aconteceu, as conquistas e as derrotas. Não podemos falar só de coisas boas, mas foi onde aconteceu meu amadurecimento e as coisas boas também que estão acontecendo para me fazer chegar aqui no Vitória".

Lucas Esteves chega ao Vitória no início do ano sem um jogador considerado titular na posição. Como você analisa a disputa de posição com Patric Calmon (PK)?

"Eu acho que a disputa de posição é algo muito bom no futebol, em uma equipe. Aumenta a competitividade e o nível técnico de ambos os jogadores, não só da minha parte quanto da dele. No momento, ele se encontra lesionado. Espero que possa ter uma boa recuperação e voltar quanto antes, porque ele nos ajuda muito. Inclusive me ajuda, porque é uma competitividade em que ele vem trabalhando muito bem e isso pode me ajudar a evoluir tecnicamente dentro de campo e eu sei que, quando ele tem tiver oportunidade, como ele teve, vai dar resposta e ajudar da melhor forma possível. Então, acho muito importante essa competitividade dentro do clube, mas é amigável, é um negócio tranquilo com os dois procurando ajudar".

Em uma coletiva antes da partida contra Atlético-MG, você citou que precisava melhorar ofensivamente. Essa melhora aconteceu? O que ainda falta?

"Acho que melhorou um pouco, mas ainda sempre tem um pouco a mais para melhorar. Nunca está 100%. Quando tiver 100%, alguma coisa vai estar errada, não podemos se acomodar nisso. É como eu falei lá atrás, não me lembro qual a rodada exatamente foi, mas tivemos uma evolução grande. Não só minha, como a parte do time todo, mas hoje não podemos nos acomodar só nisso. Procuramos evoluir a cada dia e sempre tem um pouco a mais para melhorar".

As duas partidas contra o Palmeiras tiveram um gosto especial?

"Se eu falar que eu não tive ansiedade, eu estarei mentindo. Quando eu vi né que seria contra o Palmeiras na estreia, fiquei muito feliz, mas também com um pouco de ansiedade, porque a felicidade você fica, já que você reencontra grandes amigos que fez no meio do futebol, grandes profissionais que você pôde trabalhar. No Palmeiras tem muitos que eu conheço desde os meus 14 anos. Então, eu tenho um carinho enorme por eles e foi muito feliz poder desempenhar um bom jogo individualmente dentro de campo contra eles. Foi algo muito importante para mim e acredito que foi para eles também, porque foi lá que aprendi muitas coisas, tive muitos ensinamentos. Foi bom para ambas as partes e eu fiquei muito feliz".

Com 41 partidas pelo Leão, Lucas Esteves tende a superar a passagem nos Estados Unidos em partidas disputadas. Quão importante é ter sequência na primeira divisão e disputar o maior número de jogos por um clube profissional no Vitória?

"Desde quando eu estava no Atlético-GO ano passado na série B, vi a situação que o Vitória estava para conquistar o título, que eles estavam com uma gordura muito grande para ser campeão e vi que era um trabalho que estava sendo bem feito. Então, quando virou o ano e eu tive a oportunidade de vir para cá, não pensei duas vezes, sabia que era um grande clube, com uma grande estrutura, um dos maiores do Nordeste. Sabia que era uma oportunidade muito boa para mim e que eu teria que competir com outro excelente jogador e disputar uma posição. Hoje estou jogando, mas fico muito feliz por estar aqui e poder ajudar. A sequência de jogos é muito importante não só para mim, mas eu acho que para qualquer jogador. Nos Estados Unidos foi onde eu fiz mais jogos, só que não se compara com aqui. Eu já fiz aqui 41 partidas no ano e isso vem tudo através do meu foco e da minha evolução tanto dentro, quanto fora de campo para chegar a esses números. Eu espero chegar a mais, posso estar aqui no ano que vem, então é procurar e chegar a 50, 100 jogos pelo Vitória, que vai ser um feito muito grande para mim".

Lucas Esteves tem 41 partidas completas com a camisa do Vitória. Crédito: Ana Albuquerque/CORREIO

Como está sendo a adaptação a Salvador e ao clube? Já conhecia algum dos jogadores que estão aqui?

"Eu conhecia alguns jogadores, como o Alerrandro e o Caio Vinícius. Quando eu cheguei, ele estava aqui. Conhecia também outros jogadores que joguei contra, mas foi uma adaptação muito boa, todos me receberam super bem e a adaptação na cidade está sendo maravilhoso. Claro que é muito calor, mas eu peguei um calor também em Fortaleza, onde fiquei seis meses. Tive uma lesão que me atrapalhou bastante. Também em Goiânia era muito quente, mas aqui é calor, praia, tudo de bom. Tô gostando muito de Salvador, minha família também gosta, então tá sendo muito importante".

Em 2023, Lucas Esteves jogou contra o Vitória na Série B. Apesar do jogo ter sido realizado em Goiânia, como é a noção do jogador em estar contra e a favor à torcida do Leão da Barra?

"Não vou mentir, quando nós jogamos contra o Vitória, queria que esse jogo fosse aqui para sentir como seria essa vibe da torcida contra, porque a favor é mil maravilhas, não tem do que reclamar. É como eu falo em todas as entrevistas, nosso 12º jogador são os torcedores. A festa que eles fazem é impressionante e foi citado até por outros treinadores. Acho que o Abel Ferreira e o Tite falaram da torcida do Vitória. Isso é incrível. Quando você está [em campo] sentindo essa energia, olha para arquibancada e vê a festa, não tem como não jogar por eles. Fico muito feliz de estar a favor dessa torcida. Quem vê do outro lado sente um pouco de pressão sim. Se falar que não, é mentira. Graças a Deus estou do lado deles e peço que continue esse apoio até o fim e a gente se distancie dessa situação que estamos".

O que deu errado para que o Vitória terminasse o primeiro turno com apenas 15 pontos? E qual a mudança realizada para se tornar a 6ª melhor equipe do returno?

"É como acontece em todos os clubes, é sempre um processo. Eu lembro que tive no Palmeiras um ano conquistando três títulos e no outro ano conquistar apenas um. Às vezes, as coisas mudam, outros times melhoram, as coisas acabam não dando certo e você tem que procurar reformular para continuar dando certo. Eu pego como exemplo hoje da gente mesmo no primeiro turno. Tivemos uma péssima, não péssima, mas uma campanha ruim e agora no returno somos a sexta melhor campanha. Ainda estamos há alguns pontos do Z-4. Então, não podemos nos acomodar com isso. Hoje estamos bem, mas procuramos evoluir cada vez mais a cada jogo para poder ficar o quanto mais longe possível dessa situação e deixar o Vitória na Série A ou até mesmo pensar em coisas grandes, mas não podemos nos acomodar. Vamos procurar evoluir a cada dia e agora temos 11 finais para nos dedicar ao máximo e procurar ficar o quanto mais longe possível do Z-4".

A primeira dessas 11 finais acontece neste domingo (29), quando o Vitória enfrenta o Internacional no Beira-Rio. Como o grupo está se preparando para o confronto contra uma equipe chega em grande fase?

"Como eu falei, são 11 finais e é contra uma grande equipe, em Porto Alegre. Não podemos nos acomodar em nenhuma situação, por mais que ganhamos deles aqui no primeiro turno, já passou e agora vamos jogar lá. Eles vêm de uma sequência muito boa e nós estamos nos preparando muito bem, tanto tecnicamente quanto mentalmente. Sabemos que vai ser um jogo difícil, mas temos que competir, dar o nosso melhor e procurar um resultado positivo. De alguma forma, voltar com um ponto ou três pontos. O importante vai ser pontuar nessa partida. Claro que vamos para procurar a vitória, mas se acontecer o empate também não é ruim. Então, vamos nos dedicar ao máximo, concentrados, e procurar conquistar três pontos e um bom resultado".