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Conheça histórias de empresas baianas que faturam alto por investir em ESG


 

Startup baiana atua na economia circular do azeite de dendê e transforma líquido em sabões

  • Larissa Almeida

Publicado em 21/05/2024 às 05:45:23
Victor Cardozo, da ÓiaFia. Crédito: Danilo Barretto

No ramo dos negócios, a sigla ESG (Ambiental, Social e Governança, traduzido do inglês) tem ganhado cada vez mais espaço com a agenda sustentável adotada pelas empresas. Isso porque, além de se dedicar a preservar e diminuir os impactos ambientais, prezar pela diversidade de trabalhadores e adequado ambiente de trabalho, e investir em gestão integrada e tecnológica, os empreendimentos que aplicam os pilares da sigla têm tido sucesso financeiro e reconhecimento. Esse é o caso da SOLOS, startup criada pelas baianas Saville Alves e Gabriela Tiemy, que já movimentou mais de R$15 milhões em ESG desde sua fundação em 2018.

A SOLOS nasceu com a proposta de promover soluções sustentáveis para diminuir os impactos ambientais e reduzir os resíduos urbanos. O ponto de partida do negócio foi pensar como seria possível fazer com que o descarte de embalagens após o consumo retornasse para a cadeia produtiva. Neste ano, a startup ficou conhecida depois de reciclar 400 toneladas de resíduos no Carnaval de Salvador.

Central de reciclagem no Carnaval de Salvador. Crédito: Divulgação

Segundo Saville, a startup já nasceu com a intenção de transformar a sociedade através do descarte correto dos resíduos e através da inclusão das cooperativas e dos catadores. Para isso, foi preciso investir nas pessoas por meio da inclusão e educação. “Hoje, 100% das nossas lideranças são femininas, temos operações que são focadas no desenvolvimento de mulheres, no estímulo e na implementação de lideranças femininas dentro das cooperativas”, aponta.

“Temos indicadores dentro da sala de diversidade, que tem a quantidade de mulheres, pessoas pretas, de pessoas oriundas da periferia e da comunidade LGBTQIAP+. São indicadores que acompanhamos tanto no que se refere ao ingresso quanto na permanência dessas pessoas [...] para entender a relação de alguns desses indicadores com melhorias de renda e de qualidade”, detalha.

Foi assim que, em seis anos, com atuação em cinco estados além da Bahia, a empresa movimentou mais de R$15 milhões em investimentos, impactou cerca de dois milhões de pessoas, gerou mais de 1.400 toneladas de materiais reciclados e R$3,9 milhões de reais em renda para cooperativas e catadores autônomos.

Aos 32 anos, Saville já recebeu reconhecimentos do Instituto Four e da Fundação Lemann, além de prêmios, como Empreendedor Social da Folha de S. Paulo, e Inovação em Sustentabilidade. Mas, de acordo com ela, as metas estão longe de ter fim. "Liderar é movimentar ideias e pessoas, exige constância, responsabilidade e paixão para promover ao planeta melhorias palpáveis. Seja na SOLOS ou em qualquer outro empreendimento, este será sempre o meu compromisso", garante.

Outro exemplo de sucesso baiano no ramo ESG é a ÓiaFia, startup de impacto socioambiental que atua na economia circular do azeite de dendê das baianas de acarajé de Salvador. Fundada em 2021 pelos empresários Flávio Cardozo e Carolina Heleno, o empreendimento foi fruto da luta de ambos contra estereótipos associados a Bahia, e da busca por soluções inovadoras para problemas socioambientais.

“Identificamos a necessidade de destinar adequadamente os resíduos de azeite de dendê dos tabuleiros das baianas de acarajé em Salvador, de salvaguardar o ofício das baianas de acarajé, promovendo a inclusão, melhores condições de trabalho, e vimos nisso uma oportunidade de gerar impacto positivo tanto para as nossas comunidades locais quanto para o meio ambiente”, conta Flávio Cardozo.

Desde a sua concepção, a ÓiaFia implementa os princípios do ESG através da coleta seletiva e beneficiamento dos resíduos de azeite de dendê, que são transformados em sabões artesanais de identidade baiana, promovendo a economia circular. No campo social, são oferecidos benefícios diretos às baianas de acarajé, como insumos para seus tabuleiros, valores por litro de dendê coletado, e cursos de capacitação em parceria com a Universidade Federal da Bahia (Ufba).

De acordo com Flávio, essas práticas não apenas beneficiam o meio ambiente e a sociedade, mas também criam um diferencial competitivo para a empresa. “Estimamos que essas práticas aumentam a fidelização dos clientes, melhoram nossa reputação e atraem parceiros, apoiadores comprometidos com a sustentabilidade. Embora o retorno financeiro direto possa variar, a valorização da marca e o impacto positivo gerado tem sido cada vez mais surpreendentes”, afirma.

No setor alimentício, a Lanchonete Tedesco é uma referência em ESG antes mesmo da sigla se tornar conhecida. Nascida em Santo Antônio de Jesus no ano de 1991, a empresa foi criada por Melentino Antônio Tedesco, que atuava no agronegócio no Espírito Santo, mas estava insatisfeito com o rumo dos negócios e decidiu se mudar para a Bahia. Logo nos primeiros anos da sua lanchonete, ele resolveu que pararia de mandar os resíduos dos alimentos para o aterro sanitário.

“O lixo orgânico que é produzido, que se resume a restos de comida e cascas de alimentos, sempre é recolhido por produtores rurais. O bagaço da laranja eles tratam de vaca e os restos de comida são dados para suínos. Ou seja, eles alimentam os animais e fazem retornar proteína para os mercados. Nós também separamos as latas de refrigerante e temos uma maquininha que as amassa, para que elas fiquem adequadamente separadas e identificadas. O nosso óleo saturado é enviado para a Petrobras para virar biodiesel, não jogamos nas torneiras ou no lençol freático”, relata Melentino.

Melentino Tedesco. Crédito: Reprodução

Na área social, a Lanchonete Tedesco se destaca por capacitar seus funcionários e ter programa de carreira. Para gerir a equipe que forma a empresa, existe um organograma e o empresário também está investindo em tecnologia, com o intuito de digitalizar os dados da empresa, aumentar a transparência e facilitar o processo de comunicação.

Foi com esse conjunto de práticas que, em 2014, o negócio recebeu uma certificação da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) pelos seus processos de higiene e controle operacional. Em 2016, venceu o Prêmio MPE Brasil na categoria serviços de Turismo. A premiação é realizada pelo Sebrae, Movimento Brasil Competitivo (MBC) e Gerdau, com apoio técnico da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ).

O III ESG Fórum Salvador é um projeto realizado pelo Jornal Correio e Site Alô Alô Bahia com o patrocínio da Acelen, Alba Seguradora, Bracell, Contermas, Grupo Luiz Mendonça - Bravo Caminhões e Ônibus e AuraBrasil, Instituto Mandarina, Jacobina Mineração - Pan American Silver, Moura Dubeux, OR, Porsche Center Salvador, Salvador Bahia Airport, Suzano, Tronox e Unipar; apoio da BYD | Parvi, Claro, Larco Petróleo, Salvador Shopping, SESC, SENAC e Wilson Sons; apoio institucional do Sebrae, Instituto ACM, Saltur e Prefeitura Municipal de Salvador e parceria do Fera Palace, Happy Tour, Hike, Hiperideal, Ticket Maker, Tudo São Flores, Uranus2, Vini Figueira Gastronomia e Zum Brazil Eventos.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro