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Engarrafamento, fila e novos eleitores marcam o domingo no maior local de votação da Bahia


 

Colégio Rotary assumiu este ano o posto de maior colégio eleitoral, com 18.188 eleitores

  • Carolina Cerqueira

Salvador
Publicado em 06/10/2024 às 14:54:56
Colégio Rotary tem mais de 18 mil eleitores. Crédito: Marina Silva/CORREIO

O primeiro desafio era chegar ao local, por conta do engarrafamento. O segundo era passar pelo mar de santinhos que deixavam o chão escorregadio na entrada. Ao finalmente passar pela porta do Colégio Rotary, no bairro de Itapuã, era hora de abrir caminho na multidão para encontrar a seção correta.

“Organiza essa fila!”, gritava um de lá. “Todo ano é esse inferno”, dizia outro de cá. Mas, na verdade, este ano, a confusão no Colégio Rotary é ainda maior, já que ganhou o título do maior colégio eleitoral da Bahia, com 18.188 eleitores. Ele ultrapassou o Luiz Viana, em Brotas, que tem 17.212.

Um dos novos rostos por lá é Cláudio Ribeiro, de 49 anos. Ele já tinha ido a outro local antes e descoberto que estava equivocado e chegou ao Rotary em busca de orientação. Era a primeira vez que ele votava depois de 10 anos. “Eu sou autônomo, acabei não participando das últimas eleições para trabalhar e aí precisei refazer o título este ano e caí aqui neste colégio”, contou.

Já a aposentada Julieta Paixão, de 68 anos, poderia ajudar a diminuir o número de eleitores da zona, mas, mesmo já tendo se mudado de Itapuã para Canabrava há 11 anos, não larga o osso. “Eu venho com meu marido e ele gosta daqui, a gente vem ver o pessoal, faz parte. Sem contar que trocar de local sempre dá um trabalho danado”, explica.

Votando pela primeira vez

A autônoma Monique Lima, de 20 anos, assim como Cláudio, ajuda a explicar o aumento de pessoas no Rotary. Depois de ter estudado lá, neste domingo estava votando no colégio pela primeira vez. Ao lado do namorado, que também vota no local, ficou feliz em poder retornar. “É bom que é pertinho de casa e ainda mais no colégio onde estudei”, disse.

Monique Lima votou pela primeira vez este ano e teve como zona o Colégio Rotary. Crédito: Marina Silva/CORREIO

A vendedora Camile Gonçalves, de 21 anos, compartilha uma história parecida com a de Monique. Ela também já estudou no Rotary e estava votando pela primeira vez, depois de tirar o título este ano. Foi ao lado de cinco amigas e cada uma se dirigiu à respectiva seção. “Depois daqui, vou à praia com meu filho”.

À Monique e Camile junta-se Sabrina Bispo, de 18 anos, ansiosa para realizar o exercício democrático pela primeira vez. Ela estava ao lado da mãe, Cristiane, e da avó, Maria Iraci. A jovem comemorou o fato de conseguir votar no mesmo colégio que as duas. “É bom poder vir todo mundo junto e, como a gente mora aqui pertinho, na Avenida Dorival Caymmi, foi bem tranquilo”, contou Camile.

Ela comemorou o fato de ter pego fila somente na porta da seção e não do colégio, como soube que aconteceu logo cedo. Com tanta gente prevista para votar no local, a movimentação intensa durante o dia todo é inevitável, mas, na primeira hora, é pior. Faltando cinco minutos para a abertura dos portões, que acontece às 8h, duas filas viravam a esquina.

Sabrina ao lado da mãe e da avó. Crédito: Carolina Cerqueira/CORREIO

Fila virando a esquina

A cabeleireira Débora Lima, de 30 anos, era a última de uma delas. Tendo o local como sua zona eleitoral há cinco anos, já está acostumada com a fila, mas prefere ir cedo e ficar livre o restante do dia. “Esse ano a fila está maior mesmo, mas quando os portões abrirem, num instante anda”, disse.

Já a técnica de enfermagem Valdiléia Cândida, de 51 anos, chegou às 7h e ficou uma hora esperando para entrar no colégio, mas não teve escolha. “Preferia vir depois, quando estivesse mais tranquilo, mas eu vou sair daqui para trabalhar”, compartilhou.

Sabendo do alto movimento, a vendedora ambulante Lindaura Ferreira, de 63 anos, fica na porta do campeão do ranking em dia de eleição já há 15 anos. “A gente vai aonde tem gente, sempre tem alguém querendo um lanche, um refresco”, disse. Quando o clima acalma, ela guarda as coisas e entra no colégio para escolher seus candidatos.

Lindaura aproveita o dia de eleição para vender lanche na porta do Colégio Rotary. Crédito: Marina Silva/CORREIO

Ranking

Situado na Ladeira do Abaeté, em Itapuã, o Colégio Rotary foi fundado há mais de 70 anos. Junto com ele e o Colégio Estadual Luiz Viana, completa o pódio dos três maiores locais de votação da Bahia a Escola Municipal Clériston Andrade, com 14.699 eleitores.

Os outros sete maiores colégios que formam o top 10 são: Complexo Integrado de Educação Básica, Tecnológica e Profissional CIEB, o único fora de Salvador, em Vitória da Conquista (14.659); Colégio Estadual Duque de Caxias (14.169); Universidade Católica do Salvador (13.708); Escola Aliomar Baleeiro (12.960); Colégio Estadual Manoel Devoto (12.305); Colégio Estadual Presidente Costa e Silva (11.509); Colégio Estadual de Tempo Integral Zumbi dos Palmares (11.353).