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'Criaremos um programa de habitação com recurso próprio', diz candidata a vice-prefeita do PSOL


 

Dona Mira (PSOL) é candidata a vice-prefeita de Salvador na chapa de Kleber Rosa (PSOL)

  • Millena Marques

Salvador
Publicado em 28/09/2024 às 05:00:00
Dona Mira (PSOL), vice-candidata a prefeita de Salvador. Crédito: Marcos Musse/Divulgação

Miralva Alves Nascimento, conhecida como Dona Mira (PSOL), tem 65 anos e é candidata a vice-prefeita de Salvador na chapa de Kleber Rosa (PSOL). Ela é coordenadora do Movimento Sem Teto na Bahia (MSTB). Já foi candidata a vice-governadora da Bahia em 2018 na chapa de Marcos Mendes (PSOL), mas não venceu o pleito.

Quais devem ser as prioridades da sua gestão e de Kleber Rosa?

Nós temos ordem de prioridade, inclusive, fizemos a pré-campanha com várias rodas de conversa. Entre elas, com pessoas voltadas à área da saúde, de emprego e renda, mobilidade urbana. Chamamos pessoas que são ligadas às áreas e têm um olhar diferenciado porque não basta ser um médico. Tem que ser uma pessoa com responsabilidade com a vida. Nós tiramos 50 principais propostas sobre mobilidade urbana, segurança pública, educação e saúde, por exemplo. Uma coisa que nos preocupa é a mortalidade de mulheres, a questão do feminicídio, a fome que está assolando novamente, e fortalecer a saúde e a articulação da atenção primária.

Como pretende colaborar com a gestão caso seja eleito vice-prefeita?

Nós temos várias pautas. Durante a campanha, quando tem mais de uma atividade no dia, nós dividimos. ‘Olha, Kleber, você vai para tal atividade, e eu vou para outra’. Quando eu não tenho uma (atividade) pela manhã, eu o acompanho nas dele . Nós temos esse cuidado. Eu sou uma pessoa da área de moradia, do Movimento Sem Teto, a gente tem essa preocupação de criar programa de habitação com recurso próprio, de ampliar o número de habitação. Salvador tem muitos prédios vazios em várias áreas que dá para cobrir esse déficit (de habitação).

Em termos de proposta, o que a senhora defende para reduzir o déficit habitacional da cidade?

A questão da moradia precisa ser resolvida com os prédios que temos no Centro Histórico, na área que temos no Terminal da França, Avenida Sete, em várias áreas de Salvador. Prédios que podem ser reformados para a questão da moradia pública, sem sombra de dúvidas. Quando a gente vai avaliar a quantidade de espaços que estão lá construídos sem habitação, sem utilização, dá para cobrir o déficit que a gente tem de pessoas em condições deploráveis, em situação de rua, pagando aluguel sem ter condições, morando de favor, morando em construções de plásticos e de madeira, insalubres, correndo risco.

Como será a montagem de um secretariado na sua gestão e de Kleber? Pretende atuar como secretária?

Nós vamos tentar dar a cara de Salvador naquele espaço (prefeitura), com vez e voz. A gente não vai para luta pensando em perder. Havendo possibilidade de vencer essa luta (eleição), vamos ver as pessoas que podem estar compondo o secretariado. Temos um grupo que se chama Educar na Luta, que é formado por professores que têm uma luta muito forte na busca de melhorias para as suas categorias. Esse grupo vem reivindicando lá na prefeitura desde sempre, conquistaram muita coisa. Eles (professores do grupo) são capacitados. Não há dúvida de que, se chegarmos lá (na prefeitura), eles serão os primeiros a ser chamados. Esse grupo é 100%.

Como sua administração atuará na preservação do patrimônio cultural e histórico de Salvador?

A preservação cultural do Centro Histórico e de várias outras áreas é prioridade. O histórico daquele lugar (do Centro Histórico) não pode ser destituído, tem que permanecer. Esses espaços que podem manter a estrutura, fazer uma reforma. A gente fala isso porque em São Paulo e em outras capitais já é possível, e a gente copia o que é bom. Já temos os contatos de pessoas dessa área, que lida com moradia, porque já houve prédios restaurados no Centro da cidade, prédios imensos, que mantiveram a fachada para preservar a história e fizeram construções dentro de apartamentos para as pessoas morarem. Então, a gente pode fazer isso aqui também. Isso é uma coisa para amanhã, não é rápido, não.

A segurança pública é de responsabilidade do governo estadual, mas, em uma eventual gestão da senhora, a prefeitura irá colaborar para reduzir a violência na cidade?

O que nós observamos é que a segurança pública está deixando a desejar. Há a possibilidade, sim, de fortalecer (a segurança) com um sistema integrado entre a prefeitura, a população e a Guarda Municipal, com a participação de conselhos populares regionais de segurança pública e direitos humanos. A Guarda Civil Cidadã, modernizar e valorizar a Guarda Civil Municipal, com a implementação de um plano de salário e carreira, promovendo a igualdade de gênero, garantindo a ampliação feminina em cargos das chefias. Equipar com câmeras corporais, renovar os equipamentos, as viaturas, que já estão envelhecidas. Uma atuação integrada com a Secretaria de Promoção da Igualdade para assegurar a segurança pública antirracista.

Quais iniciativas sua administração pretende adotar para melhorar a qualidade da saúde pública municipal?

A gente pensa muito na questão da saúde da mulher. Investir, melhorar, aumentar a aplicação de recurso próprio na área de saúde atual, entre 19% e 25%. Apostar e unir recursos para ações da atenção básica. Ampliando e qualificando os próprios serviços de saúde. É preciso que haja uma atenção muito grande com relação aos hospitais. Nós acreditamos muito na prevenção, promover e fortalecer políticas públicas voltadas à saúde da mulher, à segurança alimentar e nutricional e o combate à fome.

*Com orientação do editor Rodrigo Daniel Silva