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Clima de decisão e (in)segurança: veja como foi o dia de segundo turno em Camaçari


 

Flávio Matos (União Brasil) e Luiz Caetano (PT) disputam o cargo de prefeito

  • Vitor Rocha

Salvador
Publicado em 27/10/2024 às 19:49:48
Camaçari se dividiu entre azul e vermelho para este domingo (27). Crédito: Ana Albuquerque / CORREIO

Camaçari se dividiu entre azul e vermelho para este domingo (27) de eleição. Em uma disputa acirrada, votantes de Flávio Matos (União Brasil) e Luiz Caetano (PT) coloriram as ruas com camisas, adesivos, santinhos e bandeiras dos candidatos. Nos colégios eleitorais, filas se formaram e o clima de decisão pairava no ar para o inédito segundo turno.

Pela primeira vez na história com mais de 200 mil eleitores, número mínimo indicado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Camaçari ganhou o direito a ter um segundo dia de pleito em 2024. A nova etapa da eleição é resultado de uma votação equilibrada entre Flávio e Caetano, que tiveram uma diferença de apenas 559 votos no primeiro turno.

Nos locais de votação, como o Centro Educacional Marquês de Abrantes, maior colégio eleitoral de Camaçari, muitos eleitores já haviam definido seus lados. Morador de Abrantes, Avanildo de Oliveira manteve o voto do primeiro turno e afirmou que a família inteira escolheu o mesmo candidato. "Votei mais cedo e foi bem rápido. Só tem um cargo para votar, então é mais fácil", disse.

Assim como Avanildo, Milena Rangel exerceu seu direito ao voto logo pela manhã, por volta das 10h. Para ela, o pleno funcionamento das urnas fez com que as filas não demorassem. "No primeiro turno o tempo para votar era grande porque várias urnas deram defeito aqui em Abrantes", relembrou. Até o momento, o Tribunal Regional Eleitoral registrou problemas em apenas duas urnas das 540 destinadas ao pleito.

Camaçari se dividiu entre azul e vermelho para este domingo (27). Crédito: Ana Albuquerque / CORREIO

Em uma disputa acirrada como a de Camaçari, em que a eleição é decidida voto a voto, uma prática muito utilizada pelas pessoas é tentar converter eleitores para o seu candidato. No entanto, para Wellington Júnior, 30, a estratégia não foi bem sucedida. “As pessoas que eu conheço que estavam indecisas eu conversei e mostrei porque votar no meu candidato. Algumas aceitaram os pontos que eu apresentei, mas não mudaram de lado”, contou. O camaçariense, que mora no final de linha de Abrantes, contou que só votou pela tarde, mas foi ao Marquês de Abrantes pela manhã para se reencontrar com os amigos. “Com o trabalho a gente acaba não se vendo. Aproveitei que hoje é ‘feriado’ para rever o pessoal”, disse.

No Centro Educacional Maria Quitéria, segundo maior colégio eleitoral da cidade, por outro lado, o aposentado Judson Teixeira declarou que conseguiu influenciar o voto de três pessoas. “Vários conhecidos chegavam me perguntando o que eu achava e eu dizia que, particularmente, iria votar no meu candidato por uma questão de gratidão”, afirmou. Apesar da eleição parelha, o morador do bairro Phoc II declarou que há um clima pacífico nos locais de votação. “Os partidos trouxeram vários membros, mas até agora não teve nada. Espero que continue assim, sem choque”, destacou.

(In)segurança

A sensação do aposentado se deve ao reforço policial presente no dia do segundo turno. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, 1.463 agentes foram encaminhados à Camaçari para atuar durante a votação. Além do âmbito estadual, a Polícia Federal também destinou o Grupo de Pronta Intervenção, especializado em emergências e operações de risco, para o dia do pleito. De acordo com Judson, a presença policial amenizou os crimes eleitorais na região.

Fiscal eleitoral no Centro Educacional Maria Quitéria, Givaldo Oliveira afirmou que o segundo turno está mais seguro do que o primeiro, mas não está livre de ocorrências. “De manhã um pessoal colocou uma bandeira de fora a fora e a polícia teve que intervir. Mesmo assim, está bem tranquilo. Segundo turno o pessoal já sabe em quem votar, então não tem tanta confusão”, explicou.

Apesar da calmaria nos outros locais de votação, o Colégio Municipal São Tomaz de Cantuária estava em um clima de guerra. Ao entrar no estabelecimento, um agente, cuja identidade foi preservada, afirmou que houve diversas confusões ao longo do dia, incluindo uma briga entre os fiscais partidários que ocorria naquele exato momento.

De acordo com um dos fiscais, que optou por não se identificar, militantes de um grupo político entraram no estabelecimento e iniciaram o conflito. “Eles começaram a dizer que era parcial porque tinha mais fiscais de um lado do que do outro na entrada, sendo que isso é uma questão de organização dos partidos”, disse uma testemunha.

Do lado de fora do colégio, na Rua Eixo Urbâno Central, o eleitor Sérgio Santos declarou que as brigas políticas são "infelizes" e devem ser combatidas. “Mais do que uma questão política é uma questão de educação”, ressaltou.