Bahia elegeu dois quilombolas como prefeitos nas eleições de 2024
População é uma das mais desassistidas do estado
-
Gil Santos
gilvan.santos@redebahia.com.br
Os baianos elegeram dois prefeitos autodeclarados quilombolas nas eleições de 2024. Em Antônio Cardoso, na região de Feira de Santana, Jocivaldo Joci (PT), venceu com 53,21% dos votos válidos e vai fazer o primeiro mandato. Em Santaluz, Dr. Arismário foi reeleito com 61,75% e vai para o segundo mandato. Na Bahia, 308 municípios têm presença de quilombolas.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), em Antônio Cardoso 3.756 moradores se autodeclararam quilombolas, o que representa 33,7% da população de 11.146 habitantes. O Município é o 5º com a maior proporção de negros da Bahia. No último Censo Demográfico 10.585 pessoas se afirmaram pretas ou pardas (95% da população).
Já em Santaluz são apenas 71 pessoas autodeclaradas quilombolas (0,2% da população) e 30.382 pessoas, dos 37.834 habitantes, se autodeclararam pretas ou pardas (80,3% da população). Em todo o Brasil, foram 17 prefeitos quilombolas eleitos ou reeleitos no pleito deste ano. Os gestores terão desafios em diversas áreas, principalmente, nos territórios indentitários.
Contexto
A Bahia tem 56.612 quilombolas com 15 anos ou mais que não sabem escrever um simples bilhete. Eles representam 18,3% das 309.736 pessoas autodeclaradas no Censo Demográfico de 2022. Em Salvador, 15.897 pessoas se autodeclararam quilombolas durante o censo. Desse total, 13.390 tem 15 anos ou mais, sendo que 1.083 ou 8,1% não são alfabetizados. Entre os baianos, mais da metade da população quilombola acima de 65 anos não sabe ler nem escrever (53,4%).
O Censo Demográfico revelou também que nos quilombos da Bahia a quantidade de pessoas vivendo sem abastecimento de água, coleta de esgoto e destinação final do lixo é o dobro daquelas que vivem no mesmo cenário na população em geral. A falta de saneamento básico afeta 53.282 quilombolas (13,4% dessa população no estado) e 936.877 baianos não quilombolas (6,6%).
A Bahia é o 2º estado brasileiro com maior número de localidades quilombolas. Foram mapeados 1.814 territórios, número atrás apenas do Maranhão (2.025). O principal destaque foi para a coleta de esgoto. No estado, a fossa rudimentar está presente em 58,7% dos lares quilombolas, enquanto no público em geral o percentual é de 32,5%.
Além disso, 53.282 quilombolas moram em residências onde não há abastecimento de água canalizada por rede geral, poço, fonte, nascente ou mina; onde o esgoto tem como destino fossa rudimentar, buraco, vala, rio, córrego, mar ou outra forma; e onde não há coleta direta (porta a porta) nem indireta (por caçamba) do lixo.
Confira o ranking da população quilombola:
Brasil
1) Alcântara/MA (84,52%)
2) Berilo/MG (58,37%)
3) Cavalcante/GO (57,08%)
4) Serrano do Maranhão/MA (55,74%)
5) Bonito/BA (50,28%)
6) Central do Maranhão/MA (48,39%)
7) São Vicente Ferrer/MA (47,47%)
8) Mirinzal/MA (46,72%)
9) Bacurituba/MA (44,52%)
10) Mateiros/TO (43,30%)
Bahia
1) Bonito (50,28%)
2) Mulungu do Morro (38,49%)
3) Filadélfia (35,46%)
4) Antônio Cardoso (33,70%)
5) América Dourada (31,23%)
6) Maraú (30,77%)
7) Ibipeba (30,12%)
8) Araçás (29,01%)
9) Mirangaba (26,82%)
10) Cairu (25,81%)
Confira o ranking da população preta ou parda:
Brasil
1) Serrano do Maranhão/MA (97,20%)
2) Terra Nova/BA (96,17%)
3) Teodoro Sampaio/BA (95,20%)
4) Mansidão/BA (95,03%)
5) Pedrão/BA (95,00%)
6) Antônio Cardoso/BA (94,97%)
7) Ouriçangas/BA (94,92%)
8) Salinas da Margarida/BA (94,80%)
9) Cajazeiras do Piauí/PI (94,63%)
10) São Francisco do Conde/BA (94,01%)
Bahia
1) Terra Nova (96,17%)
2) Teodoro Sampaio (95,20%)
3) Mansidão (95,03%)
4) Pedrão (95,00%)
5) Antônio Cardoso (94,97%)
6) Ouriçangas (94,92%)
7) Salinas da Margarida (94,80%)
8) São Francisco do Conde (94,01%)
9) Santo Amaro (93,98%)
10) Saubara (93,84%)
*Fonte: IBGE