Comunicação via memes: veja 5 passos para não compartilhar imagens com erros
É preciso entender a carga da informação antes de compartilhar, afirmam especialistas
Uma foto, um vídeo, uma frase ou uma palavra que resume uma situação engraçada, um sentimento, um perrengue… Basta identificar algum desses elementos para clicar em enviar e em minutos fazer circular nas redes sociais e em grupos de WhatsApp os famosos memes. Você mesmo já deve ter visto algum desde que pegou o celular hoje de manhã. Neste momento, é possível que tenha recebido um novo arquivo ou link, mas antes de compartilhá-lo, leia esta matéria. Precisamos elevar este tema a um novo patamar.
Para início de conversa, você tem avaliado com cuidado o teor do conteúdo dos memes e reels que envia aos seus amigos e familiares diariamente? Já parou para pensar que por trás de mensagens “engraçadas” podem existir desdobramentos preconceituosos, que envolvem, por exemplo, homofobia, gordofobia, indução a vícios, pornografia, injuria racial, machismo e muito mais? Pois é! Se há alusões ao corpo de alguém não é engraçado. Se critica religião, gênero, opção sexual, sotaque, profissão, posicionamento político, condição social / física / mental e/ou emocional de uma pessoa ou grupo, não é engraçado, portanto, não deve ser repassado.
Interação Responsável
Apesar de o conceito ter surgido na década de 70 para explicar tudo o que se multiplica no imaginário coletivo, o meme só se tornou uma forma de expressão, de fato, com a atual geração conectada e online. Estar atento a este fenômeno é exercer uma das habilidades propostas pela educação midiática: a cidadania digital. Ou seja, ter a capacidade de utilizar recursos de mídia para autoexpressão e interação com outras pessoas de forma segura, responsável e consciente.
Neste ponto, toda essa discussão encontra ressonância com o pensamento do filósofo e sociólogo francês Edgar Morin, que, em entrevista veiculada pela GloboNews em 23 de fevereiro de 2015, já alertava sobre a necessidade de se levar para a escola a reflexão sobre assuntos que, geralmente, não são abordados nos espaços educacionais, a exemplo da compreensão humana. Atualizando este contexto para 2024, as novas expressões de comunicação precisam ser analisadas criticamente, de modo a aumentar o discernimento das pessoas sobre os cenários onde estão inseridas. Este é um dos papéis primordiais da educomunicação hoje.
Não basta reconhecer que as mudanças existem e as nuances geradas pelas novas tecnologias da comunicação modificam hábitos, percepções e ações da sociedade, mas é preciso saber o que fazer com isso. “A informação não é conhecimento, o conhecimento é a organização das informações”, diz Morin. Ou seja, o pensamento complexo capacita a pessoa a uma interpretação mais ampla das informações que recebem e que compartilham de maneira a gerar conhecimento.
O outro lado da moeda
Ao contrário do pensamento cartesiano, o pensamento complexo defendido por Edgar Morin, admite o incerto e considera que qualquer fenômeno não pode ser observado e avaliado tão somente pelo princípio da ordem pura ou da desordem pura.
Assim, se tudo pode ter este caráter misto, os memes também podem. Se existem memes preconceituosos, que devem ser evitados e não compartilhados; também há aqueles capazes de traduzir temas e assuntos complexos. Cabe ao indivíduo saber o que compartilhar e consumir. “Na educação, por exemplo, memes podem ajudar na compreensão de conceitos complicados ou notícias recentes de uma maneira mais leve. Mas é preciso lidar com os memes da mesma maneira como precisamos lidar com todo tipo de informação: refletindo sobre as responsabilidades de quem produz, consome e compartilha”, explica Daniela Machado, coordenadora do EducaMídia - programa de educação midiática do Instituto Palavra Aberta, que tem como focos a formação de professores e a produção de conteúdos sobre o tema.
O que observar antes de compartilhar um meme:
1. Se o conteúdo é ofensivo ou preconceituoso;
2. Se o direito à privacidade está sendo ferido;
3. Se alguém está sendo ridicularizado e quais consequências isso terá;
4. Se há risco de desinformação ou difamação;
5. Se as imagens e ilustrações usadas não ferem direitos autorais ou de copyright.