Preço do atum cai até 30% nas peixarias de Salvador
Queda se deve ao aumento da produção; desembarque do pescado aumentou 550% no Terminal Pesqueiro de Ilhéus
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Da Redação
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O atum está até 30% mais barato no Mercado do Peixe de Água de Meninos, na Cidade Baixa, em Salvador. O quilo que custava entre R$ 16 e R$ 19 pode ser encontrado agora por até R$ 14.
A redução no preço é provocada pelo aumento na quantidade de atum que tem chegado à capital baiana. Boa parte do pescado vem do Sul e Sudeste do Brasil, mas também tem crescido o volume que chega da região Sul da Bahia.
“O pessoal de Ilhéus tem enviado mais atum para cá, isso acaba refletindo no nosso preço. Já os consumidores também têm comprado mais e as vendas aumentaram cerca de 20%”, afirma Fernando Santos, que comercializa pescados há doze anos. Fernando Santos está vendendo até 20% a mais de atum no Mercado do Peixe de Água de Meninos (Foto: Georgina Maynart) Boa pescaria Os pescadores de Ilhéus estão encontrando atum com mais frequência nas águas oceânicas que banham esta parte da costa baiana. Segundo eles, vários fatores passaram a influenciar no sistema de pesca da região.
“Nos últimos dois anos nós mudamos a modalidade de pesca. Estamos usando um sistema que segura o cardume, evitando a dispersão dos peixes. Assim, vários barcos conseguem atuar numa mesma área", explica Pedro Mota, dono de barco que começou a pescar atum há dois anos, depois de passar 25 anos pescando exclusivamente camarão.
Ele prossegue: "Nós também passamos a contar com a presença de muitas embarcações que atuavam no Sul do Brasil e migraram para a Bahia. Além disso, nós temos uma costa muito rica, com um fator preponderante que é a distância. A nossa plataforma de pesca, que é a área de exploração que vai de zero a 200 metros de profundidade, é estreita, então nós encontramos cardumes a uma hora de distância da área de atuação”.
Este ano, a grande temporada de pesca deve se prolongar até março.“É tanto atum que passamos a fazer o caminho contrário. Atualmente somos nós que mandamos para o Sudeste e para o Sul do Brasil, inclusive para Itajaí, em Santa Catarina, que antes era o maior produtor”, acrescenta o pescador.Crescimento de 550%De acordo com a Bahia Pesca, empresa vinculada à Secretaria de Agricultura do Estado, desde o fim de 2018 para cá, os barcos da região desembarcaram no Terminal Pesqueiro da Ilhéus mais de 100 toneladas de atum, um volume 550% maior do que no ano anterior.
“Há dois fatores que explicam esse crescimento. O primeiro é o aumento no interesse dos pecadores em desembarcar o atum no terminal de Ilhéus por conta da infraestrutura. Além disso, possivelmente fatores climáticos podem estar causando uma ressurgência no Sul da Bahia. Uma ressurgência é uma área em que há um grande acúmulo de nutrientes na superfície, com impactos na cadeia alimentar da vida marinha”, analisa o presidente da Bahia Pesca, Eduardo Rodrigues.
Além do atum, o terminal vem registrando uma elevação significativa dos outros pescados como dourado, marlim, galhudo e meca, também abundantes na região. Em 2018 foram desembarcadas pelo terminal mais de 240 toneladas de peixes, cerca de 60% a mais do que em 2017.
Para incentivar a pesca na região, estão sendo disponibilizados no terminal serviços como beneficiamento do pescado, estrutura de peixaria, caminhão frigorífico, píer com capacidade para abrigar cerca de 15 embarcações ao mesmo tempo, e descontos de até 25% na venda de gelo. Terminal Pesqueiro de Ilhéus registrou aumento de 550% no desembarque de atum (Foto: Bahia Pesca) NutritivoO atum é rico em propriedades nutricionais, a exemplo de proteínas, potássio, magnésio, vitaminas do complexo B e Ômega 3, um tipo de gordura classificada como boa para o organismo.
Segundo os especialistas, o Ômega 3 é um ácido graxo capaz de atuar na redução de inflamações, proteger o corpo de doenças cardiovasculares e auxiliar no controle do colesterol.
Não por acaso, o atum é um dos peixes mais usados na produção de sushi e sashimi, pratos da culinária japonesa.
Pescado em expansãoO atum é considerado um recurso internacional, por ser uma espécie de peixe que migra durante o ciclo de vida. Por isso, os países banhados pelo oceano estão ligados à Comissão Internacional para a Conservação do Atum do Atlântico (ICCAT), que certifica a pesca e estabelece regras para que não haja excesso de captura.
De acordo com o órgão, a adoção de novas tecnologias de pesca tem estimulado o crescimento da produção de atum no Brasil. Os dados mostram que a produção anual brasileira quintuplicou entre 2010 e 2017, passando de cerca de 5 mil toneladas para mais de 26 mil toneladas por ano.