Pink Money: Comunidade LGBT já movimenta mais de R$ 150 bilhões por ano
Casais homoafetivos possuem renda duas vezes maior do que os casais heterossexuais
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Maryanna Nascimento
maryanna.nascimento@redebahia.com.br
San Sebastian, Amsterdam, festas e bloco de Carnaval ao som de “baldin de gelo”, tudo sob o comando de José Augusto Vasconcelos e André Gagliano. À primeira vista, eles podem parecer mais uma dupla de empreendedores que agitam a cidade de Salvador, mas é só olhar com mais atenção que fica claro que o segmento não é qualquer um. Eles comandam as duas maiores boates gays da capital e investem no entretenimento para esse público. Seja no de festa ou em qualquer outro setor, apostar em produtos e serviços voltados para a comunidade LGBT é uma oportunidade de negócio que, bem estruturada, tem tudo para dar certo.
Um dos motivos é o “pink money” (dinheiro rosa), ou poder de compra dos LGBTs. Segundo levantamento da InSearch Tendências e Estudos de Mercado, esse público já movimenta cerca de R$ 150 bilhões por ano. Além disso, a consultoria Cognatis - Geomarketing, Analytics e Big Data analisou os dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente a 2010 e 2011, que aponta que casais homoafetivos possuem renda duas vezes maior do que os casais heterossexuais, e consomem, em média, 30% a mais do que os héteros.
De acordo com Diógenes Silva, técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o potencial de consumo deste público está em lazer e viagens. “Fatores como possível ausência de filhos permitem que tenham mais dinheiro para gastar. Portanto, o grau de exigência é maior”. Reinaldo Gregori, diretor-geral da Cognatis, ainda acrescenta que “a probabilidade maior de ser duplo ingresso (ambos trabalham) colabora para que o segmento tenha um altíssimo poder de consumo”.
José Augusto viveu isso na prática. Segundo ele, “o público não gosta de nada meia- boca” e o segredo para ele estar se mantendo no mercado há 9 anos é o planejamento, a persistência e qualidade. “Percebemos que Salvador era muito carente, que esse público não tinha nenhum clube bacana. Vimos essa lacuna e investimos em qualidade de som e de luz”, explica.
Mapa do tesouro Apesar dos números mostrarem que apostar no público LGBT tem tudo para dar certo, é importante que o investidor se atente a alguns fatores. Segundo Diógenes, um deles é o limite de público. “Independente do segmento, quando é algo específico, o público que não faz parte da categoria não costuma consumir”. Porém, ele ressalta que esse não é um motivo para desistir da ideia. O conselho é “escolher áreas mais acessíveis”. Para ter essa percepção com mais segurança, vale investir em uma pesquisa de mercado.
Reinaldo explica que outro fator a ser analisado antes de investir é ter um produto com apelo para esse público. “Qualquer um que quiser trabalhar com esse segmento tem que entender que é de nicho. Ou seja, tem que ser trabalhado dentro das suas características e é muito importante se comunicar com esse público”. Ele chama atenção para algo que se deve considerar em qualquer investimento: os riscos. “É preciso procurar especialistas para nortear o investidor. O mercado é competitivo e tomadas de decisões sem dados e estudos objetivos são arriscadas”, completa.