Receba por email.
Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Carmen Vasconcelos
Publicado em 27 de junho de 2022 às 06:00
Quem usa aplicativos para pedir comida, com certeza, já viveu situações como a da professora Cibele Andrade que, certa vez, solicitou um prato para ela e a família, pagou no cartão de crédito e não recebeu o pedido. “O entregador do restaurante sofreu uma pane na moto e não conseguia terminar as entregas e, como depois do tempo que ficou para encontrar um mecânico, também terminou ficando sem bateria de celular”, conta.
O valor do pedido foi estornado, mas a espera e frustração ficaram. Na verdade, intercorrências como essas estão com os dias contados. Pelo menos é o que propõe a chegada do Open Delivery idealizado pela Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).
De acordo com o Conselheiro da Abrasel e Co-criador da primeira versão implantada Célio Salles, o Open Delivery foi desenvolvido com o objetivo de desburocratizar e facilitar a operação de delivery no Brasil. “Ele não se configura como uma plataforma, um aplicativo, um sistema ou qualquer outro tipo de ambiente digital. Trata-se de uma série de padrões que integram os softwares de gestão do restaurante com os aplicativos / marketplaces e operadores logísticos reduzindo as ineficiências na gestão do cardápio, pedidos e logística”, esclarece. Célio Salles comemora o fato de que o Open Delivery desburocratiza e qualifica os serviços de entrega (Foto: Danilo Viegas/Divulgação) Salles explica que, como a Abrasel é idealizadora e líder, o principal papel é articular e coordenar os esforços entre todos os atores do ecossistema de food delivery com objetivo de criarem juntos e estimularem ampla adesão aos padrões que permitirão a integração de todos. “A consequência disto será uma enorme redução de ineficiências e maior conforto operacional para os restaurantes, e como reduzirá barreiras para aumento de oferta e concorrência, também proporcionará mais equilíbrio nas negociações entre restaurantes e plataformas”, comemora.
Código aberto
Especialista em Relações Institucionais e Governamentais para ecossistemas inovadores, presidente da Associação Brasileira Online to Offline (ABO2O), que reúne as maiores plataformas digitais em operação no país, e do Conselho de Economia Digital e Inovação da Fecomercio/SP, Vitor Magnani explica que tudo estará um único sistema de código aberto será responsável por todos os serviços de entrega.
“Quando estiver pronto com as novas tecnologias e ferramentas, o consumidor vai pedir a refeição ou serviço normalmente, a mudança é que o Open Delivery age entre o restaurante e o aplicativo e ou site do pedido, com a padronização de cardápio, recebimento e organização de pedidos, trazendo mais agilidade e reduzindo a chance de atrasados na entrega. Sendo uma vantagem para o restaurante e o cliente”, complementa. Vitor Magnani defende que o Open Delivery colaborará para o crescimento digital, inclusive de aplicativos e marketplaces (Foto: Wanezza Soares/Divulgação) Magnani assegura que o Open Delivery não comprometerá aplicativos como IFood e outras marketplaces, pois os restaurantes ainda vão poder continuar vendendo por essas plataformas. “O objetivo do Open Delivery é auxiliar no crescimento digital do segmento de bares e restaurantes para atender seus consumidores, reduzindo prejuízos e golpes”, diz o especialista, salientando que, os testes antes da utilização são fundamentais para se ter uma avaliação e continuar a utilização da tecnologia.
Para Priscila Fecchio, uma das fundadoras da Bdoo (primeira startup de tecnologia a conectar serviços logísticos ao Open Delivery), o sistema abrirá mais possibilidades para os restaurantes, principalmente aqueles 22% de bares e restaurantes que não estão em marketplaces. “Com mais opções e fornecedores dentro do protocolo Open Delivery, os restaurantes terão mais opções e poderão trocar mais facilmente seus sistemas, assim como um plug and play, se um fornecedor estiver caro demais ou não estiver atendendo aos prazos combinados, poderá o restaurante trocar mais facilmente, tornando o processo menos custoso e com ofertas de serviços mais adequadas”, defende.
Economia
Salles garante que a integração proporcionada pelo Open Delivery permite que os estabelecimentos economizem ao fazer a gestão por um único lugar, sem que eles precisem implementar diferentes esforços de desenvolvimento para cada novo parceiro integrado. “A economia nos processos de gestão por parte dos bares e restaurantes, por sua vez, impacta diretamente nos preços dos serviços de food delivery que serão adquiridos pelos consumidores finais”, reforça.
Para integrar o Open Delivery é importante que os empresários tenham um software que esteja nos padrões do sistema, possibilitando que o pedido será recebido em um único lugar, independentemente dos canais de venda de que eles vierem. “Além disso, o cardápio estará no software de gestão do restaurante. Qualquer ajuste no cardápio será enviado para os aplicativos que estejam integrados com o software no padrão do Open Delivery”, destaca o representante da Abrasel.
Salles defende que o Open Delivery estimulará um ambiente concorrencial dinâmico ao tornar mais fácil aderir e gerenciar um novo canal de vendas. “Por isso, para manter ou melhorar os resultados em relação aos concorrentes, os fornecedores precisarão investir em melhores condições de taxas e marketing, por exemplo”, diz.
Vale lembrar que o Open Delivery é um projeto da iniciativa privada que contou com 16 empresas patrocinadoras que acreditaram no projeto, inclusive a ABO20. A primeira operação oficial só aconteceu em abril desse ano, utilizando a tecnologia padrão do Open.
Para saber mais: Acesse www.opendelivery.com.br