O que faz uma empresa ser boa para trabalhar?
Fatores como bom ambiente de trabalho, equipe azeitada e um chefe que reconhece os esforços são muito valorizados
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Da Redação
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Luciana Rebouçasluciana.reboucas@redebahia.com.brO trabalhador moderno está em busca de sua realização pessoal. Se antigamente, uma empresa boa para se trabalhar era aquela que pagava os melhores salários, hoje, o cenário é outro. Os funcionários valorizam um local de trabalho que lhe permita ter qualidade de vida, horários flexíveis, que lhe seja transparente e passe confiança, dentre tantos outros fatores. Para entender melhor os critérios que fazem uma empresa ser boa para trabalhar, o CORREIO ouviu especialistas que enumeram vários fatores valorizados pelo trabalhador moderno.Para o presidente da Great Place to Work - instituto que avalia em mais de 49 países as empresas com melhores práticas para trabalhar -, Ruy Shiozawa, o pilar central dessa relação empresa-funcionário é a confiança. "O que é diferente nessas empresas? Existe uma relação de confiança entre as pessoas. O funcionário confia no chefe; o chefe no funcionário; o funcionário confia no colega. Uma pessoa confia na outra", enumera.Shiozawa conta que existem três fatores que corroboram essa confiança. O primeiro deles é o orgulho do trabalho que elas fazem. "Os funcionários pensam que, trabalhando na empresa, contribuiem com a sociedade e fazem bem o trabalho". O segundo ponto é o trabalho em equipe. "Eu sei que sempre terei um colega que eu posso contar. Nessas empresas, nenhum colega deixa o outro na mão", acrescenta.Já o terceiro fator, e segundo Shiozawa, o critério crucial para as pessoas, é a importância da relação com o chefe. "Se a pessoa pode dizer o que pensa para o chefe, contribuindo, e o chefe realmente ouve, isso é importante para o profissional e interfere no crescimento dele", diz. RetornoQuem quiser conhecer mais a fundo essa realidade das melhores empresas, terá uma oportunidade centrada na realidade baiana. A GPTW lançará amanhã o prêmio Melhores Empresas para Trabalhar - Bahia, que selecionará empresas locais até o final de outubro desse ano. A ação é uma parceria com a Associação Brasileira de Recursos Humanos (Seccional-Bahia) e o jornal CORREIO. O evento acontece às 19h, no Hotel Matiz, no Stiep. Shiozawa analisa um dos resultados desse reconhecimento: à medida que os altos empresários melhoram o ambiente de trabalho, os empregados naturalmente acabam sendo mais produtivos e mais criativos. Através do índice Ibovespa, da Bolsa de São Paulo, foi constatado que as melhores empresas para trabalhar são também de duas a três vezes mais rentáveis do que as outras. "A empresa cuida das pessoas e isso volta em forma de resultados. Você, consequentemente, ganha melhores serviços ou maior produção".Outro fator é que, se essas pessoas estão motivadas e felizes com seu trabalho, aumenta também a retenção de talentos, um desafio das grandes empresas. "Existe a atração também. As pessoas que estão em outras empresas começam a querer vir para a melhor companhia, que é considerada excelente para trabalhar", salienta Shiozawa.O presidente da GPTW também diz que esse é um processo contínuo, porque ao longo da pesquisa, as empresas vão melhorando suas performances. "A média de avaliação das melhores empresas ao longo dos anos vai crescendo. Se pegarmos a média das melhores empresas para se trabalhar no Brasil em 2012, ela foi cinco pontos acima do que nos cinco anos anteriores", reforça.FlexibilidadePara Ana Cláudia Athaíde, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH-Bahia), o estado tem empresas com boas práticas, mas elas ainda são muito tímidas na divulgação dessas ações. "Agora, queremos mostrar essas ações de uma forma que tenha uma repercussão nacional", comenta Ana Claúdia sobre a parceria da ABRH-BA com o prêmio. Amanhã, a ABRH-BA também aproveitará a ocasião para lançar o Prêmio Ser Humano Luiz Tarquínio, que premiará as melhores práticas das empresas baianas, dos profissionais de Recursos Humanos e da área acadêmica. A premiação será no dia 19 de setembro. A pesquisa avalia ainda alguns fatores que animam os funcionários. "Eles não querem uma cartela de benefícios fixos. Para alguns, ter horários flexíveis é bom, para outros é trabalhar de casa. Hoje, não basta a empresa oferecer a assistência médica e achar que está tudo certo. Pode ser que o funcionário não queira o auxílio-transporte, mas queira um auxílio-combustível", acrescenta Ana Claúdia.A presidente da ABRH-Bahia também bate em um ponto considerando fundamental pela pesquisa da GTPW: a liderança. "Chefes temos muitos. Gerentes também. Mas muitos desses gestores não têm o verdadeiro espírito da liderança. E eles são chaves para os trabalhadores", explica. Isso porque, segundo Ana Claúdia, os chefes estão muito preocupados com as metas, mas esquecem de orientar, de fazer um eleogio, de dar um feedback. "Eles giram em torno da produtividade, sem reconhecer que é ela a mais prejudicada quando temos funcionários insatisfeitos", salienta.ComprometimentoO diretor de Educação da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), Luís Edmundo Rosa, fala com a propriedade de quem já trabalhou na rede hoteleira Accor, que já ficou em 19° lugar dentre as melhores empresas do mundo para se trabalhar. Ele lembra que o estresse é um dos principais problemas dos funcionários e é resultado da prática de uma empresa ruim para se trabalhar. "O estresse é resultado do quanto eu estou preparado para o trabalho e o quanto exigem de mim", comenta Rosa. O diretor acredita que se a pessoa faz algo que gosta, às vezes, ela até não percebe o tempo passar. "É preciso dar um sentido para o que se faz. O funcionário tem que acreditar. Ninguém vai ficar feliz em produzir coisas que não são boas para as pessoas, sobre as quais se teria vergonha de comentar com os amigos", exemplifica.Por fim, um fator importante nas boas empresas para se trabalhar é lembrar uma característica típica do brasileiro: qualquer coisa é motivo para comemorar. "As empresas têm que saber celebrar cada etapa. Essas vitórias contagiam a todos", argumenta.50 empresas participarão de premiação da GPTWAcontece amanhã o lançamento da pesquisa Melhores Empresas Para Trabalhar - Bahia, uma parceria da Great Place to Work (GPTW), com o jornal CORREIO e a Associação Brasileira de Recursos Humanos - Seccional Bahia. O objetivo é avaliar as práticas das empresas instaladas no estado e apresentar um guia ao trabalhador baiano com esses locais e suas políticas. Ruy Shiozawa, presidente da Great Place to Work, informa que o lançamento da pesquisa será hoje, mas o resultado final será apresentado no final de outubro. "Esse processo será muito importante para ajudar a divulgar as empresas baianas para o restante do país", pontua Shiozawa.Para participar, as empresas terão que entrar no site do instituto (www.greatplacetowork.com.br), fazer a inscrição e responder a dois questionários. Um deles é o Culture Audit, que deve ser respondido pela área de Recursos Humanos de cada companhia, comentando suas práticas. O Trust Index é o segundo questionário, e deve ser respondido pelos funcionários da empresa. São essas respostas deles que têm um peso de 2/3 na pontuação final de cada empresa.Após essas duas etapas, uma equipe de consultores da GPTW faz uma análise dos questionários e observa também os informativos complementares, como relatórios, publicações internas, fotos e vídeos relativos à empresa.As companhias baianas têm até o dia 5 de julho para enviarem os questionários Culture Audit. O recomendável é que elas façam a inscrição, pelo menos, um mês antes. Caso as respostas dos funcionários sejam enviadas por escrito, elas também devem ser enviadas nessa data. Se for mandá-la eletronicamente, a parte dos funcionários pode ser enviada até o dia 5 de agosto. Hoje, a nota mínima é 70, dada pelos funcionários. Só assim as empresas entram no ranking. Para a Bahia, a expectativa é que cerca de 50 empresas participem. Com planos de nos próximos dois anos, chegar a 100. Nas listas regionais, a pesquisa é feita em empresas com mais de 50 funcionários.Baiana Atento é uma das 100 melhores empresasCom sede na Bahia, e mais de 5 mil funcionários, a Atento Salvador, empresa de central de atendimento do Grupo Telefônica/Vivo, entrou para a lista nacional das 100 melhores empresas para se trabalhar na última edição do prêmio Great Place To Work. O seu destaque é que mais de 70% dos funcionários são jovens, o que faz da empresa uma porta de entrada para o mercado formal.Primeiro emprego: Atento Salvador investe nos jovens profissionaisMajo Martinez Campos, diretora Executiva de Recursos Humanos, acrescenta que a Atento oferece oportunidades de carreira como o Jovens Aprendizes e o Programa de Estágios além da Melhor Idade, para profissionais que desejam retornar ao mercado de trabalho."Acredito que um dos fatores pela procura é que somos uma companhia multinacional e oferecemos um plano de carreira estruturado além de um pacote de benefícios que incentiva o desenvolvimento profissional e pessoal de cada funcionário", informa. Ela ainda lembra que, o investimento contínuo em educação corporativa, também é valorizado pelos profissionais. "Somente em 2012, foram R$ 34 milhões. Nós contratamos o ano inteiro", salienta a diretora executiva de RH da empresa.