Desenvolvimento de games rende empregos com salários de R$ 5 mil na Bahia
Projeto abriu inscrições gratuitas para curso de formação na área; veja como participar
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Wendel de Novais
wendel.novais@redebahia.com.br
Pensar e criar games do início ao fim, trabalhando com programação, roteiro, edição de som, game design e até arte. Uma atividade que, para muitos baianos, é desconhecida, mas tem seu espaço no setor econômico da Bahia.
Seja como programador, gestor de projetos ou especialista em artes gráficas, há um mercado de desenvolvimento de games por aqui que pode render salário mensal de R$ 5 mil, como conta Leonardo Silva, diretor-sócio da Mantra, produtora soteropolitana que trabalha no mercado.
Ele afirma que as remunerações variam bastante, mas dá uma média do que é pago no nosso cenário. "Depende da área, claro. Porém, um game designer e um programador têm atualmente uma faixa salarial entre R$ 3 e R$ 5 mil, falando da formalização do nosso mercado de produtoras baianas. Só que isso depende de para qual mercado o profissional está trabalhando, já que ele pode prestar serviço aqui ou para o exterior", explica Silva, dizendo que as cifras podem ser maiores.
É justamente o que aponta Sócrates Santana, coordenador do ProgramAÊ, da Secretaria estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti). Ele diz que não há um número certificado de empresas do tipo atuando no estado, mas que as remunerações concedidas por elas podem chegar até R$ 10 mil, dependendo do profissional.
"O pessoal daqui da Bahia empreende literalmente e ainda sobrevive, em alguma medida, de editais que são abertos para que eles submetam trabalhos. [...] Dentro dessa área, na parte de software, o salário vai variar de R$ 5 a R$ 10 mil aqui, a depender de cada desenvolvedor. No mercado brasileiro, esse número sobe e varia entre R$ 11 e R$ 16 mil", afirma ele.
Área de atuação Ainda de acordo com o coordenador, a diversidade de conhecimento é importante para quem quer conseguir atuar em um mercado ainda enxuto, onde os estúdios de desenvolvimento de games não podem contar com um número extenso de profissionais.
Sócrates Santana pontua que, dentro desses ambientes, os componentes cumprem mais de uma função. "Você tem, dentro do desenvolvimento de games, várias habilidades a serem usadas como redator, programador, responsável pela arte e outras funções. Pode variar bastante e, como nos estúdios um desenvolvedor cumpre duas, três ou mais funções, é fundamental ter conhecimento em várias etapas da indústria de games", aponta.
O mercado baiano de games não é extenso. Estima-se que existam cerca de 15 empresas do setor no estado, de acordo com fontes ouvidas pelas reportagem. Danilo Dias, desenvolvedor do DNA-D Estúdio e professor do Curso de Jogos Digitais da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), afirma que, apesar do pequeno número de empresas, a atividade não é nova por aqui.
"Na realidade, tem uma galera trabalhando por aqui há um bom tempo. Eu, particularmente, trabalho desde 2009 com isso. O mercado vem se firmando, com empresas que empreendem e prestam serviços até para o setor privado internacional e também editais públicos direcionados aos games. Temos alguns exemplos de empresas que atuam e geram renda a partir disso", relata o professor.
Curso gratuito Para quem também quer ingressar no mercado e precisa se preparar, uma boa notícia: a Escola Criar Jogos, projeto que tem curso de formação em desenvolvimento de games, está com inscrições abertas até o fim de setembro na Bahia. Ao todo, são 240 vagas - 120 em Camaçari e 120 em São Gonçalo dos Campos - gratuitas nos polos presenciais da instituição.
O curso, que tem duração de cinco meses e oito módulos, é direcionado para jovens entre 12 e 29 anos do ensino público. A Criar Jogos é a primeira a abrir vagas totalmente gratuitas para formar desenvolvedores de games, já que é viabilizada pela Lei de Incentivo à Cultura.
Diretora da Burburinho Cultural, produtora que idealizou o projeto, Priscila Seixas explica que a escolha do público-alvo do curso tem como objetivo viabilizar oportunidades de trabalho para os jovens.
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"A gente tem uma linguagem e uma proposta pedagógica com foco nesse público. Estamos voltados para geração de renda e inserção desses jovens no mercado tecnológico. Apesar da situação de desemprego no Brasil, existem vagas para pessoas que possam trabalhar com tecnologia. Com 14 anos, por exemplo, é possível trabalhar como menor aprendiz. Então, temos a intenção de aproximar os estudantes de um trabalho", explica a diretora.
Lynn Alves, coordenadora da Rede de Pesquisa Comunidades Virtuais da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e de projetos de desenvolvimento de jogos digitais na área educativa, avalia como necessária a criação de espaços de educação com esse propósito. A professora aponta que esses ambientes de educação entregam profissionais para o mercado.
"Criar espaços, especialmente na Bahia, para fortalecer o ecossistema de desenvolvimento de jogos é fundamental. Nós já estamos nesse processo há mais de 15 anos e ainda temos uma indústria, de maneira geral, tímida. [...] É a partir desses espaços claramente definidos que dá para fortalecer. Para quem vem de outros cursos e tem interesse, mas não tem uma formação específica para isso, cursos e treinamentos são importantes no processo formativo", diz Lynn.
Os polos de Camaçari, no campus da Ufba e no Centro de Integração e Apoio ao Trabalhador (Ciat), e de São Gonçalo dos Campos, na Biblioteca Municipal Aníbal Pedreira e no Colégio Municipal Agripina de Lima Pedreira, são os primeiros do Nordeste. Na última sexta-feira (16), inclusive, houve a cerimônia de inauguração em São Gonçalo, que fica a 20 km da cidade de Feira de Santana.
Quem conseguir vaga no curso de desenvolvimento de games vai ter certificação de conhecimento nos seguintes módulos: alfabetização digital, cultura e jogos, roteiro e narrativa, programação, edição de som, game design, arte e interface, e seu jogo. Ao fim do curso, o estudante vai ter um protótipo do seu primeiro game concluído.
"Temos duas principais áreas: uma mais tecnológica, que envolve mais matemática, lógica e a linguagem da programação. A outra está mais em um plano de criação, com artes, roteiro, game design e interface. Então, existe um universo de possibilidades em que se pode atuar como profissional", explica Priscila Seixas, ressaltando que todas essas áreas são importantes em um ecossistema de desenvolvimento de games.
Para os que têm interesse em fazer parte desse mercado e não moram em São Gonçalo dos Campos e Camaçari para conseguir o curso presencial, há uma opção diferente para começar a aprender.
Interessados de todo o Brasil podem se inscrever na formação à distância. As inscrições podem ser realizadas no site www.criarjogos.com.br e mais informações acompanhadas no Instagram @criar.jogos. Vale ainda ressaltar que as vídeo-aulas contam com acessibilidade em Libras.