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CORREIO e Sebrae identificam 10 negócios com potencial de sucesso em Plataforma


 

Conheça as principais tendências de mercado para quem quer montar ou desenvolver um negócio no bairro do Subúrbio de Salvador

  • Priscila Natividade

Publicado em 10/10/2017 às 05:30:00
Atualizado em 17/04/2023 às 15:31:05
. Crédito: Foto: Almiro Lopes/ CORREIO

Que o bairro de Plataforma, localizado no subúrbio ferroviário de Salvador, tem todo tipo de negócio movimentando a economia local, todo mundo sabe. Também não é segredo que do Parque São Bartolomeu até o Luso dá para encontrar de lavadeira que engoma roupa até salão de beleza especializado em corte de cabelo que é tendência moda. 

Por isso, junto com o Radar de Oportunidades do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o CORREIO conseguiu identificar, 10  negócios com maior potencial de crescimento em Plataforma, bairro que recebe hoje mais uma edição do CORREIO Encontros Empreendedorismo. 

A ferramenta utiliza dados informados pelos empreendimentos a Receita Federal e se atualiza a todo instante. No site www.radarsebrae.com.br dá para identificar o que é tendência e a partir desta análise, avaliar o investimento, custo mensal, hábitos de consumo do bairro e concorrência. 

Ao todo, o radar identificou 85 oportunidades de negócio com capacidade de sucesso, como pontua a gestora estadual do Radar, Marta Souza. “Muitos negócios tem dado certo no bairro por oferecer serviços e produtos diferenciados a preços mais competitivos”destaca. Confira a seguir onde estão as melhores chances de empreender:

1. Loja de Conveniência O radar não identificou nenhum empreendimento do tipo na região, o que é uma boa notícia para quem quer inovar e abrir uma loja de conveniência em Plataforma. No entanto, para chegar na frente, o técnico do Sebrae, Fabrício Barreto recomenda que o empresário analise os hábitos de consumo do bairro.“É uma loja onde o consumidor vai poder encontrar vários tipos de produto, mas que não necessita de um estoque muito grande. Esse modelo vem crescendo bastante e surge como tendência”.Outra dica importante é agregar algum outro de serviço ao empreendimento, como acontece, por exemplo, nas lojas de conveniência montadas em postos de combustível. “Vale planejar uma loja que possa ter um mix de produtos de variedade razoável onde se possa também agregar outro serviço capaz de gerar fluxo.

As lojas de conveniência têm como característica encontra de um tudo em um mesmo lugar, de maneira rápida e prática”, destaca Barreto. Mais uma vez, vai ser preciso conhecer o público: “Mesmo que não haja ainda uma concorrência no mesmo segmento, analise todos os fatores que vão contribuir para a viabilidade do negócio. É preciso despertar o interesse do consumidor, agregar valor com isso e não se acomodar no que é tradicional”, completa.

2. Cursos preparatórios Há espaço em Plataforma também para ofertar cursos preparatórios, sobretudo, para concursos, Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e supletivo. No bairro não tem nenhuma empresa instalada com esta proposta até o momento. Segundo o especialista em Empreendedorismo e Mercados, José Nilo Meira, a primeira coisa a se fazer é buscar um espaço adequado para este tipo de atividade.“É necessário uma imóvel com uma sala de aula grande, confortável. O empreendedor precisa levar em conta ainda a facilidade de acesso, transporte, com boa visibilidade de fachada e estacionamento, se possível. Isso são pontos fundamentais”.Outro diferencial está na hora de definir o preço. “Por se tratar de um bairro popular, sem dúvida, o preço deve ser compatível com a faixa de renda da população que reside naquela região. Não dá para cobrar um preço alto. O empresário vai ganhar na escala, por isso invista em um bom espaço físico e em uma equipe de professores de qualidade”, recomenta Meira, que dá mais uma dica: “As redes sociais ainda são os meios com melhor custo benefício para impulsionar a venda do serviço. Aposte nisso. Panfletagem, busdoor e mídias comunitárias - como serviço de som e rádios - são mais alternativas para captar alunos”, acrescenta.

3. Hortifrutigranjeiros Carlos Leandro trabalha como feirante no bairro: "O cliente se torna amigo da loja. A gente tem que tratar bem", afirma  (Foto: Almiro Lopes/ CORREIO) Não é muito difícil descer em um ponto de ônibus em Plataforma e ver por ali diversas banquinhas como todo tipo e variedade de frutas e hortaliças. Segundo o feirante Carlos Leandro, de 33 anos, o que sai “que nem água mesmo” é banana. “A gente vende aqui mais de 360 pencas por semana. É brincadeira? Todo mundo gosta de banana”, garante. Carlos trabalha como ambulante desde cedo e sabe muito bem qual o segredo para deixar a banca irresistível.“Desde pequeno só faço isso. Vim de família pobre e carente e aprendi com meu pai e minha mãe. Tem que escolher a posição certa da fruta, arrumar direitinho e deixar tudo bem limpo. A banca precisa ficar colorida para chamar atenção”.O dia a dia ensinou ainda como se conquista o freguês e ganhar a disputa com a concorrência - que é grande. Só naquele ponto de ônibus no Luso, em frente ao Supermercado Bompreço, o CORREIO contou oito bancas. “O cliente se torna amigo da loja. A gente trata bem, dá ‘quebra’, baixa o preço, conversa, brinca um pouco. Tudo isso conta. O que não pode é perder o freguês, aí tem que soltar um pouco a mão pra ele levar o produto. A luta é essa”.

4. Salões de beleza  O cabeleiro Marcos Nascimento  acompanha sempre todas as tendências de moda para oferecer aos clientes (Foto: Almiro Lopes/ CORREIO) Agregar tudo em um espaço só foi a ideia do cabelereiro Marcos Nascimento, de 34 anos, quando decidiu incrementar os serviços do Studio de Beleza Marcos Cabelereiro.“Primeiro, o fundamental era corte masculino, mas aí eu decidi atender também ao público feminino. O diferencial ainda é o atendimento.Dedicação e disciplina é o que está segurando o negócio nesta crise”, afirma o pequeno empresário que atua no ramo há 19 anos. Para ele, outra coisa importante é se manter atenado com tudo de novo que surge no mundo da moda. “O perfil de corte masculino hoje é o navalhado.

O design de barba também voltou com tudo. No caso da mulher, o que a gente tem feito muito é reconstrução de fibra, luzes e muita maquiagem. Estamos sempre pensando em coisas novas e é por isso que o negócio tem sobrevivido por tanto tempo”. Outra estratégia é a promoção de eventos, além de sorteios e distribuição de brindes. “Tem que presentear o cliente para fidelizar. Agora em outubro vamos promover um coffee-break só com as nossas clientes femininas. Atendimento é tudo e ele tem que ser especial e diferenciado para que o cliente possa voltar sempre”.

5. Cursos diversos João Cunha dá aulas de manutenção e operação de microcomputadores na Intelectus Informática Foto: Almiro Lopes/ CORREIO Já são 18 anos que o professor e contador João Cunha, de 48 anos, mantêm em atividade a Intelectus Informática. A proposta da escola é dar aulas de manutenção e operação de computadores.“O meu curso ainda é aquele em que é só você e máquina. A maioria das pessoas que moram no bairro e trabalham com informática foram meus alunos”, afirma.Na época da efervescência dos cursos de informática, João chegou a ter turmas com duas pessoas por micro. Atualmente, para aumentar o número de alunos ele estuda a implementação de outros cursos como o Autocad. “A gente adequa o curso ao tempo de aprendizagem de cada aluno e eu procuro sempre oferecer um preço que todo mundo tem condições de pagar. Quem trabalha em bairro do subúrbio tem que ter muito cuidado com o valor que vai cobrar”, assegura.

Com cerca de 80 alunos matriculados, outra coisa que funciona em negócio de bairro, de acordo com João é o bom e velho boca a boca. “É a melhor propaganda. Os próprios alunos indicam a escola. Vi vários cursos abrirem e fecharem. Não é fácil. Mas a maior recompensa é o reconhecimento do trabalho que a gente faz aqui”.

6. Lava a jato O empresário José Leopoldo está investindo no aumento da rampa para começar a lavar caminhões também (Foto: Almiro Lopes) Quando estava prestes a se aposentar, o empresário José Leopoldo dos Anjos, de 67 anos, viajou para São Paulo e o que realmente chamou a atenção não foi o tamanho do Parque do Ibirapuera, mas sim a quantidade de gente que lavava carro na margem do Rio Tietê.“Quando cheguei aqui, não deu outra. Abri um lava a jato. São 24 anos já e a ideia tem dado certo até hoje”, conta.Proprietário do lava jato Olho D’Água, o negócio de Leopoldo ainda conta com uma vantagem competitiva que garante um lucro maior: “tenho um poço artesiano aqui e água à vontade. Ou seja, a principal matéria-prima vem direto da nascente. Fora isso, os outros produtos para lavar os carros tem um baixo custo de investimento”.

Com planos de incrementar o negócio, Leopoldo está ampliando a rampa para lavar também caminhões. Até o ano que vem ele deve instalar um parquinho infantil. “Tem muito cliente que vem com criança e construir este local para brincar passa a ser mais uma comodidade. Aí coloco um sorvete para vender também e tá tudo certo. Com a ampliação da rampa dá para melhorar também o retorno financeiro”, destaca o empreendedor.

7. Lavanderias A lavadeira Rosa Maria Souza planeja montar uma mine-lavandeirinha para poder atender mais clientes (Foto: Almiro Lopes) O Radar do Sebrae mostrou ainda que a área de lavanderia é mais um negócio com grande potencial para dar certo no bairro. Montar uma mine-lavanderia, aliás, é o sonho da lavadeira Rosa Maria Souza, de 62 anos.“Até carta para Silvio Santos eu já mandei pedindo dinheiro para montar minha lavanderia aqui em casa. Sempre gostei de lavar roupa. Muita gente me deu ideia de lanchonete, mas não quis. O meu sonho mesmo é minha lavanderia. Deixar a roupa limpa, cheirosa, engomar, tirar manchas e passar tudo direitinho”, afirma.Lavar roupa pra fora se tornou a principal fonte de renda de Rosa desde quando ficou viúva há mais de 20 anos. “O marido não deixou nada e aí tive que botar para quebrar e lavar roupa pra fora mesmo e aí fui juntando clientes. Coloquei uma plaquinha na porta de casa e isso se tornou o meu sustento”. A lavadeira conta, no entanto, que ainda tem dificuldade de definir o preço do serviço. “Não sei quanto devo cobrar realmente por peça ou como definir esse valor. O que eu cobro decido sem fazer conta nenhuma, vai na intuição. Mas tenho muita dificuldade porque  também não quero cobrar caro e acabar perdendo o cliente”.

8. Espaço de festas e eventos Há menos de 1 ano, o imóvel que antes era alugado pelo empresário Jaime Amaral se trasnformou em casa de eventos (Foto: Almiro Lopes) Antes de abrir o espaço de eventos, o empresário Jaime Amaral, alugava o imóvel para uma escola. O mesmo lugar também tinha sido templo de uma igreja evangélica.“Eu gastava muito para fazer as reformas e alugar o imóvel de novo depois. Quando devolviam precisava consertar muita coisa e por isso no final do ano passado decidi montar meu negócio e alugar o espaço para eventos”, pontua.A decisão, segundo ele, garantiu um ganho 150% maior. “Como o imóvel fica no subúrbio o valor de aluguel daqui é barato. Vi que o pessoal do bairro precisava de um espaço desses, porque ninguém queria mais fazer festa dentro de casa. Também faltava um lugar para shows”.

Ao observar a oportunidade, mesmo sem nenhuma experiência em eventos, Jaime começou a buscar estes clientes. “Realizamos festas de casamento, formaturas, aniversários e ainda trazemos bandas e djs para tocarem no espaço. Estamos engatinhando, mas, com certeza,  a resposta tem sido bem melhor que o aluguel”. A dificuldade está na burocracia. “É bem demorado para conseguir tirar o alvará de licença por conta disso”, diz. 

9. Atividades culturais Para Cilene Santana, os profissionais do bairro que trabalham com arte podem apostar na oferta de serviços e produtos que atendam as demandas do teatro (Foto: Almiro Lopes/ CORREIO)  É em Plataforma que está instalado o único teatro localizado no subúrbio. O que para a assistente de coordenação do Centro Cultural de Plataforma, Cilene Santana, é uma oportunidade para quem pensa em ofertar serviços na área de produção de cenário, figurino, sonorização e iluminação.“São serviços que os moradores da comunidade poderiam apostar por conta da demanda que a gente tem aqui no teatro, que muitas vezes, tem que ser atendida por pessoas de fora”.Administrado pela Secretaria de Cultura do Governo do Estado, após 10 anos de reinaugurado, o centro tem atividades quase todos os dias. “É sempre casa cheia”, pontua Cilene que começou no teatro como bilheteira até chegar à coordenação. Para ela, quem quer trabalhar com arte em Plataforma precisa entender a linguagem da comunidade.

“O jeito de falar, de acolher tudo isso ajuda bastante”. O centro, inclusive, oferece oficinas gratuitas na área de teatro, dança e até modelo de passarela. “Qualquer um pode ser inscrever. É só vir ao teatro. A gente sabe que a demanda existe, mas ainda é preciso uma boa formação. Os jovens são os que mais procuram nossas oficinas”, destaca.

10. Comércio de bebidas O comerciante José Antônio Carvalho afirma que a maior dificuldade é ter capital de giro (Foto: Almiro Lopes) A crise não conseguiu abater o “peão” que não abre mão da cervejinha gelada do final de semana. Pelo menos esta é a justificativa do dono do Depósito de Bebidas e Bomboniere Minha Fé, José Antônio Carvalho, para conseguir segurar as vendas.“Mesmo a gente sabendo que o consumo caiu, Tem peão que ainda é ousado e compra sua caixa de cerveja e seu carvão e leva para casa no final de semana. Mas isso só os resistentes. Fazem vaquinnha, ‘intera’, mas compram. São eles que acabam sustentando o negócio”, afirma.Ainda de acordo com ele, o movimento é “igual ao ritmo da maré: “inicio do mês a gente vende umas 100 caixas no final de semana, o mês vai correndo e a maré também vai baixando no volume de vendas. Mas ninguém deixa de levar. Pode comprar menos, mas alguma coisa leva”, garante.

Neste momento de dinheiro regrado, a maior dificuldade para o negócio é conseguir capital de giro. “Precisamos adquirir mercadoria e aí o esforço é dobrado. Tem que procurar preço justo junto ao fornecedor, correr mercado e atacado para manter os  preços e fazer uma gracinha para os ‘resistentes’ com promoções. A peça chave é tratar ele bem”.