Versátil, Fiat Strada ganha motor turbo mas continua com pouco espaço na cabine

No mercado brasileiro, os veículos são divididos em duas grandes categorias: automóveis e comerciais leves. A primeira inclui, entre outros, hatches, SUVs e sedãs, a segunda contempla as picapes, as vans e os furgões.

A luta pela liderança entre os automóveis está acirrada entre o Volkswagen Polo e o Chevrolet Onix, que até ontem contavam respectivamente com 76.787 e 76.195 emplacamentos neste ano. Entre os comerciais leves, a Strada reina absoluta com 93.008 unidades licenciadas. Como comparação, sua rival direta, a Volkswagen Saveiro, teve 36.195 licenciamentos entre janeiro e 19 de outubro.

Porém, a concorrência quer a atenção de quem procura a versatilidade dos veículos com caçamba. A Volkswagen atualizou a Saveiro no mês passado e a Chevrolet lançou uma nova geração da Montana em março. Mas a Fiat não quer perder espaço e também promoveu ajustes na Strada, que adotou o motor turbo que já era aplicado no Pulse e no Fastback.

Para completar, o utilitário produzido em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, também agregou uma nova configuração ao portfólio, a Ultra. Foi essa versão que avaliei em Salvador nos últimos dias. Equipada com o novo propulsor, essa versão da Strada é a mais cara da linha, juntamente com a opção Ranch. Essas versões da picape custam R$ 132.990, ou seja, 30% a mais que a opção de entrada, que tem cabine simples e é ofertada por R$ 100.990.

A Strada Ultra tem cabine dupla e seu motor 1 litro turbinado entrega 125 cv de potência com gasolina e 130 cv com etanol, sempre a 5.750 rpm. O torque é o mesmo com qualquer combustível: 20,4 kgfm a 1.750 rpm. Com três cilindros, esse motor tem baixa vibração e é econômico. Com etanol, foi possível fazer 10,5 km/l em trânsito urbano e 12 km/l em rodovias.

Associado a uma transmissão automática do tipo CVT, que simula sete velocidades quando operado em modo manual, o propulsor empurra bem a picape que tem 1.251 kg de peso e pode transportar até 650 kg.

Pontos positivos e negativos

A Strada foi lançada em outubro de 1998 e nesses 25 anos trouxe algumas inovações para o segmento, como cabine estendida, em 1999, e dupla 10 anos depois. Em 2020, passou por uma grande transformação, mas ainda pode melhorar em alguns aspectos.

A posição de dirigir é elevada, o que proporciona uma boa visão no trânsito. Porém, a coluna de direção só tem ajuste de altura, deixando de fora regulagem de profundidade. O quadro de instrumentos poderia ser melhor, inspirado no Pulse e não no Mobi, como acontece.

Apesar da cabine dupla, o espaço traseiro é limitado, ideal para crianças, e a iluminação interna é fraca, pois a forração é escura e há apenas uma lanterna na parte frontal. Para balancear, existem boas soluções, como a tampa da caçamba que tem uma mola que alivia bastante o peso.

Os custos da picape

A Strada tem garantia total de três anos e, para manter essa cobertura, a Fiat indica revisões a cada 12 meses ou 10 mil quilômetros - prevalecendo o que ocorrer primeiro. O custo médio de cada uma delas é de R$ 807,33. Como comparação, a Chevrolet cobra, na mesma média, R$ 809,33 pela manutenção programada da Montana, a Renault cobra R$ 908 na Oroch e a Volkswagen, R$ 820,14 na Saveiro - a única das citadas apenas com motor aspirado.

Para frotistas e produtores rurais os fabricantes normalmente oferecem descontos. No caso da Strada, a Fiat divide esse abono por versão: Endurance e Freedom, ambas com cabine simples, 15%; Freedom cabine dupla, 13%; Volcano e Ultra, 5%, e Ranch, 6%.

Além dessa picape, a Fiat comercializa a Toro e está programando para os próximos meses o lançamento de um modelo maior, a Titano. O veículo irá concorrer com modelo como a Toyota Hilux, líder desse segmento, e será montada no Uruguai. A Titano é oriunda de uma parceria da empresa com a chinesa Changan, que produz a Kaicene F70.