Crias da divisão de base, Matheus Peixoto e Dedé buscam chance no profissional do Bahia
Atacante e zagueiro vivem expectativa de ganhar primeira oportunidade no time de cima com o técnico Doriva
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Daniela Leone
daniela.leone@redebahia.com.br
Ninguém chama ele por Jhoseph. E nem vai chamar. O zagueiro promovido ao profissional neste ano será apresentado à torcida tricolor com outro nome. “Diz minha mãe que Dedé foi a primeira palavra que eu falei. E todo mundo só me chama de Dedé, até ela”, conta o atleta, 20 anos. Dona Andréa deu um jeitinho de chamar o filho como queria. Afinal, a crendice popular já tinha mais ou menos escolhido o nome por ela. “Falam que quando a pessoa nasce laçada, com o cordão umbilical no pescoço, tem que colocar o nome José. Em inglês, José é Jhosef. Minha mãe achou mais bonito e colocou assim”, explica Dedé, cujo nome difere da grafia inglesa Joseph.O atacante Matheus Peixoto também tem 20 anos, nome bíblico e o sonho de estrear com a camisa profissional do Bahia. Os dois são os únicos atletas da base promovidos ao elenco principal neste início de temporada. “Eu sou centroavante, brigo lá na frente e sou muito bom na bola aérea, protejo bem, finalizo bem com a direita e a esquerda e faço muito gol de cabeça”, apresenta-se Matheus.“Não gosto de perder, sou veloz, bom por cima e tenho bom passe, longo e curto”, se descreve Dedé. Em janeiro de 2015, subiram dez atletas da base: Guido, Jean, Gamboa, Carlos, Patric, Vitor, Yuri, Gustavo Blanco, Jeferson Silva e Mateus. Destes, apenas Jean, Yuri e Gustavo Blanco estão no elenco treinado pelo técnico Doriva.Matheus Peixoto e Dedé foram os únicos atletas promovidos para o time profissional em 2016(Foto: Mauro Akin Nassor/Correio)Guido, Gamboa, Carlos, Vitor e Mateus tiveram o contrato encerrado e não renovado. Patric foi emprestado ao Atlético-GO. Jeferson Silva se recupera de cirurgia no joelho e a tendência é que também passe um período em outro clube.Apesar de terem subido juntos, Dedé e Matheus têm trajetórias e situações bem diferentes no Bahia. Nascido em Cabo Frio, no Rio de Janeiro, passou por Cabofriense, Cruzeiro e depois Audax, clube ao qual é vinculado. Emprestado, chegou ao Fazendão em junho do ano passado e tem contrato só até 1º de fevereiro. “Tô doidinho pra ficar. O Bahia é um time fantástico e dá oportunidade pra base”, diz Matheus, autor de um gol no jogo-treino contra o time sub-20, sábado. A opinião de Doriva será crucial para definir sobre a renovação de contrato. Matheus só tem mais duas semanas para mostrar serviço.Com moral Dedé é sergipano e está no Fazendão há cinco anos. Chegou aos 15 levado para fazer teste por um vizinho que conhecia Newton Mota, ex-coordenador da base tricolor. Tem contrato até dezembro, com possibilidade de renovação por mais um ano. Nos treinos, vem se destacando e chamando a atenção da comissão técnica. “Doriva vem conversando comigo sobre posicionamento”, conta o zagueiro, que até o ano passado jogava como volante.“Me adaptei pela velocidade e altura. Estou gostando”, diz Dedé. Ele mudou de posição a pedido do técnico do sub-20, Aroldo Moreira, a quem tem muito respeito. “Foi com ele que eu tirei as molecagens e virei homem de verdade. Aroldo sempre conversou comigo, me colocou como capitão e eu não podia decepcionar ele, então fui amadurecendo”.Dedé diz não ter ídolos. Prefere valorizar quem está ao seu lado. A referência é o também zagueiro Robson, com quem morou até dezembro em um apartamento próximo ao Fazendão, no Jardim das Margaridas. Agora noivo, decidiu viver com a futura esposa Ana Paula.“Tenho Robson como exemplo. Ele foi fundamental pra minha permanência nessa posição de zagueiro. Sempre conversou comigo e me mostrou os atalhos. Às vezes, o jogador sobe da base e se deslumbra. Difícil é se manter”. Este é o desafio da dupla.