Cidades Inteligentes: a hora do Plano Diretor Digital
A tecnologia é ferramenta fundamental para ajudar na promoção do desenvolvimento dos municípios
A tecnologia aplicada ao serviço público gera um conjunto de oportunidades aos gestores para melhorarem o serviço prestado e à infraestrutura da população nas cidades. A possibilidade de digitalizar processos, serviços, informações e prover ferramentas que elevem a produtividade dos servidores públicos, além de garantir indicadores acurados e confiáveis sobre a vida nas cidades, subsidiando a tomada de decisão, é o pano de fundo do que é convencionada a Cidade Inteligente.
Em todo o mundo, o conceito de Smart City pode, a princípio, parecer muito abrangente, dando margem a múltiplas interpretações e, porventura, investimentos errados, que não se traduzam em melhoria na vida urbana. O Brasil já adaptou a norma ISO a sua realidade com as normas ABNT NBR ISO 37120, 37122 e 37123, permitindo por meio de indicadores padronizados e consistentes que as lideranças governamentais possam perseguir e garantir qualidade de vida e de programas de estado. Dois municípios do país atendem plenamente aos requisitos descritos nas normas – Campinas e São José dos Campos, no interior de São Paulo.
Em paralelo à normatização, as regras da ABNT atuam como princípios norteadores que podem auxiliar os municípios na busca pelo conceito smart. Vejo que ainda há uma distância entre os grandes e os pequenos municípios. Enquanto as grandes cidades precisam monitorar, atender e prestar serviços em grande volume sem perder qualidade dessa prestação, as menores precisam iniciar uma jornada de automação de atendimento e serviços ao cidadão com o melhor tempo de resposta e qualidade. Todavia, para ambas, é necessário considerar que investimentos em automação de atendimento e resposta a emergências ou saúde, educação, segurança e mesmo serviços relativos às infraestruturas das concessionárias mais críticas (energia, água, esgoto, gás e transporte), garantem ganhos diretos para a população.
Ao pensar no futuro de uma cidade, é comum que os prefeitos e vereadores discutam o Plano Diretor de Urbanismo. Os municípios (e mesmo estados) precisam de um instrumento similar, uma espécie de Plano Diretor de Cidade Inteligente, que vai servir de guia para cumprir três propósitos fundamentais: 1) guiar a digitalização de serviços ao cidadão; 2) guiar a digitalização institucional, incluindo as diversas secretarias e autarquias municipais e, finalmente; 3) permitir a coordenação e cooperação em cenários complexos de resposta a emergências e crises.
A população espera do poder público serviços de qualidade, segurança, saúde e educação. É um retorno justo aguardado pelo cidadão, que depositou seus esforços, impostos e votos na esperança de cidades melhores. Neste sentido, a tecnologia é ferramenta fundamental para ajudar na promoção do desenvolvimento dos municípios. Assim como as cidades se planejam para garantir o crescimento no plano físico, também precisam preparar seu futuro digital.
Gustavo Jota é gerente de Marketing da Dígitro Tecnologia.