Bahia alfabetiza pouco mais de um terço das crianças no período correto
Dados do Inep indicam que estado ainda não superou índices negativos da pandemia
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Donaldson Gomes
donaldson.gomes@redebahia.com.br
Depois de quatro anos, o Brasil conseguiu superar o impacto da pandemia nos índices de alfabetização de crianças, de acordo com a Pesquisa Alfabetiza Brasil, realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A Bahia, ainda não. O estado segue como o penúltimo pior na capacidade de alfabetizar as crianças no final do 2º ano do ensino fundamental. No ano passado, apenas 37% dos alunos da rede pública estadual sabiam ler e escrever adequadamente.
Mesmo antes da pandemia, menos da metade dos estudantes de escolas públicas baianas encerravam o 2º ano do ensino fundamental lendo e escrevendo adequadamente. De acordo com a pesquisa do Inep, apenas 41% atigiram o objetivo. Em 2021, o desempenho caiu para 24% do total, o que indicava que a cada quatro alunos, três não conseguiam superar o analfabetismo.
Segundo a pesquisa, 85% dos estudantes baianos estudam em unidades da rede pública de ensino.
Para atender ao Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, a Bahia vai precisar sair dos atuais 37% para 43% agora em 2024, chegando a 50% em 2025. A meta é alcançar 80% de sucesso até 2030.
Nacionalmente, a Pesquisa indicou que 56% das crianças foram alfabetizadas no período correto. Em 2019, este índice era de 55% e caiu para 36% durante a pandemia.
“Em 2019, o percentual de estudantes alfabetizados na rede pública do país era de 55%, percentual que, com a pandemia, caiu para 36% em 2021. Em 2023, retomamos ao patamar anterior, subindo para 56%”, disse o ministro da Educação, Camilo Santana, ao abrir a reunião com os governadores no Palácio do Planalto, durante a apresentação de resultados do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada.
O resultado, segundo ele, mostra que o país avançou no sentido de amenizar os efeitos negativos da pandemia para a alfabetização de estudantes ao fim do 2° ano do ensino fundamental e, com isso, favorecer a recomposição de aprendizagens, com ênfase na alfabetização de todas as crianças matriculadas no 3°, 4° e 5° anos afetadas pela pandemia.
O compromisso foi lançado no início do ano passado e já teve a adesão de 100% dos estados e de 99,8% dos municípios. “Falta ainda um município do Mato Grosso, sete municípios de São Paulo e um de Santa Catarina. Mas o resultado mostra o desejo de prefeitos e governadores de construir essa política nacional, independentemente de questões partidárias, políticas ou ideológicas”, destacou Santana ao ressaltar que o protagonismo do programa pertence a estados e municípios.
De acordo com o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada objetiva garantir o direito à alfabetização de todas as crianças do país. Em regime de colaboração entre União, estados, Distrito Federal e municípios, seu foco está em assegurar que todos os estudantes brasileiros estejam alfabetizados ao final do 2° ano do ensino fundamental, além de recompor as aprendizagens, com ênfase na alfabetização de todas as crianças matriculadas no 3°, 4° e 5° ano afetadas pela pandemia.
A Pesquisa Alfabetiza Brasil foi realizada pelo Inep para determinar o ponto de corte que indica a alfabetização de uma criança ao final do 2º ano do ensino fundamental. O padrão nacional de desempenho da criança alfabetizada foi estabelecido em 743 pontos na escala do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). A partir dessa definição, foi possível a proposição de metas anuais para os entes federados, considerando os percentuais de estudantes que apresentaram desempenho igual ou superior ao do ponto de corte, até que atinjam a totalidade das crianças alfabetizadas em 2030.
A definição da criança alfabetizada e o estabelecimento das metas são fundamentais para o monitoramento do Compromisso, assim como a implementação dos sistemas estaduais, em articulação com o Inep, no processo de avaliação da qualidade da alfabetização. Essa iniciativa permite a divulgação, em 2024, dos primeiros resultados estaduais, alinhados nacionalmente, que indicam o percentual de estudantes alfabetizados.