Mayra Andrade mistura sons, sotaques e culturas
Artista cabo-verdiana nascida em Cuba chega a Salvador com turnê inédita; assinantes Clube CORREIO podem conferir o show com desconto
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Da Redação
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Nascida em Cuba, criada entre Senegal, Angola, Alemanha e Cabo Verde; e com experiências na França, Alemanha e Portugal. Por si só, Mayra Andrade é um caldeirão cultural e tem facilidade em absorver diferentes modos de vida. Tem permeabilidade cultural, como ela mesma gosta de dizer. E no meio desse passaporte tão carimbado, a Bahia faz morada especial: lhe trouxe amigos, referências, curiosidades e por isso é um dos lugares que vai receber sua nova turnê, quinta-feira (22), às 19h, na Concha Acústica do TCA.
O show, inédito no Brasil, vai apresentar as canções de seu último disco Manga, lançado em 2019, além de outros sucessos que marcam a carreira da artista. Nas composições de Manga, Mayra mescla suas raízes com as batidas do afrobeat, cantando quatro músicas em português e nove em Crioulo cabo-verdiano.
A artista chega à capital baiana após estrear no Rock in Rio, onde participou do show de Criolo no palco Sunset. Ela fez um feat com o brasileiro na música Ogum Ogum, estreitando laços . Em outros momentos, também já gravou com artistas como BK, Mart'Nália, Virgínia Rodrigues e Dominguinhos.
“Viver em vários países criou em mim uma permeabilidade muito grande a outras culturas, sonoridades e idiomas. Falo cinco idiomas: português, criolo cabo-verdiano, espanhol, francês e inglês. Já gravei em todos esses idiomas”, elenca a poliglota musicista. Uma das vozes mais celebradas de sua geração, Mayra rodou tanto o mundo por ter um diplomata na família: o padrasto foi embaixador do seu país natal em todas essas nações.
Conexões baianas
Mayra montou uma nova banda para a turnê - que depois de Salvador vai para o Festival Mada, no Rio Grande do Norte. No repertório entram sucessos como Afeto e Manga, cantadas em português; Tan Kalakatan, também gravada no último álbum, sendo um dos vídeos mais vistos na plataforma alemã Colors; Tunuca, de seu primeiro álbum Navega; e as inéditas em shows Bom Bom, do produtor português Batida; e Love Language, gravado com o produtor ganês Juls (2021).
Mayra também fala bem uma outra linguagem: a da música baiana, que é uma das referências para o seu trabalho. Este será seu primeiro show autoral em Salvador, mas ela já cantou aqui em outras duas oportunidades, ambas ao lado de Márcia Castro - uma delas, no trio elétrico.
Segundo Mayra, Salvador tem muitas semelhanças com Cabo Verde. A cantora também tem laços próximos e gravou com Tiganá Santana, com quem já gravou.
“São encontros que ficam, amizades que ficam, permanecem porque são pessoas muito especiais e queridas por mim. Também posso incluir Mariene de Castro, com quem ainda não tive oportunidade de cantar, mas que vai acontecer neste show. Conheço o trabalho, a música dela, há muitos anos. Ela traz uma ancestralidade e força na voz dela que são muito grandes”, pontua.
Também de olho na nova geração, ela diz que vai olhar com carinho o show de abertura, que fica por conta da jovem Melly. “Ela é nova, não conhecia. Vou ter o prazer de descobri-la no palco e foi uma proposta do festival. Ela faz um trabalho interessante, uma voz muito bonita. Tem muito talento pra dar e estarei acompanhando”, diz.
Mesmo depois de tantos intercâmbios na vida, Mayra ainda quer conhecer mais lugares - como a própria Bahia, onde quer desbravar o interior e ter novas experiências, se aproximando de nartistas que são referências para sua vida e trabalho.
“A dança, o movimento dos corpos, a comida baiana, o sincretismo religioso, que acho uma forma belíssima no Brasil de uma forma geral, mas na Bahia com essa vertente africana que se manifesta muito através da música. Quero muito conhecer mais a Bahia. Conheço mais Salvador, mas quero conhecer o Recôncavo. Um outro amigo que admiro muitíssimo e é um sacerdote na música, o senhor Mateus Aleluia, com quem quero partilhar algum momento em Cachoeira. É uma terra de maravilhas que eu ainda quero descobrir”, conta.
Mayra é uma defensora da aproximação Brasil-África. Enquanto nação, diz, o país tem muito a ganhar com tudo isso, entendendo mais sobre a própria história, criando pontes para o futuro e abrindo a oportunidade de se enriquecer ainda mais. A própria Mayra é um atestado do quanto essas idas, vindas, viagens, intercâmbios e culturas podem fazer florescer preciosidades. Se você duvida, basta escutar um de seus discos.
FICHA
Show: Manga
Artista: Mayra Andrade
Onde: Concha Acústica do Teatro Castro Alves
Quando: Amanhã, às 19h
Ingressos: R$ 120 | R$ 60 (arquibancada) e R$ 200 |R$ 100 (camarote), à venda no Sympla e na bilheteria. Assinantes Clube CORREIO têm 40% de desconto.