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Salvador terá programa para rastrear casos suspeitos de covid-19


 

Pacientes com casos leves da doença terão monitoramento remoto

  • Da Redação

Publicado em 17/06/2020 às 13:13:00
Atualizado em 21/04/2023 às 07:19:06
. Crédito: Divulgação

A prefeitura anunciou, nesta quarta-feira (17), um programa que vai rastrear o caminho do contágio depois que uma pessoa tiver diagnóstico confirmado para a covid-19. A ideia é que, atendendo cedo as pessoas com o vírus, pode-se evitar a necessidade de que esse paciente ocupe um leito de hospital. Além disso, também ajuda a bloquear a transmissão, identificando outras pessoas que tiveram contato com o paciente.

"O Salvador Protege vai permitir que a gente identifique todos os contatos que aquele paciente teve ao longo dos últimos dias. A gente vai fazer um corte até os dois dias anteriores aos primeiros sintomas. Aí o paciente vai nos passar com quem ele teve o contato, o nome, o telefone e a prefeitura vai procurar aquelas pessoas para verificar se elas estão ou não com os sintomas. Isso vai garantir o rastreamento, o isolamento, a identificação de novos casos e, principalmente, reduzir a taxa de transmissão e contágio do novo coronavírus”, explicou ACM Neto em coletiva de imprensa virtual.

O paciente que procurar Unidade Básica de Saúde (UBS) com sintomas da covid-19 terá atendimento em área isolada, seguindo protocolo. A partir daí, caso ela não tenha sinais de gravidade, seguirá para isolamento social em casa e será monitorada por telemedicina, ou seja, à distância. Os profissionais entrarão em contato a cada 48h até uma alta segura ou, em caso de piora, encaminhamento para uma UPA. 

Nesse processo, os profissionais vão tentar descobrir com quem o paciente teve contato nos últimas dois dias antes de começar a ter sintomas para também localizar essas pessoas para uma avaliação. A gestão defende que isto vai ajudar a conter a disseminação do coronavírus.

Para o Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb), se o programa for implementado como está proposto, pode sim trazer benefícios no combate ao novo vírus, e inclusive acredita que a medida está sendo adotada de forma tardia. Segundo o conselho, se feito antes do avanço da pandemia, poderia haver "um planejamento melhor elaborado, com mais transparência, e processo licitatório amplamente divulgado", enfatizou. 

O Cremeb acrescentou que, para a eficiência do programa, é preciso que a prefeitura garanta, de fato, áreas isoladas em Unidades Básicas de Saúde (UBS) e que os acompanhamentos dos casos suspeitos sejam realizados. Presidente da Associação Bahiana de Medicina (ABM), Robson Moura, destacou que a iniciativa é válida e deverá constribuir para o controle de casos, mas também defendeu que teria mais efetividade se tivesse sido adotada desde o começo.

"Ainda assim, é um programa que, mesmo tardio, ainda tem a possibilidade de ajudar. Isso foi feito em boa parte dos países desenvolvidos, tirando a pessoa infectada de um grupo, isolamento, testando e reduzindo o risco de se disseminar. A gente sabe que as condições de moradia em Salvador às vezes inclui oito pessoas que vivem num espaço pequeno, então as chances de todos se infectarem é grande. É importante mapear as famílias e contatos, a gente parabeniza a secretaria", completou o médico. 

Após o fim da pandemia, o programa batizado de Salvador Protege vai continuar valendo para casos de rotina das UBS, incluindo as que têm atendimento materno-infantil, de saúde do idoso, para pacientes com doença falciforme, HIV, hepatites virais, sífilis e casos de saúde mental. 

“É um programa que veio para ficar, que vai alcançar as 149 unidades básicas da prefeitura, a partir do qual nós vamos acompanhar outros problemas de saúde dos pacientes, levando assim, o serviço de atenção primário, o serviço básico para as casas das pessoas dentro de uma ação proativa trabalhando com telefone, com mensagens de texto, WhatsApp, telemedicina, por tanto, o que há de mais moderno à disposição de cuidar da vida das pessoas”, diz Neto.

O contato com os pacientes será através de aplicativos de mensagens, telefone, visitas domiciliares e pelo app Vida+Cidadão. 149 unidades de saúde em 12 distritos sanitários, com 339 equipes de saúde da família, farão parte do programa. Inicialmente, 20 bairros serão contemplados, atingido 256 mil pessoas, que terão atendimento de 1.551 profissionais.

A escolha dos bairros que serão contemplados inicialmente obedece apenas a uma questão de logística, segundo explica a médica Luamorena Leoni, coordenadora da ação. "Os bairros contemplados nessa primeira fase são os que identificamos a possibilidade de um início imediato do programa, porque já têm residência médica funcionando, pós-graduação na área de saúde, faculdades, integração com internato, então é uma estrutura que já permite que a gente já comece hoje mesmo a dar início ao programa. Na fase 2, de expansão, outras unidades serão contempladas. A ideia é expandir para toda rede do município".

Confira os bairros: - Alto do Coqueirinho - Arenoso - Boca do Rio - Cajazeiras IV - Cajazeira V - Canabrava - Candeal Pequeno - Doron - Fazenda Grande do Retiro - Garcia - Itapuã - Jardim Nova Esperança - Massaranduba  - Mata Escura - Pau da Lima - Pelourinho - San Martin - São Marcos - Sete de Abril - Vale do Matatu / Luís Anselmo

Como acontecerá o acompanhamento remoto:

O profissional de saúde da unidade vai ligar para a pessoa com suspeita de Covid-19 e:

- Avaliar o estado de saúde do paciente a cada 48h - Orientar e monitorar a realização adequada do isolamento domiciliar - Identificar, rastrear e avaliar a situação das pessoas que tiveram contato com o doente nos dois dias antes do início dos sintomas (impedir transmissão) - Se a pessoa evoluir sem complicações no acompanhamento remoto: alta segura - Se evoluir com complicações, acionar o Samu para avaliação imediata e encaminhamento seguro para Unidade de Emergência

Colaborou Hilza Cordeiro