Maranhão dribla EUA, Europa e governo Bolsonaro para comprar 107 respiradores
Governador Flávio Dino traçou uma rota alternativa para que o produto não fosse desviado; veja estratégia
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Da Redação
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O governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B), precisou montar um plano de guerra para garantir a compra de 107 respiradores e 200 mil máscaras. Para evitar que os produtos fossem confiscados por outros países e até pelo governo do Brasil, Dino fez com que a encomenda passasse pela Etiópia e encarasse a alfândega brasileira apenas no Maranhão.
Segundo a Folha de S. Paulo, a logística envolveu 30 pessoas e o produto demorou cerca de 20 dias para chegar. A estratégia contou com ajuda de uma importadora maranhense e foi baseada em fazer uma negociação direta com o fornecedor, sem chamar a atenção dos demais interessados no produto.
Com a compra feita, a rota foi traçada para passar pela Etiópia, evitando Europa e Estados Unidos, que costumam reter os respiradores. Após chegar ao país africano, os produtos foram colocados em um navio cargueiro, custeado pela Vale, que ia para São Paulo.
Já em solo brasileiro, para escapar do governo federal, a carga foi colocada imediatamente em um avião e partiu para o Maranhão, por onde passou pela alfândega.
A estratégia precisou ser adotada após o estado ter sido atravessado diversas vezes. Primeiro pelos Estados Unidos, que reteve o pedido enquanto a carga fazia escala no país (algo similar aconteceu com uma encomenda feita pela Bahia). Depois foi a vez da Alemanha fazer o mesmo e até o governo brasileiro, que reteve uma remessa de respiradores e os distribuiu como bem quis.
“Se não fizéssemos dessa forma, demoraríamos três meses para conseguir essa quantidade de respiradores. Assim que os equipamentos chegaram já os conectamos para ampliar a nossa oferta de leitos de UTI”, disse, à Folha, o secretário de Saúde do Maranhão, Simplício Araújo. A operação custou 6 milhões de dólares.