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Liberdade sitiada: bairro volta a ter medidas de isolamento


 

Foram 121 novos casos na última semana

  • Gil Santos

Publicado em 10/07/2020 às 11:28:00
Atualizado em 21/04/2023 às 09:02:06
. Crédito: Tiago Caldas/CORREIO

A Liberdade está restrita. O trocadilho pode não ser dos melhores, mas essa é a realidade do bairro da Liberdade, em Salvador, que voltou a ter medidas mais rígidas de isolamento a partir desta sexta-feira (10). A região já havia passado por restrições setorializadas, mas voltou a apresentar crescimento no número de pessoas infectadas com o novo coronavírus.

Segundo a prefeitura, foram registrados 121 casos de covid-19 na Liberdade nos últimos sete dias. São 738 pacientes desde que a pandemia começou, em março. A primeira vez que o bairro entrou em isolamento setorializado foi em maio, quando as ações foram implantadas nas duas últimas semanas do mês. Na época, todo o comércio não essencial foi fechado. Apenas mercados e farmácias permaneceram abertos. 

Depois que as equipes da prefeitura saíram, a população relaxou e a liberdade foi total. Teve até festas no bairro, lojas abertas, vendedores ambulantes aos montes e calçadas lotadas de gente indo e vindo. O resultado foram 436 novos casos de covid-19 nos últimos 30 dias.

Há uma semana a esposa do serralheiro Américo Benevides, 61 anos, testou positivo para o coronavírus e precisou ser internada. Ela está no Hospital Municipal, em Cajazeiras, e o quadro é considerável estável. Nesta sexta, ele, a filha Rafaela Benevides, 20, e o neto Arthur, 2, aproveitaram as medidas de isolamento na Liberdade para fazer o teste. 

"Minha esposa está internada tem dez dias. Graças a Deus, saiu da incubação, mas continua internada. A gente não apresentou sintomas, mas como moramos na mesma casa resolvemos fazer o teste também. Essa situação toda, esse vírus, é horrível. A prefeitura está certa em isolar os bairros e fazer os testes, e a população precisa colaborar", afirmou Américo.

As novas ações dividiram opiniões na Liberdade. Para a dona de casa Neusa da Anunciação, 45 anos, as medidas são necessárias. "Por mais que a gente fale, as pessoas não ouvem. Lá em casa sou eu, meu marido, dois filhos e um neto. Todo mundo cumprindo a quarentena. Só saímos para ir comprar pão ou para ir ao mercado. As pessoas precisam entender que enquanto elas não ficarem em casa a quantidade de doentes não vai diminuir e a gente não vai sair dessa situação", disse. 

Já o pedreiro Antônio Jorge de Souza, 41, acredita que existe um exagero entorno da questão. "Eu entendo que as pessoas precisam ficar em casa, mas não sei se precisa fechar tudo. Quem está saindo, está saindo porque tem alguma necessidade. E quem não tem necessidade e está na rua mesmo assim está colocando a saúde em risco porque quer", afirmou.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), o Ministério da Saúde e médicos infectologista de todo o mundo afirmam que as aglomerações ajudam a propagar o vírus. Quem está na rua pode contrair a doença e transmitir para outras pessoas, inclusive para quem está em casa, por isso, o comportamento individual coloca em risco a saúde de todos. 

Nesta sexta-feira, o largo em frente ao Plano Inclinado que liga a Liberdade à Calçada se transformou em ponto de teste para o novo coronavírus. Foram distribuídas 150 fichas para os exames. O prefeito ACM Neto esteve no bairro e acompanhou o primeiro dia da ação.

"Estivemos na Liberdade por duas semanas, em operação, depois acompanhamos a dinâmica do bairro e ficamos preocupados mais recentemente com o crescimento de casos", explicou Neto, falando da decisão de retornar com as equipes. "É uma região que tem comércio informal muito forte, principalmente na Avenida Lima e Silva. Estive aqui na segunda-feira e vi muita gente na rua, aglomerações, uma das coisas que reforçou minha preocupação", contou.

Neto explicou que a prefeitura vai distribuir máscaras e fazer testes de detecção de covid-19, entre outras medidas. "Trouxemos nossa equipe social para fazer cadastramento de Bolsa Família, para trabalhar o CadÚnico", acrescentou.

Outros bairros Além da Liberdade, o bairro do Nordeste de Amaralina também entrou hoje em medida restritiva. Foram 91 casos na região em apenas sete dias, e são 360 desde que a pandemia começou.

Já Fazenda Coutos e Coutos, Centro ampliado, Pernambués, Saramandaia, São Cristóvão, Cabula VI e Resgate tiveram as medidas ampliadas por mais sete dias. Tancredo Neves/Beiru também segue na lista, pela quinta semana, recorde na cidade desde que a prefeitura começou com as ações. 

Segundo Neto, os casos positivos em Tancredo Neves nos testes feitos pela prefeitura para covid-19 continuam acima dos 35%, mesmo depois das semanas de trabalho feito. Por outro lado, em Santa Cruz e no Imbuí a ação foi encerrada.