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Em carta aberta escolas de Seabra afirmam que vão manter ensino apenas remoto


 

Decisão vai de encontro a determinação do Governo do Estado que mandou retomar ensino híbrido

  • Gil Santos

Publicado em 05/08/2021 às 13:26:00
Atualizado em 22/05/2023 às 01:46:04
. Crédito: Foto: divulgação

A decisão de retomar o ensino híbrido na Bahia ainda é motivo de debate. Em carta aberta, quatro colegiados do município de Seabra, na Chapada Diamantina, afirmam que não têm condições de iniciar as atividades presenciais, porque estão se sentindo inseguros e sobrecarregados, e que vão manter o ensino apenas de forma remota. A decisão vai de encontro com a determinação do governo.

As aulas no modelo híbrido, ou seja, em que os estudantes têm encontros presenciais e virtuais com os professores, foram retomadas na Bahia, em teoria, no dia 26 de julho para alunos do ensino médio, ensino profissionalizante e Ensino de Jovens de Adultos (EJA). Mas houve pouca adesão por parte de docentes e discentes.

A carta começa contextualizando o cenário atual da pandemia, destaca que a variante Delta está com taxas elevadas de contaminação na Europa e que já chegou ao Brasil. Eles afirmam também que a vacinação dos professores começou tardiamente na Bahia e que, por isso, muitos profissionais só terão acesso a segunda dose dos imunizantes em outubro.

O documento acusa do governo de transferir para os professores a responsabilidade por fiscalizar se os protocolos de saúde estão sendo seguidos, sem treinamento, e que o modelo de ensino proposto está deixando a categoria sobrecarregada e comprometendo o aprendizado dos estudantes.

“A carga horária cumprida por professoras e professores, somada ao monitoramento dos protocolos de biossegurança, esgota todo o seu tempo de hora-aula. E o período de planejamento do qual dispõem estas e estes profissionais não é suficiente para que possam, com qualidade, planejar uma orientação para o tempo casa e tempo escola”, diz.

A Associação dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) disse que solicitou do governo, em reunião na semana passada, a relação dos professores que já receberam a segunda dose da vacina, para planejarem a data de retorno das aulas presenciais, e que ainda está aguardando retorno. Os colegiados de Seabra foram categóricos.

“Sendo assim, por conta de um protocolo insuficientemente seguro para proteger a comunidade escolar diante da variante Delta e do descontrole da pandemia no Brasil, o descuido no que tange a dimensão pedagógica - fruto da pressa em cumprir uma decisão autocrática do governador, os Colegiados Escolares que assinam esta carta deliberaram pelo não retorno às aulas presenciais”, diz a carta.

Assinam o documento os colegiados do Colégio Estadual de Seabra (CES), que tem 1.354 alunos matriculados no ensino médio e mais 32 no ensino profissionalizante; do C. E. Filinto Justiniano Bastos, que tem 475 alunos no ensino médio; do CEEP em Gestão e Negócio Letice Oliveira Maciel, com 657 alunos no ensino profissionalizante; e do C. E. Professora Ivanda Miranda de Souza (CEPIMS), que tem 69 alunos no ensino médio e 200 no fundamental.

Reunião O ensino fundamental está previsto para retomar as atividades presenciais, de forma híbrida, na segunda-feira (9), mas a APLB informou que os professores ainda não vão retornar para as salas de aula. Na segunda, haverá uma reunião entre a categoria e representantes do governo para discutir a retomadas das aulas e a vacinação dos professores, entre outros assuntos.

Procurada, a Secretaria da Educação informou que "sempre promoveu o diálogo com diferentes sujeitos da área da Educação sobre o planejamento do ano letivo continuum e que já realizou três reuniões com a APLB Sindicato, nos últimos dez dias, para tratar sobre o ensino híbrido. Uma nova reunião será realizada nos próximos dias com representantes da categoria, SEC e a Secretaria de Relações Institucionais".