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Doméstica morre após ser esfaqueada por ex na frente das filhas de 5 e 6 anos na Bahia


 

Suspeito de atacar Jenilde de Jesus Pinheiro na noite de Natal, Anselmo dos Santos Reis está foragido

  • Priscila Natividade

Publicado em 27/12/2020 às 20:22:00
Atualizado em 21/04/2023 às 22:40:07
. Crédito: Foto: Reprodução

Em plena noite de Natal, mais um caso de feminicídio registrado na Bahia, dessa vez no município de Mundo Novo, na região da Chapada Diamantina. A doméstica Jenilde de Jesus Pinheiro, 24 anos, foi agredida com um murro no olho e recebeu cinco golpes de faca após seu ex-companheiro, Anselmo dos Santos Reis, 31, ter invadido a casa onde a vítima morava com as filhas pequenas pela porta dos fundos.

Segundo informações da 98ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), por volta das 20h30, policiais militares foram acionados para atender a uma ocorrência de tentativa de feminicídio na Rua do Hospital. Ao chegar ao local, a guarnição foi informada que Jenilde havia sido esfaqueada e que populares já haviam socorrido a vítima para o hospital municipal.

De acordo com o irmão da vítima, Jenilson de Jesus Pinheiro, 29, Jenilde estava em casa com as filhas de 5 e 6 anos, que presenciaram o crime. Ela chegou a ser transferida para o Hospital Clériston Andrade, em Feira de Santana, mas não resistiu aos ferimentos.

Jenilde foi sepultada neste domingo (27), no cemitério municipal de Mundo Novo.

“A gente vai fazer de tudo para que as pessoas ajudem a localizar quem fez isso com minha irmã para que a polícia possa fazer o seu trabalho e não deixe ele sair impune. Minha irmã estava sob medida protetiva e o ex-marido ficava perseguindo ela, principalmente pelo Facebook. Não sei como ele conseguiu o número do telefone dela e chegou até a mandar mensagem dizendo que ela estava colocando outro homem dentro de casa”, afirmou.

Jenilson contou ainda que Jenilde e Anselmo namoravam desde a adolescência e viveram juntos por 13 anos. O casal estava separado há cerca de nove meses.“Ele só chegava em casa embriagado e sob efeito de entorpecentes, sempre transtornado, ameaçando que ia matar todo mundo. Minha irmã foi tomando medo e se separou”.O caso vai ser investigado pela Polícia Civil.

“Minha irmã era uma pessoa bastante amigável, onde chegava ela deixava amor. É um momento muito difícil, de muita dor, principalmente por que duas crianças vão ficar sem mãe. Nós queremos que as pessoas olhem para a foto de Jeny e não vejam só uma imagem. Outras mulheres podem estar precisando dessa ajuda urgente para não ser mais uma vítima como minha irmã foi”, lamenta.

Outros casos A morte de Jenilce se soma a outros três casos de feminicídio registrados desde o início do mês de dezembro. No último dia 10, João Miguel Pereira Martins, o DJ Frajola, foi encontrado morto dentro de um apartamento no bairro do Caminho das Árvores depois de assassinar a sua ex-namorada, a estilista Tatiana Fonseca, que foi surpreendida quando estava saindo do apartamento onde morava, na Pituba.

No dia seguinte, 11 de dezembro, o prefeito do município de Conceição de Feira, Raimundo da Cruz Bastos, o Pompílio, foi encontrado morto ao lado da esposa, Elba Rejane Silva. A Polícia Civil está investigando o crime e a suspeita é de que ele tenha tirado a própria vida após assassinar a mulher.

O terceiro caso foi registrado no dia 20, quando a jovem Karoline Almeida de Oliveira, 23 anos, foi morta, na rua Irênio Souza, bairro de Sussuarana Velha. O suspeito é o marido de Karoline, Gideon Campos de Oliveira. Ele teria matado a esposa com tiros antes de cometer suicídio com a mesma arma.

Com base em um levantamento nacional feito pelo Instituto AzMina, nos primeiros seis meses de pandemia, 49 mulheres foram vítimas de feminicídio na Bahia, colocando o estado na terceira posição do ranking com maior número de mortes atrás somente dos estados de São Paulo, com 79 óbitos, e Minas Gerais, com 64, respectivamente. Neste período do monitoramento feito em 19 estados, 497 mulheres foram assassinadas no país, o equivalente a uma morte a cada nove horas.

Há três dias, a juíza carioca Viviane Vieira do Amaral Arronenzi, 45 anos, foi morta pelo ex-marido Paulo José Arronenzi, 52 anos, na véspera de Natal. Viviane e Paulo com ficaram casados por 11 anos. Paulo José foi deixar as três filhas com Viviane, uma menina de 9 anos e gêmeas de 7, no condomínio em que a juíza morava, na Barra da Tijuca. Quando ela foi pegar as garotas, ele a esfaqueou.

O vídeo que circula em redes sociais mostra que as crianças estavam presentes no momento, inclusive, uma delas grita repetidamente pedindo para o pai pare de esfaquear a mãe. Viviane morreu no local. Paulo ficou ao lado do corpo e foi preso em flagrante, sendo levado para a Delegacia de Homicídios da Capital (DH).

O monitoramento feito pelo AzMina integra a série “Um vírus e duas guerras”, que vai levantar os casos de feminicídios e de violência doméstica até o final deste ano. De acordo com o instituto, o objetivo é “dar visibilidade a esse fenômeno silencioso, fortalecer a rede de apoio e fomentar o debate sobre a criação ou manutenção de políticas públicas de prevenção à violência de gênero no Brasil”.