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O vale tudo do PT em Camaçari, a fábrica de mentiras de Caetano e a desconexão de Jerônimo na segurança


 

Leia a coluna na íntegra

  • Coluna Pombo Correio

Publicado em 18/10/2024 às 05:00:00
Grupo petista usa aparato institucional do estado para apoiar Luiz Caetano. Crédito: Mateus Pereira/SecomGOVBA

Tudo ou nada

Em Camaçari, o grupo petista resolveu adotar a mesma estratégia que deu errado em Feira de Santana, onde Zé Neto (PT) foi derrotado por Zé Ronaldo (União Brasil) já no primeiro turno. A tática é a do “vale tudo”, usando com força o aparato institucional do estado para apoiar Luiz Caetano (PT). O governo tem utilizado a Secretaria da Saúde (Sesab) para fazer ataques à gestão do município e até mesmo integrantes da Polícia Militar para perseguir e inibir adversários, além de fazer as famosas promessas faraônicas clássicas do PT em períodos de campanha eleitoral. Para completar, as forças governistas estão usando métodos nada republicanos para tentar cooptar para o lado de Caetano lideranças que apoiam Flávio Matos (União Brasil). O problema é que a população não aprovou a estratégia da opressão e já carimbou os que mudaram de lado de traidores.

Contato indecoroso

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) resolveu tomar para si as negociações para tentar cooptar lideranças que apoiam Flávio Matos neste segundo turno em Camaçari. O próprio petista tem ligado para vereadores da base do candidato do União Brasil, perguntando inclusive quanto gastaram na campanha, para levá-los para o lado de Caetano. Alguns até topam as “vantagens” oferecidas por Jerônimo, mas a maioria agradece o contato e fica ao lado da coerência política.

Fábrica de mentiras

Parece que Caetano resolveu incorporar de vez a pecha de mentiroso. Depois de propagar aos quatro cantos que ganharia a eleição com 20 pontos de vantagem, usando inclusive pesquisas de procedência duvidosa, o petista agora resolveu ativar uma verdadeira fábrica de mentiras na cidade. O gabinete do ódio de Caetano chega a produzir posts para redes sociais usando a imagem de Flávio Matos para forjar uma ligação com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Uma das peças usa até a identidade visual do candidato do União Brasil citando a realização de uma motociata, o que não passa de fake news. A estratégia, contudo, é encarada como uma jogada desesperada de Caetano, que vê Flávio em franca ascensão e, ao mesmo tempo, não consegue se defender de seu passado.

A volta dos que já foram

Após a derrota histórica em Salvador, o vice-governador Geraldo Júnior (MDB) reapareceu depois de sumir por um tempo e tratou de compartilhar a derrota com o governador Jerônimo Rodrigues e com toda a base governista. Terceiro lugar na disputa, atrás de Kleber Rosa (PSOL) e do prefeito Bruno Reis (União Brasil), reeleito com a maior votação da história, Geraldo concedeu entrevista à rádio Metrópole nesta semana e, com seu estilo lero lero, minimizou a derrota e fez questão de ressaltar o número de abstenções. Só esqueceu de dizer que ele perdeu até para os brancos e nulos e que seu melhor desempenho foi nos presídios da capital baiana.

Página virada

Geraldo também deixou claro na entrevista que pretende pleitear sua presença na chapa majoritária de 2026, usando o discurso do direito à reeleição pregado pelo senador Jaques Wagner (PT). O problema é que, internamente, a cúpula governista considera o vice-governador página virada. Interlocutores dizem que qualquer compromisso com Geraldo foi quitado em 2024 e apontam que, diante do cenário pós-eleição, é muito difícil ter o vice-governador e o MDB na chapa.

Desconexão vermelha I

É de estarrecer o discurso do governador Jerônimo Rodrigues diante da nova onda de violência na Bahia nos últimos dias. Com 14 assassinatos em um dia, ônibus incendiados e bairros de Salvador sem transporte público por causa da guerra de facções, Jerônimo insiste em minimizar o tema e dizer que o problema é nacional, numa clara tentativa de empurrar a situação para debaixo do tapete e criar narrativas que não reduzem as estatísticas nem dão segurança às pessoas. Os comentários negativos nas redes sociais, seja nas páginas de Jerônimo ou de veículos de comunicação, evidenciam o tamanho da impaciência da população com a violência.

Desconexão vermelha II

Voltando a Camaçari, o ex-prefeito Luiz Caetano deu uma demonstração completa de desconexão da realidade ao rasgar elogios para a atuação de Jerônimo na segurança pública. Não bastasse a visão marciana sobre o drama da segurança pública, Caetano ainda sugeriu que, se eleito, vai enfrentar o problema da insegurança, como se já não tivesse tido a oportunidade de mudar esse cenário enquanto foi secretário do próprio Jerônimo. Fica na cabeça do eleitor uma dúvida cruel: ele agora quer a oportunidade de fazer aquilo que já teve a chance de fazer, e não fez? É isso mesmo?

Dobradinha quebrada

Por falar na dupla Jerônimo-Caetano, o saldo das urnas não foi nada positivo para a recente experiência de cabo eleitoral do governador em Camaçari, para onde inclinou a máquina administrativa do estado em favor do mais rasteiro jogo eleitoral contra os adversários. A resposta veio nas urnas: eles foram duplamente derrotados no bairro onde o governador chegou a anunciar a construção de uma Policlínica, numa tacada meramente eleitoreira. Com esse extrato, estrategistas de Caetano já não mais depositam esperanças de que Jerônimo poderá agregar voto neste segundo turno. Alguns sugerem até que ele fique um pouco mais distante do candidato para não comprometer aquilo que já foi alcançado em primeiro turno.

Orçamento sem lei

Técnicos em administração pública classificaram a Lei Orçamentária Anual (LOA), enviada esta semana pelo governo do estado à Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), como uma “peça de ficção”. Segundo eles, os números apresentados não correspondem à execução real das contas estaduais. Um exemplo citado é o da Companhia de Transportes da Bahia (CTB), responsável pelo VLT do subúrbio, cujo orçamento previsto é de apenas R$ 47 milhões, considerado insuficiente para a magnitude da obra. Outro caso mencionado é o da Sufotur, que já acumula gastos anuais próximos de meio bilhão, mas aparece com valores significativamente inferiores na peça orçamentária. Dessa forma, o governador Jerônimo Rodrigues acaba operando um orçamento ao gosto do freguês, fazendo suplementações ao longo do ano sem o mínimo controle da Assembleia ou do Tribunal de Contas.