A inércia de Jerônimo, corte na coleta de lixo e o passivo pendente do governo Wagner
A inércia de Jerônimo, corte na coleta de lixo e o passivo pendente do governo Wagner
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Pombo Correio
Governo inerte
É de estarrecer a inércia do governo do estado diante dos casos de roubo de cargas e de fazendas de cacau na região Sul da Bahia, causando um prejuízo que, pelas estimativas, já chega à casa do milhão de reais. O produto, que já foi um importante indutor de desenvolvimento do estado, teve uma alta significativa nos últimos meses, especialmente em função da queda da produção na África. Com o valor mais de três vezes maior, o cacau passou a ser alvo de bandidos. Em um dos casos, um grupo de criminosos roubou um caminhão com carga avaliada em mais de R$ 400 mil em Itabela. Em Ibirataia, duas fazendas foram invadidas e saqueadas pelos assaltantes, que levaram grande quantia de cacau. Todos estes casos ocorreram apenas na última semana. No início do mês, uma fazenda em Ubatã também foi alvo de criminosos. Enquanto cresce a apreensão na região, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) segue em silêncio e não apresentou nada para combater a ação criminosa, que prejudica toda a cadeia produtiva do cacau.
Ação dos produtores
Como o governo segue sem adotar medidas, produtores se juntaram e decidiram implantar câmeras de monitoramento para tentar inibir a ação dos criminosos. A União Agro Bahia (Unagro) também tem liderado esse tema para tentar combater não apenas os roubos a fazendas de cacau, mas também a gado e furtos diversos nas propriedades rurais.
Especialista em sucata
Depois de comprar trens que estavam parados há mais de dez anos em Cuiabá para usar no VLT de Salvador, o governador Jerônimo Rodrigues saiu agora em busca de mais sucatas. Dessa vez, ele autorizou a abertura de uma licitação para compra de duas embarcações que vão operar no combalido sistema ferry-boat com condições que chamam atenção. De acordo com publicação do Diário Oficial da última quarta, o estado avisa que aceita fechar acordo para adquirir ferries com até oito anos de construção ou operação, ou ainda, com até 11.520 horas de funcionamento. Já tem gente dizendo que Jerônimo está virando “especialista em sucata”.
Troco para 26
Na passagem por Mairi nesta semana, o governador Jerônimo encontrou aliados ressentidos por causa da ferida aberta que ele mesmo deixou nas eleições municipais ao preterir uma candidatura do PCdoB para apoiar um candidato do MDB. A equipe da Secretaria de Relações Institucionais (Serin) tentou contornar a situação convidando todo mundo para a agenda com Jerônimo, mas a zanga é tamanha que teve gente que saiu da cidade para não topar com o governador. A turma promete dar o troco em 2026, quando Jerônimo vai para reeleição e espera apoio automático dos comunistas.
Corte na coleta
Se enganou quem pensava que a situação caótica em Lauro de Freitas nesta reta final da gestão de Moema Gramacho (PT) não poderia piorar. Nesta semana, a coleta de lixo na cidade foi suspensa, deixando resíduos acumulados em diversas regiões da cidade. Integrantes da empresa responsável pelo serviço alegaram, sob anonimato, falta de pagamento da prefeitura. A situação se agrava em bairros mais populosos, como Itinga e Areia Branca.
Jerônimo, mãos de tesoura
O governador Jerônimo Rodrigues preparou um presente de Natal indigesto para os servidores públicos da Bahia. Na reta final dos trabalhos na Assembleia Legislativa, o petista quer aprovar um projeto de lei para revogar a isenção do ITD - imposto estadual cobrado na hipótese de transmissão de imóvel único pertencente ao espólio quando do falecimento do servidor. O benefício está assegurado por lei há mais de 30 anos. Desde que chegou ao governo, Jerônimo tem se notabilizado por arrochar os direitos dos servidores públicos, aumentando a contribuição da categoria no financiamento do Planserv e concedendo reajustes salariais que sequer faziam a recomposição da inflação. O petista já começou a ser chamado nos bastidores de “governador mãos de tesoura”, o que causa apreensão diante do que ele ainda pode aprontar nos dois anos que restam para o fim do mandato.
Novela sem fim
Pelo visto, a ponte Salvador-Itaparica vai ser novamente promessa de campanha do PT em 2026, após ser usada por anos e anos pelos antecessores de Jerônimo Rodrigues sem que nenhuma estaca seja colocada. Tratado como prioritário pelo governo, o projeto está sob análise do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Agora, pasmem: nessa altura do campeonato, o governo ainda tem pendências para entregar à Corte de Contas, que irá julgar o processo, o que só deve acontecer no ano que vem.
Uma escola a menos
Causou estranheza nesta semana a falta de negativa oficial do governo sobre a informação do possível fechamento do tradicional Colégio Estadual Deputado Manoel Novaes. A possibilidade foi publicada pelo CORREIO nesta semana e, após a notícia ser divulgada, integrantes do governo chegaram a negar nos bastidores que a unidade não seria fechada. Contudo, publicamente, a Secretaria da Educação do Estado não negou oficialmente. Ou seja, ao que parece, a unidade será mesmo fechada, o que demonstra a falta de prioridade da Educação. Não à toa a Bahia ocupa o último lugar no país.
Passivo pendente
O Tribunal de Contas do Estado está revirando um passivo que está aberto nas contas do estado desde 2012 na gestão do ex-governador Jaques Wagner (PT). Naquele ano, o governo cedeu servidores estaduais para atuar em organizações sociais que geriam unidades de saúde do próprio estado, com o combinado de que tais instituições iriam assumir os custos de remuneração dos trabalhadores, conforme reza a lei. O fato é que elas nunca honraram os compromissos e o valor que deveria ser ressarcido ao caixa do estado se avolumou para mais de R$ 3 milhões, de acordo com o cálculo de uma auditoria específica do TCE. Até hoje, 12 anos depois, ninguém foi responsabilizado e o calote milionário segue em aberto sem nenhum esforço aparente dos governos posteriores para reaver o montante.
Selo
Ao que parece, a entidade que concedeu o selo ouro em transparência pública ao governo baiano avaliou o portal errado. Isso porque o Portal Transparência da Bahia deixa muitas lacunas e apresenta até contradição entre os dados. Além disso, informações desatualizadas quanto ao pagamento de emendas impositivas dos deputados estaduais e a ausência de informações sobre a tramitação das operações de crédito não fazem jus à certificação que foi concedida.
Munição
O governador Jerônimo Rodrigues resolveu nesta semana dar munição a aliados ao dizer que o Avante tem força para reivindicar espaço na chapa majoritária. Era tudo que o presidente do partido, Ronaldo Carletto, precisava para ampliar as pressões por mais espaço no governo e pela presença na chapa em 2026, movimento que já vem acontecendo e que deve se intensificar. O partido já comanda a Secretaria de Agricultura (Seagri) e quer mais uma pasta. A fala de Jerônimo pode atiçar caciques de outros partidos aliados, que certamente vão querer uma sinalização como essa.