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O all in de Geraldo Jr., o conto do vigário do vice e os empréstimos bilionários de Jerônimo


 

Em 2024, é tudo ou nada para o vice-governador; até deputados governistas estão insatisfeitos de votar novo aumento de impostos. Acompanhe os bastidores

Publicado em 03/11/2023 às 05:00:00

I will survive?

Para o vice-governador Geraldo Jr (MDB), a próxima eleição é uma questão de sobrevivência. Com o cenário que se desenha para 2026, ele sabe que será limado da chapa majoritária e, por isso, precisa construir uma candidatura a deputado. Wagner e Rui abocanhariam as candidaturas para Senado e o PSD a de vice. Diante disso, a candidatura a prefeito seria um caminho para Geraldo construir um recall para 2026. O ex-vereador dinamitou muitas pontes, uma vez que integrava a oposição ao PT e depois passou a fazer parte da base petista. Para ele, dizem observadores da política baiana, 2024 é tudo ou nada.

Conto do vigário

Geraldo Júnior tem dito, para conquistar apoio, que se ele for candidato a prefeito, os partidos aliados vão eleger bancadas fortes para a Câmara de Salvador. O argumento é que ele conhece a política de rua da capital. Geraldo só não explicou, diante de tamanho conhecimento, o resultado da última eleição para vereador. Em 2020, com toda estrutura de presidente da Câmara, teve pouco mais de 12 mil votos.

O bom menino

A Secretaria Estadual de Infraestrutura (Seinfra) deixou para 22 de dezembro, na boca dos festejos natalinos, o anúncio da empresa que fará o projeto de engenharia para a implantação dos contornos viários da BA-001 nas cidades de Nazaré das Farinhas, Valença, Taperoá, Nilo Peçanha, Ituberá, Igrapiúna e Camamu, numa extensão de 43 km. O comentário nos bastidores é sobre quem será o bom menino que o Papai Noel vai presentear.

Bota na conta

A propaganda do governador Jerônimo Rodrigues (PT) tem dito que ele “chegou chegando”. Bom, pelo menos no volume de empréstimos que ele já pediu é preciso admitir que a publicidade faz sentido. Em apenas dez meses de gestão, o petista já solicitou um total de operações de crédito que corresponde a um terço de tudo que seu antecessor Rui Costa (PT) pediu em oito anos de mandato. Entre janeiro e outubro, Jerônimo pediu autorização da Assembleia Legislativa (Alba) para contrair R$ 3,5 bilhões de quatro bancos diferentes.

A ponte Salvador-Itaparica já consumiu mais de R$ 367 milhões mesmo ainda sendo uma abstração. Crédito: divulgação

Ponte de papel

O pedido mais recente de Jerônimo mira R$ 1,6 bilhão do Banco do Brasil para “investimentos em infraestrutura viária, hídrica, mobilidade urbana e fortalecimento de fundo garantidor”, o que sugere uma nova injeção de recursos na abstrata e prometida ponte Salvador-Itaparica. Vale lembrar que, mesmo sem ter sequer uma viga colocada, o projeto da ponte já consumiu mais de R$ 367 milhões.

Perdidos no espaço

Para além de todo o absurdo, o novo aumento do ICMS proposto pelo governador Jerônimo Rodrigues (PT), o segundo em menos de um ano de governo, só expõe a desorganização e a falta de planejamento da gestão petista. A primeira elevação do imposto passou a vigorar em abril e majorou a alíquota de 18% para 19%. Agora, apenas seis meses depois, Jerônimo propõe elevar o tributo para 20,5%. Ora, se essa é a alíquota “justa”, como vem propagando o líder do governo, deputado Rosemberg Pinto (PT), por que ela não foi proposta logo no início do ano? Como pontuou um observador da política baiana, somando o imbróglio do ICMS a outras questões, como o cancelamento da Fenagro e o bate cabeça com os editais da Lei Paulo Gustavo, desagradando ao Agro e ao setor cultural, respectivamente, a gestão de Jerônimo parece estar cada dia mais perdida.

Insatisfeitos

O mesmo questionamento vem sendo feito por deputados governistas, que não escondem a insatisfação por votarem uma nova elevação de imposto, o que gera desgaste. Justamente por isso, governistas dizem que a aprovação da medida vai custar caro à articulação política do governo, que corre para aprovar logo o projeto e evitar maiores discussões.

Omissão conveniente

E, se o projeto for aprovado pela Alba, a alíquota da Bahia será a maior do Nordeste. Embora o governo propague que ela será de 20,5%, na verdade o contribuinte terá que pagar 22,5%, uma vez que 2% desse total será destinado ao Fundo Estadual de Combate à Pobreza, aquele mesmo com recursos que não estavam sendo usados pelo governo. Espertamente, o governo vem omitindo esses 2%, mas a gente tá de olho, viu?!

Fui Costa

O ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), voltou a aprontar com seu jeito sempre atencioso com a imprensa (contém ironia). Durante a posse do novo presidente da CNI, o baiano Ricardo Alban, Rui foi questionado por uma jornalista sobre o novo atrito entre ele e o ministro da Fazenda Fernando Haddad (PT), sobre a meta fiscal. Fugindo do assunto, disse "estou aqui na posse" e deu as costas para a repórter, fazendo jus novamente ao apelido de "Fui Costa". Já tem até figurinha circulando nos grupos de zap.

Involução alimentar

“Esta iniciativa aponta para a Bahia um caminho sólido na construção de uma política de médio e longo prazo que mudará o cenário da fome e desnutrição no Estado”. A declaração poderia ser creditada ao governador Jerônimo, no âmbito da defesa pelo programa Bahia Sem Fome, mas originalmente foi feita pelo ex-governador Jaques Wagner em 2008, no lançamento do Sistema Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional, quando se pretendia riscar a fome da Bahia. O tempo passou, o PT se manteve no poder, e o cenário piorou.

Insustentável

No intervalo de apenas cinco meses neste ano, o Governo do Estado direcionou mais de R$ 1 milhão aos cofres do Instituto Comunidade Sustentável, via cotas de patrocínio para eventos. As transferências passariam batidas, não fosse o caso da instituição ser presidida por uma advogada que até outro dia estava nomeada no gabinete do deputado federal Waldenor Pereira, pré-candidato do PT à prefeitura de Vitória da Conquista. A outra diretora do Instituto também já foi assessora do deputado estadual Zé Raimundo (PT) na Assembleia Legislativa. O repasse mais recente foi de R$ 700 mil para a realização da Feira Literária de Conquista, embora a Comunidade Sustentável diga realizar atividades relacionadas a associações de defesas de direitos sociais, e não de promoção de eventos.