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Jerônimo 'entrega' ponte aos céus, o espanto da esquerda com o oportunismo de Geraldo e a ‘correria’ do governador no Bonfim


 

Os bastidores da política na Bahia

Publicado em 12/01/2024 às 05:53:43
Geraldo Junior. Crédito: Divulgação

Entregou aos céus

Após culpar o vento, responsabilizar o presidente chinês e até as marés pelos atrasos nos prazos da Ponte Salvador Itaparica, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) parece ter desistido de arrumar desculpas e entregou o projeto, prometido desde 2007, aos céus. Questionado pela imprensa na véspera da Lavagem do Bonfim, Jerônimo disse que pediria ao Senhor do Bonfim para que “ajude, ilumine, para que a gente veja as coisas andarem”. Ou seja: após tantas desculpas, o governador agora parece que quer terceirizar a gestão para o santo. Seria cômico se não fosse trágico.

Camaleão

Sabe aquele ditado que diz 'vergonha pouca é bobagem'? Pois ele pode ser usado pelo vice-governador Geraldo Júnior (MDB), que apareceu essa semana segurando um cartaz que defende a revogação da Reforma Trabalhista. O pior não é só a incoerência e o oportunismo do emedebista, mas o espanto dos que estão ao lado dele na imagem. É, sem dúvidas, o mais revelador: a cara de espanto dos militantes da esquerda na foto, incrédulos com a cara de pau de Geraldo, que sempre foi um defensor da reforma e das pautas econômicas mais liberais.

Pasmem

Ex-presidente da Câmara de Salvador por dois biênios, Geraldo Júnior foi aconselhado por lideranças petistas a preparar um arsenal de promessas para atrair a base ideológica de esquerda, com a qual tem tido dificuldade para dialogar. A primeira dessas propostas seria rever o PDDU de Salvador para limitar o uso do solo e as construções na cidade. Pasmem, é isso mesmo.

Barrado no baile

Por falar no vice-governador Geraldo Júnior, ele fez de tudo para ser convidado em uma das várias festas que reúne políticos e empresários no Litoral da Bahia. Teve que esperar sentado, porque o convite não veio.

Possível vice?

Após o ex-prefeito João Henrique Carneiro declarar na Lavagem do Bonfim, ao Informe Baiano, que “o povo quer que eu volte”, observadores da política soteropolitana sugeriram, em tom jocoso, que ele seja vice de Geraldo Júnior. Isso porque o vice-governador segue à procura de um companheiro ou companheira de chapa, mas tem encontrado dificuldades. João Henrique, inclusive, disse que não esconde sua simpatia por Geraldo. Vai que, né?!

Ausência sentida

Entre governistas na Lavagem do Bonfim, o comentário foi a ausência no cortejo do ex-ministro Geddel Vieira Lima, principal líder do MDB e apoiador de Geraldo. O irmão Lucio Vieira Lima, outro fervoroso defensor da candidatura de Geraldo em Salvador, participou do evento. Em suas redes sociais, Geddel lamentou a ausência ao afirmar que as "terríveis dores no joelho me impedem de renovar a minha fé". Pode ter faltado na lavagem, mas na campanha o ex-ministro tem dado sinais de que vai participar ativamente ao lado de Geraldo.

Se picou

Dizem que Jerônimo acelerou o passo na Lavagem do Bonfim quando chegou na Calçada e deu de cara com a antiga estação de trem. Desativada por ordem do seu grupo político, com a promessa da construção do VLT, a malha ferroviária atendia a milhares de moradores do Subúrbio com uma tarifa mais acessível. Já são três anos sem trem e sem VLT.

Termômetro

Por outro lado, o prefeito Bruno Reis e o ex-prefeito ACM Neto, ambos do União Brasil, fizeram o cortejo em mais de seis horas e contaram com amplo apoio popular ao longo do trajeto entre a Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia à Colina Sagrada. Foram fotos, abraços, beijos e gritos de apoio para todo lado. Se o Bonfim é um teste de popularidades, então Bruno passou com folga.

Esquiva

O governador Jerônimo Rodrigues tentou colocar a crise do Ferry Boat na arena política, fazendo parecer que as críticas ao sistema de travessia são de ordem partidária ou estão contaminadas pelo período pré-eleitoral. Esqueceu ele que o problema não é de agora, se arrasta sem solução durante todas as gestões do PT (incluindo a sua) e que a tática de atacar adversários para esconder sua falta de pulso, já não cola mais. Pelo andar da carruagem, não duvidem se ele terceirizar mais esse problema para as forças divinas.

À deriva

Enquanto a ponte não sai, o principalmente modal de travessia mantém o selo PT de negligência. Sob responsabilidade da Agerba, o ferry boat está entre os itens reprovados nas auditorias mais recentes do Tribunal de Contas do Estado (TCE-BA), cujo relatório apontava, entre outras coisas, que não havia “previsão de ações de fiscalização que possam ser adequadamente mensuradas”. Em outras palavras, a Agerba jogou para cima e deixou o transporte à deriva. O TCE identificou também a “ausência de correlação entre a execução física e financeira” para as ações de fiscalização. E há quem garante que, na lista de irregularidades, isso é só a ponta do iceberg.

Confiança trincada

Seja quem for o próximo conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-BA), membros da base governista estão de orelha em pé com a demonstração de fragilidade do governador Jerônimo em manter a palavra dada em um acordo. O deputado federal Daniel Almeida, por exemplo, disse ter recebido do governador a garantia de que, desta vez, a cadeira seria do PCdoB. Não demorou muito, Jerônimo entrou em campo e avalizou o nome do deputado Paulo Rangel (PT). O sinal que ficou no ar, dizem interlocutores, foi o pior possível.