Violência em alta: PM morto em confronto, motoboy vítima de latrocínio e jovem esfaqueado por morar em Pernambués
Confira a coluna na íntegra
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Bruno Wendel
bruno.cardoso@redebahia.com.br
Esfaqueado por morar em Pernambués
Já imaginou viver com o impacto da violência no dia a dia? No acesso à escola ou no caminho para o trabalho, nos momentos de lazer. Essa é a rotina de muitas comunidades de Salvador. Em um episódio recente, um jovem foi esfaqueado na passarela de acesso à Estação de Metrô de Pernambués.
Na terça (27), o rapaz foi abordado por dois desconhecidos. Um deles perguntou de onde ele era. Acuado, ele respondeu “daqui mesmo”, fazendo referência ao bairro. “Aqui é bala”, retrucou um dos desconhecidos, que partiu para o ataque. Durante a luta, o celular do rapaz caiu, ocasião em que um dos criminosos pegou o aparelho e fugiu com o comparsa.
Essa violência urbana causa profundos impactos às comunidades periféricas, com estabelecimento de fronteiras invisíveis. Ou seja, grupos controlam e limitam o direito de ir e vir, impondo regras e sanções, inclusive impedindo o acesso a serviços como limpeza urbana, telefonia, saúde e até a própria polícia, que precisa de megaoperação para entrar em certas localidades, como o Boqueirão e o Arenoso.
Policial militar morto, e Estado enfraquecido
Na última quarta (28), a Polícia Militar lamentou mais uma baixa na corporação. O soldado Ramon Figueiredo morreu durante confronto com traficantes em Mata de São João. Além da perda, há um fator chocante: a PM foi atingida no alto nível da instituição. Ramon era do Batalhão de Patrulhamento Tático Móvel (BPatamo), grupo de elite.
Há 20 anos, a violência estava restrita às facções Comando da Paz e Caveira. A falta de investimentos em segurança pública abriu as portas para o crime organizado. Hoje, são mais de 20 facções, a maioria na capital e na RMS: BDM, Katiara, OP, Bonde do Ajeita, CV, TCP e PCC - as três últimas foram "importadas".
A morte de um policial é mais do que um número: representa a dor de uma família e da corporação, além de uma população amedrontada e um Estado enfraquecido.
Categoria insegura
Mais um inocente vítima da criminalidade na capital baiana. Desta vez foi o motoboy Kevin Pereira Piedade, de 24 anos, morto durante uma tentativa de assalto, quando foi pegar uma passageira no bairro da Sete Portas, na noite de quinta (29).
No dia seguinte, motoboys e motociclistas por aplicativo protestaram pela falta de segurança da categoria na região do Iguatemi e em outros pontos de Salvador.
É esperado que a polícia se empenhe e chegue aos autores e honre a memória de um trabalhador e pai, que deixou precocemente dois bebês recém-nascidos.