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Salvador: soltos em audiências de custódia, matanças e Curuzu em pânico


 

Confira a coluna na íntegra

  • Bruno Wendel

Publicado em 28/10/2024 às 05:00:00

60% dos presos são soltos em audiência de custódia em Salvador  

“Polícia prende, justiça solta”. Esta crítica é muito comum entre os baianos quando o assunto é audiência de custódia, ato que determina que todo preso em flagrante deve ser apresentado a um juiz para avaliar a necessidade da manutenção da prisão. Dados da Defensoria Pública do Estado, divulgados neste mês, entre os 2.898 casos analisados, a decisão mais comum foi a concessão de liberdade provisória, 57,80% do total, ou seja, 1.675 casos.

Já a decretação de prisão preventiva foi aplicada em 35,99%, correspondendo a 1.043 ocorrências. Em seguida, a prisão relaxada foi registrada em 5,04% dos casos (146), enquanto a domiciliar foi de 0,24% (7).

Em maio deste ano, um traficante, que tinha matado uma pessoa e depois atropelado PMs na Avenida Joana Angélica, foi solto numa dessas audiências, situação que causou revolta aos militares, que pedem um Judiciário mais rigoroso, a fim de evitar a liberdade a quem põe risco à sociedade e o sentimento de que o crime compensa. 

Vara de audiência de custódia em Salvador. Crédito: Wendel de Novais/CORREIO

Salvador: duas matanças em apenas oito dias

Oito dias. Este é o espaço de tempo que separa dois episódios de extrema violência em Salvador. No dia 11, dois homens e uma mulher foram assassinados a tiros no bairro Dois de Julho – um sobrevivente foi levado ao HGE. As vítimas eram usuárias de drogas e foram baleadas por ocupantes de um carro escuro, num ataque do Comando Vermelho à área do Bonde do Maluco.

Já no dia 19, cinco pessoas foram executadas em Sete de Abril. A chacina foi realizada também por um grupo em um veículo de cor escura, que realizou vários disparos.

Essa matança toda é cada vez para impor o medo e o pânico social, uma prática antiga de autoridade, que se utiliza da estratégia de extrema violência para alcançar algum objetivo, seja pela vingança, dominação ou uma forma de manifestação do poder, quando realizada pelo Estado.

Rua onde aconteceu ataque no Dois de Julho. Crédito: Bruno Wendel/CORREIO

Terror no Curuzu: facções trocam tiros e população fica acuada  

Moradores do Curuzu viveram momentos de terror com mais confronto entre as duas maiores organizações criminosas do estado: Comando Vermelho e Bonde do Maluco.

O tiroteio começou por volta das 20h desta terça-feira (22) na Rua da Alegria. Casas, estabelecimentos e carros foram crivados de balas.

A Polícia Militar foi acionada e, ao chegar, foi recebida a tiros. Durante o segundo confronto, um dos faccionados foi preso.

Pichação do CV em fachada de casa no Curuzu. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO