Fortes na economia, mulheres têm revés na política
Barbie, Beyoncé e Taylor Swift movimentam cadeias econômicas, inclusive no Brasil, onde ministras podem ser trocadas por deputados do Centrão
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Flavio Oliveira
flavio.oliveira@redebahia.com.br
A economia de 2023 será marcada nos futuros livros de história por três fenômenos pop: Barbie, Beyoncé e Taylor Swfit. A boneca deu origem ao filme que arrecadou US$ 1 bilhão em menos de três semanas. É o primeiro dirigido por uma mulher a atingir tal marca. Lembrando que o longa-metragem tem como personagem e temas de piadas ícones e questões do feminino.
As cantoras Beyoncé e Taylor Swfit disputam dólar a dólar qual será a turnê musical mais lucrativa do ano. Beyoncé foi citada por economistas da Suécia como uma das vilãs da alta da inflação do país, que beirou os 10% em maio, quando ela se apresentou por lá. Isso porque a procura por ingressos e a movimentação de pessoas para assistir seus shows aqueceram em demasia a economia, provocando aumento de preços de quartos, hotéis e restaurantes.
Já Taylor Swfit foi mencionada positivamente pelo Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos EUA) por movimentar cadeias econômicas relacionadas ao comércio e ao turismo por onde ela passou com a The Eras Tour. Vale ressaltar que tanto a turnê de Taylor quanto a de Beyoncé estão com bilhetes a preços elevadíssimos, chegando a US$ 1 mil em alguns casos.
Não é muito diferente no Brasil. Ainda que a Beyoncé não tenha agenda confirmada, o país receberá Taylor Swfit para seis apresentações no Rio e São Paulo na segunda quinzena de novembro. A venda de ingressos foi noticiada como caótica, com fãs passando dias nas filas para, no final, sequer encontrarem bilhetes, que se esgotaram em poucas horas. Houve críticas também aos preços cobrados. Ainda por aqui, Barbie já está consolidada como maior bilheteria do ano, somando uma arrecadação de R$ 193,8 milhões com a venda de 10,1 milhões de ingressos entre a estreia, em 20 de junho, até a última quarta, 9 de agosto.
O protagonismo feminino nas telas e nos palcos também se vê nas plateias, onde as mulheres são maioria. Não que homens não possam gostar da boneca, do filme ou das cantoras, mas muitos deles estão ali para acompanhar filhas, irmãs, companheiras e mães; inclusive com tíquete pago por elas. O que evidencia a força econômica desse público. Nos EUA, o fenômeno é visto como indicativo da recuperação do mercado de trabalhado para as mulheres e da massa salarial paga às trabalhadoras. Lá como aqui, são elas as primeiras a sofrer com o desemprego.
A pergunta que se faz é por que apesar de todo esse poder econômico – e de influência entre parentes e amigos homens – e contabilizando 52,6% do eleitorado, as mulheres brasileiras são sub-representadas politicamente, seja no Executivo, Legislativo ou Judiciário. Hoje, elas são apenas 17,7% na Câmara e 16% no Senado. No STF, temos apenas duas mulheres, brancas, sendo que uma delas, Rosa Weber, atual presidente da Corte, se aposenta em setembro. Até a semana passada, o presidente Lula se mostrava reticente quanto a firmar um compromisso de indicar uma mulher para a vaga de Rosa, mas segundo noticiou o O Globo, a ideia ganhou força nos últimos dias e os nomes mais fortes seriam os da desembargadora do TRF da 2ª Região Simone Schreiber, da ministra do STJ Regina Helena, e das advogadas Dora Cavalcanti e Carol Proner. Há em curso uma campanha para que a indicação seja de uma mulher negra.
No Executivo, trama-se uma reforma ministerial para abrir espaço ao Centrão com o objetivo é ampliar a base de apoio do governo na Câmara dos Deputados. As cabeças que podem rolar para abrigar os deputados André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos –PE) são a da presidente da Caixa, Rita Serrano, e das ministras dos Esportes, Ana Moser, da Gestão, Esther Dwek, e das Mulheres, Cida Gonçalves. Antes, o alvo foi a ministra da Saúde, Nísia Trindade. Diante do cenário, as ministras jantaram com as senadoras nessa semana, e um dos assuntos em pauta foi justamente a necessidade de preservar a representatividade feminina no governo. Uma das promessas eleitorais do presidente Lula foi justamente a de dar mais espaço para as mulheres, até para se diferenciar do governo anterior. A ver se todos os governos são iguais, mas uns mais iguais que os outros. Ou não.
Meme da semana
Viralizou rápido - Minutos depois de a Polícia Federal deflagrar a operação Lucas 12:2, que culminou com pedido de quebra de sigilos bancário e fiscal do ex-presidente, um meme já estava criado, e, pior para ele, já viralizava pelas redes sociais e grupos de WhatsApp e Telegram.
Iniciativas reconhecem direitos da natureza do Brasil
Até que demorou, mas finalmente começa a ganhar força no Brasil o entendimento de que a natureza é um ente vivo e por isso é detentora de direitos para além da regulação da sua exploração pelo ser humano. E que esses direitos devem ser assegurados. Esse pensamento já é uma tendência em países da América Latina, como Bolívia, Equador e Chile. Nesta semana, a vereadora Kátia Maria (PT) apresentou Projeto de Lei na Câmara Municipal de Goiânia para assegurar o direito à vida do Rio Meia Ponte, um dos principais do estado de Goiás.
O projeto da vereadora foi apresentado cerca de um mês depois da aprovação da primeira lei que estabelecer direitos a um rio no Brasil. Em Guarajá-Mirirm, Rondônia, os vereadores aprovaram lei que reconhece “os direitos intrínsecos do Rio Laje-Komi-Memen como ente vivo e sujeito de direitos, e de todos os outros corpos d’água e seres vivos que nele existam naturalmente ou com quem ele se inter-relaciona, incluindo os seres humanos, na medida em que são inter-relacionados num sistema interconectado, integrado e interdependente".
A lei municipal, de autoria do vereador Francisco Oro Waram (PSB), liderança da aldeia Waram, estabelece que o rio tem o direito de "manter seu fluxo natural", "nutrir e "ser nutrido", "existir com suas condições físico-químicas adequadas ao seu equilíbrio ecológico" e se relacionar com seres humanos desde que "de suas práticas espirituais, de lazer, da pesca artesanal, agroecológica e cultural".
Outras cidades também aprovaram dispositivos semelhantes para aumentar a proteção de seus ativos naturais, a exemplo de Bonito (PE), Florianópolis (SC) e Serro (MG). Fora do país, o rio Ghandi, na Índia, já teve direitos reconhecidos, assim como o rio Whanganui, na Nova Zelândia. Há também cidades nos Estados Unidos em vias de aprovar leis similares.
A Bahia e seu rico patrimônio natural, que inclui rios como o São Francisco e Paraguaçu e Joanes, para citar os mais importantes, e biomas ameaçados como Caatinga, Cerrado e Mata Atlântica pode se beneficiar de leis assim. Nossos políticos precisam acordar.
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