Espírito vencedor de Henricão é incorporado em Kanu, do Bahia

Henrique dos Santos, o Henricão, vigoroso zagueiro de área e campeão da I Taça Brasil pelo Bahia, nos deixou às 16 horas do último domingo, dia 16, próximo de completar 90 anos, em 30 de agosto.

Felizmente, não viu - nem soube - que o seu tricolor, pelo qual fez 405 jogos em 10 anos, vestindo a camisa 3, com amor, garra e dedicação, ao lado de inúmeros parceiros, tivera uma atuação apática, sem a menor vibração, na derrota de 2x0 para o Athletico Paranaense, na Ligga Arena, em Curitiba, pelo Campeonato Brasileiro.

Entretanto, ao que parece, o seu espírito vencedor se incorporou em Kanu, zagueiro de área como ele, no final daquela partida, ao chamar os companheiros à responsabilidade.

'Nem que seja preciso sair na porrada', advertiu duramente o elenco, ao criticar o péssimo desempenho no jogo e a humilhante colocação na tabela, muito perto da zona do rebaixamento.

Ao encerrar a carreira no Bahia e retornar, em maio de 1967, ao seu Rio de Janeiro, o 'Gigante de Ébano' apontou os jovens Dodô e Pepeu como seus sucessores.

Errou o vaticínio: Dodô, por vir dos juvenis, não teve o espaço que merecia e optou pelos estudos e hoje, além de aposentado como procurador jurídico da Prefeitura de Salvador, advoga na área cível.

Já o jequieense Pepeu, de muito boa técnica e cercado de bastante cartaz, não vingou no futebol profissional, apesar de uma breve passagem - e sem brilho - pelo América-RJ.

Hoje, Kanu, pelo empenho, pela vontade e por querer sempre vencer, pode ser até o substituto de Henricão.

Mas, 'aqui prá nós', sem saudosismo, faltam neste time atual do Bahia outros jogadores dos tipos Nadinho, Roberto Rebouças, Marito, Vicente, Baiaco, Flávio, Mário, Florisvaldo, Douglas, Eliseu, Alencar, Fito, Léo, Carlito, Zé Hugo, Beijoca, Bobô, Paulo Rodrigues e Biriba, dentre outros.

Antônio Matos, jornalista e delegado de Polícia aposentado, é autor do livro 'Heróis de 59', que narra a conquista da I Taça Brasil, pelo Bahia.