Conheça os vencedores do prêmio IgNobel 2024; tem brasileiro na lista
Premiação é dada para pesquisas inusitadas como forma de fazer rir e pensar
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Flavio Oliveira
flavio.oliveira@redebahia.com.br
Os laureados com o Nobel deste ano serão conhecidos entre 7 e 14 de outubro. Mas a revista de humor científico Annals of Improbable Research (Anais da Pesquisa Improvável) já anunciou os vencedores do prêmio IgNobel. E tem brasileiro na edição deste ano.
Antes de continuar, é bom esclarecer: ao contrário do que pode parecer aos mais apressados e fanáticos do criacionismo, o IgNobel não está aí para alimentar pensamentos anticientíficos e detratar certas correntes e estudos acadêmicos. Seu lema é "fazer primeiro as pessoas rirem para depois pensarem". Por isso, a escolha recai para as pesquisas mais inusitadas, e não sobre as menos relevantes. Até porque não existe conhecimento irrelevante.
A queda de uma maçã da macieira poderia provocar um estudo banal em Botânica, mas, reza a lenda, é a raiz da descoberta da lei gravidade, que explica por que estamos presos ao chão em um planeta redondo que gira em torno de seu próprio eixo e em torno do sol. E há um caso de um mesmo cientista vencer os dois prêmios. O físico holandês Andre Geim ganhou o IgNobel em 2000 e o Nobel em 2010. O primeiro foi por sua pesquisa sobre uso de imãs para fazer um sapo levitar. O segundo, por experiências inovadoras com o grafeno bidimensional. Ele é tido como uma das maiores autoridades mundiais em grafeno e em levitação magnética (riu e pensou?).
E foi pela Botânica que o Brasil ganhou seu mais novo IgNobel. O biólogo Felipe Yamashita faz parte da equipe laureada, que descobriu, em 2013, uma planta incomum que crescia nas florestas chilenas. O vegetal foi chamado de Boquila trifoliolata e os cientistas perceberam que ela era capaz de imitar as folhas de até três plantas hospedeiras diferentes, tanto no formato, quanto na cor e nas nervuras ds folhas. A revelação mais recente é que a Boquila trifoliolata também pode imitar as folhas artificiais. A conclusão sugere que vegetais podem ter algum sistema de visão. "Não é uma visão como a humana, mas pode ser um tipo de visão primitiva", afirmou Yamashita à Folha de S. Paulo. "É interessante receber o prêmio porque dá visibilidade ao nosso trabalho", comemorou.
O IgNobel da paz de 2024 foi dado ao psicólogo americano BF Skinner por uma pesquisa realizada em nos anos de 1940, durante a Segunda Guerra Mundial. Ele elaborou um programa de pesquisa chamado Projeto Pigeon, para treinar pombos para servir como sistemas de orientação de mísseis. Segundo explicação do site Mega Curioso, na época da pesquisa, o maquinário que precisava ser usado para guiar os mísseis Pelican era tão volumoso que não sobrava espaço para explosivos de verdade. Skinner então pensou que os pombos poderiam ser uma solução mais barata e compacta.
Skinner, então, criou um novo sistema de arreios para os pássaros, posicionou os bichos verticalmente acima de uma placa de plástico translúcida e os treinou para "bicar" uma imagem projetada de um alvo.
O IgNobel de anatomia deste ano será dividido para vários cientistas envolvidos no estudo criado para desvendar se a direção de crescimento dos cabelos na população do Hemisfério Norte é o mesmo que o da população do Hemisfério Sul. Há outras dentro desse mesmo tema, que ligam a direção de crescimento de cabelo a outras características, como ser canhoto ou destro.
Fordyce Ely e William E. Petersen receberam o IgNobel de Biologia. A pesquisa também é da década de 1940. Para entender os processos fisiológicos envolvidos na ejeção de leite dos úberes de uma vaca e o papel que a adrenalina poderia desempenhar, eles inventaram um método que incluía um gato nas costas da bovina enquanto o ordenhador mecânico estava sendo acoplado nas tetas. Em seguida, eles explodiram sacos de papel. Depois de muitas análises, eles concluíram que o uso do gato foi totalmente desnecessário.
O IgNobel de Medicina foi para pesquisadores suíços, alemães e belgas que mostraram que medicamentos falsificados com efeitos colaterais dolorosos podem ser mais eficientes do que remédios que não causam efeitos colaterais aos pacientes.
Também chama atenção o IgNobel de Psicologia, dado aos japoneses que descobriram que mamíferos são capazes de respirar por meio do ânus. A expectativa é de que o achado possa auxiliar no tratamento de doenças respiratórias em humanos.
Outro destaque é o de Probabilidade, concedido a uma equipe de 50 cientistas que jogou moedas para cima 350.757 vezes para comprovar que elas têm uma leve tendência de cair para o mesmo lado.
Confira outros agraciados neste ano:
Física: James Liao, da Universidade da Flórida, investigou como as trutas mortas podem influenciar o comportamento de outros peixes em rios, mostrando o impacto ambiental dos animais mortos sobre outras espécies.
Química: Cientistas de Amsterdã usaram uma técnica chamada cromatografia para separar vermes "bêbados" dos "sóbrios". O artigo foi parte de uma pesquisa sobre polímeros.
Demografia: Intrigado com os centenários pelo mundo, Saul Newman investigou certidões de nascimento de pessoas muito idosas em vários lugares do mundo e mostrou que há falhas nos registros muito antigos, o que coloca em dúvida a verdadeira idade de pessoas acima dos 100 anos.
Yamashita não é o único brasileiro a ser reconhecido pela Annals of Improbable Research. Confira alguns dele:
* Astolfo G. Mello Araújo e José Carlos Marcelino receberam, em 2003, o prêmio de Arqueologia pela pesquisa sobre o papel dos tatus no movimento de materiais arqueológicos
*Fernanda Ito e Rodrigo Torres o prêmio de Nutrição por analisar o cardápio do morcego-vampiro-de-perna-peluda, em 2017
* Rodrigo Ferreira, também em 2017, ganhou o prêmio de Biologia por descobrir um pênis feminino e uma vagina masculina em um inseto que vive em cavernas
*Marco Antonio Correa Varella foi coautor de uma pesquisa que relacionava a desigualdade social dos países com a quantidade média de beijos na boca. O prêmio foi concedido em 2020
Com agências
Será a inteligência artificial uma bolha real?
Com a velocidade que subiu, caiu. Essas poucas palavras podem resumir o movimento no valor das ações da Nvidia e apontar para o risco de o setor de inteligência artificial estar se transformando em uma bolha similar à de empresa de internet nos anos 1990.
A empresa de processadores gráficos para jogos eletrônicos ganhou relevância desde o ano passado. Ela saiu na frente pelo poder de seus produtos lidar com o número de operações requeridas pelas aplicações de IA. No final de junho, depois de divulgar um balanço com lucros históricos, as ações da companhia registraram altas recordes e o valor de mercado da Nvidia superou US$ 3 trilhões (cerca de R$ 16,4 trilhões na cotação atual), passando a ser a empresa mais valiosa do mundo, passando Microsoft, Apple, Google e outras.
O título não durou muito, pela própria dinâmica do mercado de ações, mas a Nvidia continuou oscilando entre as quatro mais valiosas do planeta.
Na semana passada, porém, as ações da companhia despencaram e a Nvidia perdeu US$ 279 bilhões em apenas 24 horas (cerca de R$ 1,5 trilhão), a maior queda em um único dia na história dos Estados Unidos. O preço das ações caiu mais de 9% devido a dados econômicos fracos, e outros 2,4% nas negociações fora do horário comercial, após receber uma intimação do Departamento de Justiça para uma investigação antitrust (pelo controle do mercado).
O que pode explicar tamanha queda? E o que o tombo significa?
Os analistas dizem que os investidores deixaram o entusiasmo com a IA de lado. Isso porque os retornos ainda não vieram e estão sendo colocados em dúvida, uma vez que a IA ainda não é uma realidade totalmente difundida e muitos governos já preparam uma série de regulações que podem limitar os lucros desse tipo de tecnologia. Além disso, no caso específico da Nvidia, foi indicado apontado que a Big Tech precisa gerar US$ 600 bilhões anualmente para justificar gastos relacionados com hardware de inteligência artificial.
Como as compras das ações da Nvidia não vingaram nesse último trimestre, alguns especialistas já questionam se a IA não seria uma nova bolha. Bolha é o nome de mercado para aquelas ações que o valor aumenta muito rapidamente até que, em algum momento, muitos investidores começam a vender, e esse preço começa a despencar, prejudicando aqueles que compraram por um valor bem maior do que pelo que vão conseguir vender.
Na década de 1990, a animação com a popularização da internet levou à supervalorização de sites e provedores. Pouco tempo depois da bolha estourar, muitos deles simplesmente deixaram de existir. Desde então, o mercado ainda não conseguiu se recuperar da desconfiança de muitos investidores.
Com agências e ajuda do ChatGPT
Meme da semana
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