Autorização da Anvisa beneficia mercados de pet e de maconha
Brasil se excluiu da cadeia econômica da cannabis; itens e serviços para animais de estimação movimentam R$ 68 bi por ano no país
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Flavio Oliveira
flavio.oliveira@redebahia.com.br
Os animais, especialmente os de estimação, ganharam mais uma opção terapêutica para seus males. Na quarta-feira (31), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso de produtos à base de cannabis em tratamento de saúde veterinária. Serão novos itens a movimentar o enorme mercado de produtos e serviços para pets do qual faz parte, entre outras coisas, um perfume da grife Dolce &Gabbana por US$ 105 o frasco, cerca de R$ 615 ao câmbio dessa sexta (1º). Também mostra como o Brasil, principalmente a região Nordeste, pode estar perdendo oportunidades econômicas com a produção e beneficiamento da maconha (cannabis).
Segundo a decisão da Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (ABINPET), o setor pet faturou R$ 68,7 bilhões só em 2023, em itens como xampu, sabão, coleiras e rações, e serviços como banho, tosa e atendimentos veterinários. As projeções indicam que a tendência é que esse valor cresça ainda mais.
Numa inversão da famosa música de Eduardo Dussek, os brasileiros estão trocando crianças por cachorros e gatos, inclusive gastando mais com os filhotes de quatro patas que com os de duas pernas. Segundo o IBGE, em 2022, pelo quarto ano seguido, o país registrou redução na taxa de natalidade, com uma queda de 3,5% nos nascimentos de crianças em relação a 2021. Dados mais recentes da mesma ABINPET indicam o crescimento de famílias donas de pets, um movimento que cresceu durante a pandemia. Há, de acordo com a associação, cerca de 168 milhões de animais de estimação no Brasil, uma média de dois por lar. A ABINPET garante que há mais pets que crianças no país.
Também em franca expansão, o mercado global de maconha legalizada já movimenta aproximadamente R$ 175 bilhões por ano, segundo dados da empresa americana BDSA. Aqui incluído o mercado de fármacos, de roupas e acessórios e, claro, do uso recreativo da droga, aprovado em alguns países. A perspectiva é que este mercado movimente mais de R$ 300 bilhões por ano a partir de 2027.
O uso de canabidiol (um composto dos pés de maconha) está liberado no Brasil desde 2015, para 12 tipos de doença. Algumas cidades, a exemplo de Salvador, têm políticas aprovadas de distribuição desse tipo de remédio pelo SUS municipal. Esses produtos, porém, precisam ser importados, pois a legislação nacional ainda não permite a produção e beneficiamento da “erva” em território nacional, onerando o bolso dos pacientes e o custo do SUS.
Voltando ao mercado pet, veterinários questionam o uso exagerado de determinados produtos. Segundo eles, o uso de perfumes, por exemplo, prejudica os animais. Porque, como neles o olfato é um sentido bastante desenvolvido, o cheiro natural é uma forma de comunicação. O uso exagerado de perfumes também pode afetar e o olfato de cães e gatos. Há outras crueldades na tentativa de humanizar pets para além da comparação entre a fome de crianças inseridas no contexto de vulnerabilidade socioeconômica e os quilos de ração desperdiçadas que vão parar nos lixões. No Congresso, tramita um projeto de lei que visa proibir a criação e comercialização de raças de cães braquicefálicos (com focinho achatado para aumentar a aparência humana desses animais), como shih tzu, pug e buldogue. O argumento, referendado por profissionais da área, é evitar o sofrimento desses cães, que têm mais chances de desenvolverem doenças pulmonares.
Por outro lado, o mercado de cannabis começa a sofrer reveses. Novas pesquisas indicam que o uso a longo prazo da droga pode afetar o desenvolvimento cerebral de adolescentes e jovens adultos. Como lembra reportagem da BBC, os receptores de cannabis são densamente povoados nas áreas cerebrais que regulam substâncias como dopamina, ácido gama-aminobutírico (GABA) e glutamato. A dopamina está envolvida na motivação, recompensa e aprendizado. O GABA e o glutamato desempenham um papel nos processos cognitivos, incluindo aprendizado e memória.
Ainda segundo a BBC, a estimativa dos estudos, publicados no The Journal of Psychopharmacology, no Neuropsychopharmacology e no International Journal of Neuropsychopharmacology, é a de que 10% dos usuários sofram com o transtorno induzido por cannabis, que é o desejo persistente de usar a droga, mesmo que para isso tenham de interromper atividades como trabalho e estudo. Esse mal afeta a cognição (capacidade de adquirir conhecimento e desenvolver emoções, através de processos mentais como o raciocínio, a linguagem e a memória).
As várias camadas presentes nos dois assuntos – mercados pet e de cannabis legalizada para fins medicinais e recreativos –, juntos ou separados, exigem cada vez mais uma reflexão adulta da sociedade brasileira, para pesar, sem preconceitos, prós e contras. E os motivos e o que fazer com essa necessidade de usar maconha e outras drogas para fins não medicinais, e desse comportamento de evitar filhos para complementar a família com pets “humanizados”, mesmo que isso afete a qualidade de vida desses animais. A proibição nunca barrou o uso de substância psicoativas no Brasil. As milionárias facções criminosas que o digam.
Apostas online crescem e viram problema de saúde pública mundial
Os malefícios das apostas online não são exclusivos para a população brasileira. Pelo contrário, as apostas online se tornaram e devem ser encaradas pelos governos como um problema de saúde pública mundial, segundo a conclusão de um artigo publicado na prestigiada revista científica The Lancet Public Health nessa semana. A pesquisa diz que as apostas online “não são um tipo de lazer; podem fazer mal à saúde e viciar. Os danos associados às apostas são amplos, afetando não apenas a saúde e o bem-estar de uma pessoa, mas também suas finanças, relações pessoais, famílias e comunidades, com consequências para a vida toda e aumentando a desigualdade", conforme citação feita por reportagem da Folha de São Paulo.
O estudo levantou que 46,2% dos adultos do planeta e 17,9% dos adolescentes fizeram alguma aposta no ano passado. Algo em torno de 450 milhões de pessoas apostando, e que 80 milhões delas apresentam algum tipo de distúrbio relacionado à prática.
Ainda segundo a análise, entre apostadores de cassinos online, 15,8 % dos adultos e 26,4% dos adolescentes apresentaram alguma modalidade de distúrbio relacionada à compulsão ao jogo; nas apostas esportivas, ainda segundo a revista, foram 8,9% dos adultos e 16,3% dos adolescentes.
Os pesquisadores concluem que no cenário atual, devido ao lobby das casas de jogos que utilizam as mesmas práticas que durante anos dificultaram o combate ao tabagismo, o risco à saúde pública mundial associado às apostas online é crescente.
meme da semana
O Jogo do Tigrinho continua fazenda cabeça e esvaziando os bolsos de muita gente no Brasil e no mundo. Com uma estratégia e negócios agressiva, com muito investimento em publicidade nas redes sociais, inclusive para crianças, o cassino online segue prejudicando muitos para oferecer ganhos a poucos. A chance de ganhar é de 1 em 40 milhões. O tigre listrado não está mais triste, muito menos comendo apenas um prato de trigo.
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