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A hora dos carros elétricos já passou?


 

Preço e falta de estrutura inibem consumidor, mas restrição a combustíveis fósseis é algo imperativo

  • Flavio Oliveira

Publicado em 07/09/2024 às 16:00:41
Número de estações de recargas pode ser um problema para proprietários de elétricos. Crédito: shutterstock

O apelo é irresistível, um carro que além de cumprir o papel de ferramenta de mobilidade individual e de status socioeconômico, ainda tem o bônus da consciência e causa ecológicas, do ESG, da eficiência e da modernidade. Apesar disso, comprar um veículo elétrico ainda demanda muitas ponderações dos consumidores, que se perguntam se esse é o melhor momento para aposentar o motor a combustão. A dúvida shakespeariana teve uma resposta dada essa semana pela Volvo. A montadora anunciou ter recuado da decisão de produzir apenas veículos 100% elétricos.

A decisão segue em linha com as adotadas pelas Mercedes-Benz, Ford, GM e Toyota, por exemplo. Por outro lado, as montadoras chinesas – e a Volvo é controlada por uma delas – continuam investindo em elétricos, inclusive com grandes excedentes de produção voltado para exportações. E esse é um dos problemas para as montadoras.

Aqui no Brasil, na quinta (5), a Anfavea (Associação Nacional das Fabricantes de Veículos), ao mesmo tempo em que comemorava indicadores de que a venda de carros novos no país voltou ao patamar da pré-pandemia, pediu ao governo a recomposição da taxa de importação de 35% para veículos eletrificados chineses. Hoje, essa taxa está em 25%. “Não estamos defendendo um aumento do imposto de importação, mas sim a recomposição para a tarifa padrão”, afirmou o presidente da associação, Márcio de Lima Leite, à CNN Brasil. Leite argumentou que essa medida visa equilibrar o mercado, considerando o elevado estoque de veículos importados da China no país, estimado em cerca de 80 mil unidades.

Em janeiro deste ano, Elon Musk, CEO da Tesla, atualmente a montadora mais valiosa do mundo, disse que as montadoras chinesas irão “demolir” as rivais globais se não forem impostas barreiras comerciais. Musk elogiou os chineses – dizendo que são muito bons – e negou defender taxações, uma vez que a própria Tesla depende de componentes vindos do país asiático.

Há questões ecológicas também. A produção de baterias também impacta o meio ambiente e inexiste uma solução definitiva sobre o que fazer com as baterias usadas. E, ainda, a emergência de novas tecnologias com promessas de mais eficiência e menos poluição, como o hidrogênio verde e etanol de segunda geração.

Por fim, temos o lado do consumidor. O poder de sedução dos elétricos tem sua criptonita: o bolso dos potenciais compradores. Eles comparam o investimento com a economia de combustível, a desvalorização na hora da revenda, gastos com manutenção e segurança. Em média, um carro eletrificado está sendo revendido por um preço até 40% menor que o definido pela tabela Fipe (espécie de padrão ouro que baliza o mercado). Na segurança, os elétricos esbarram na infraestrutura. O número de pontos de recargas é reduzido e o risco de o carro parar por falta de energia é grande.

O cenário pode mudar. Ele é fruto de um momento em que a eletrificação de veículos está na fronteira entre o mercado de nicho (para alto padrão) e o ganho de escala para se popularizar entre consumidores de médio padrão. É tudo muito novo e as montadoras estão pisando no freio, não a ponto de desistirem dos elétricos, pois a transição energética é e vai continuar sendo, mais que uma tendência, uma necessidade para a sobrevivência do planeta.

Nessas circunstâncias, as fabricantes preferem, no momento, apostar em híbridos, que usam motores elétrico e a combustão. No entanto, o preço ainda assim é alto e o conjunto de siglas pode assustar e confundir os consumidores. Em resumo, há três tipos: o híbrido leve (MHEV) usa um pequeno motor elétrico para ajudar nas partidas e subidas. No híbrido tradicional (HEV), o motor a combustão alimenta o elétrico. No plug-in (PHEV), a bateria do elétrico pode ser recarregada na tomada (como um 100% elétrico), o que dá ao veículo maior autonomia para percorrer maiores distâncias.

Violentada 200 vezes, idosa quer evitar novos casos de submissão química

Horror. Esta é talvez a única palavra capaz de traduzir a realidade vivida pela francesa Gisèle Pelicot, 71 anos, em um caso que chocou a França. O caso mostra também a necessidade urgente da Justiça rever seus ritos e procedimentos a ponto de não fazer vítimas de abuso sofrerem o ato de violência uma segunda vez. No caso de Gisèle, o choque deve ter sido bem pior porque ela não tinha consciência de era abusada até a polícia lhe contar. E, no tribunal, foi obrigada a ver pela primeira vez os estupros de que foi vítima.

O mundo de Gisèle, segundo palavras da própria, começou a desabar em 2 de novembro de 2020. Naquela data, policiais lhe mostraram fotos de homens que ela não conhecia a estuprando, em cima de sua cama. Gisèle era frequentemente dopada pelo marido, Dominique Pelicot, hoje também com 71 anos, que convocava outros homens para abusar da esposa entorpecida. Ele filmava tudo. E foi graças a essas imagens repugnantes que o crime, repetido entre 2011 e 2020, foi descoberto e cessado.

A polícia chegou até Dominique quase que por acaso. Ele foi preso filmando por baixo das saias de clientes de um shopping. Revistando seu computador e pen drives, os policiais se depararam com milhares de fotos e vídeos de Gisèle, visivelmente inconsciente, enquanto dezenas de estranhos a estupravam. Os investigadores calculam que a idosa sofreu 200 abusos em nove anos.

No dia da prisão do marido, Gisèle se recusou a ver as imagens, que ela foi obrigada a encarar nessa semana, durante o longo julgamento de 51 homens acusados de violentá-la. “Me tratam como uma boneca de pano (...). Eu me pergunto como aguentei (...) O corpo está quente, não frio, mas estou morta na minha cama”, foram algumas das frases que ela teria dito ao encarar os vídeos segundo a agência France Prese (AFP).

Alguns acusados alegam que não sabiam que o marido administrava comprimidos para dormir e que pensavam que se tratava de um casal libertino, algo que Gisèle sempre negou. “Nunca pratiquei troca de parceiros. Nunca fui cúmplice, nem fingi que estava dormindo”. Apesar da dor, Gisèle rejeitou pedido do Ministério Público para que o julgamento fosse de portas fechadas.

Ela afirmou querer fazer desse julgamento um exemplo. “Falo por todas estas mulheres que estão drogadas e não sabem disso, em nome de todas estas mulheres que talvez nunca o saibam (...), para que mais mulheres não tenham que sofrer submissão química”, justificou. Nesta semana começa o julgamento de seu ex-marido.

meme da semana

Muitos se perguntam como e por que alguns internautas ainda conseguem usar o X (o antigo Twitter) depois da ordem de bloqueio dada por Alexandre de Moraes. A resposta está nos postes de Salvador. O funcionário da Anatel não acha o cabo que desliga a rede social.

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