Ritmo de obras da Fiol e Porto Sul preocupam
Quem passou pelos canteiros nos últimos dias viu pouca ou nenhuma movimentação
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Donaldson Gomes
donaldson.gomes@redebahia.com.br
Vista preocupante
Quem passa próximo aos canteiros de obras do Porto Sul, em Ilhéus, e do trecho 1 da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol), entre a cidade do Sul da Bahia e Caetité, tem muito pouca coisa para ver. Se as obras estão mesmo acontecendo, estão muito distantes de qualquer olhar. Esta semana, um empresário com negócios na região conta ter passado pelo Porto Sul e nada viu. Questionou quem encontrou na vizinhança e a informação é que por lá entra um carro por dia, quando muito. É só a segurança patrimonial posicionada. "O que dizem é que não tem mais porto e que o pessoal da empresa, se é que ainda está na região, é pelos lados de Uruçuca", afirmou, referindo-se às possíveis obras da ferrovia. Na semana anterior, foi este jornalista quem passou pela região e também nada viu.
E agora?
A boca miúda, o que se diz, tanto no mercado quanto entre representantes do Poder Público, é que os donos da Bamin estariam enfrentando algumas dificuldades decorrentes da guerra entre Rússia e Ucrânia. Ainda reservadamente, comentam-se que a empresa estaria priorizando o andamento da conclusão da Fiol e deixando o Porto Sul em espera, porque não tem dinheiro para tocar os dois projetos sozinha. Ao mesmo tempo, a Bamin estaria se movimentando em busca de um investidor. A aposta mais forte é na Vale, com uma pressão do Governo Lula para isso. A conferir. Mas o grande medo de quem acompanhar o desenvolvimento das obras é o cenário de mingua se prolongar e chegarmos ao momento de termos uma ferrovia sem porto. Justo aqui, onde já tivemos parques eólicos sem redes de distribuição...
O novo ouro
Os investimentos em descarbonização e transição energética devem gerar uma corrida pelo cobre. Entre o aumento na produção de energia, desafios de conectar parques geradores e a crescente eletrificação da mobilidade, o cenário esperado é de um crescimento de 115% no consumo do mineral nos próximos anos, o que significa a necessidade de abrir seis novas minas do produto por ano no mundo. "O cumprimento das metas de descarbonização vai demandar um esforço enorme e pode ser caótico para o mercado de commodities minerais", avaliou Marcos Graciano, diretor executivo de operações da EroBrasil Caraíba e vice-presidente do Sindimiba, entidade que representa as mineradoras na Bahia. O cenário foi apresentado por ele durante o 6º Seminário da Mineração na Bahia (Semba), em Ilhéus, reunindo boa parte da comunidade de mineração no estado.
Contribuição baiana
Na Bahia, a Caraíba produz entre 12% e 14% do cobre no Brasil. A mina é a principal recolhedora do Cfem (royalties da mineração) na Bahia e já está em operação há quatro décadas. "A Bahia ainda tem um potencial enorme de crescimento na produção de cobre", aponta. O grande destaque é justamente o Vale do Curaça, onde a EroBrasil Caraíba opera e têm diversos requerimentos de pesquisa, mas há outras áreas promissoras no estado, aponta Graciano. Para ele, um estímulo importante para a cadeia do cobre na Bahia passa pela retomada na produção de cobre metálico, impactada pelas graves dificuldades enfrentadas na Paranapanema.
Em destaque
A Jacobina Mineração Pan American Silver aproveitou o 6º Semba para apresentar as suas ações de ESG e os sistemas de ventilação subterrânea de mina.
Em destaque II
O presidente da CBPM, Carlos Borel, destacou a oportunidade de diálogo sobre o futuro da mineração baiana durante o Semba.