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Proposta de renovação da FCA pode deixar Bahia isolada, avalia Fieb


 

Audiências públicas acontecem entre 30 de setembro e 4 de outubro

  • Donaldson Gomes

Publicado em 23/09/2024 às 18:40:22
VLI demonstra interesse em deixar de operar 291 km na Bahia. Crédito: Divulgação

A proposta para a renovação da concessão da Ferrovia Centro Atlântica (FCA), apresentada pela VLI, pode causar um isolamento logístico da Bahia, avalia a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb). A entidade defende a necessidade de uma mobilização durante as audiências públicas, que acontecem entre 30 de setembro e 4 de outubro, por alterações na proposta. Em Salvador, a audiência está marcada para o dia 4 de outubro. A preocupação é que a malha ferroviária que atende a Bahia fique ainda menor.

Pela proposta da VLI os trechos da FCA na Bahia, que interligam o estado a Minas Gerais e Sergipe, serão descontinuados no contrato de renovação, com a paralisação desses trechos. Dos 7.220 quilômetros (km) de ferrovia sob concessão, a VLI quer devolver 2.132km, dos quais 291km (14%) são em território baiano – Bonfim-Petrolina e Alagoinhas-Propriá. Outro ponto preocupante é o que acontecerá com os 1.883km, incluindo o trecho Corinto-Campo Formoso, de onde há ligações com os trechos a serem devolvidos no estado.

Para apoiar o projeto de renovação, a FIEB pede que sejam oferecidas três garantias: que o trecho entre Corinto (MG) e Campo Formoso (BA) siga em operação até que haja a solução de um novo operador; que haja um direcionamento dos recursos da renovação automática e de outras ferrovias para melhoria do trecho entre Corinto e Campo Formoso, aumentando sua velocidade com obras de retificação de traçado e rampas; além disso, a garantia da funcionalidade da FIOL 2 (Caetité-Barreiras) e da FIOL 1 (Ilhéus-Caetité), permitindo que a interseção com a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) assegure que as cargas cheguem aos portos da Baía de Todos os Santos até que o Porto Sul entre em operação.

“Precisamos nos posicionar sobre a proposta que está em curso e defender esse trecho estratégico para a Bahia. O que está em jogo é a interligação da Bahia pela via ferroviária com outros centros importantes, o escoamento da produção de setores importantes da nossa economia, como a mineração”, afirma o presidente da FIEB, Carlos Henrique Passos.

Para ele, é preciso pensar mais à frente para entender o grande impacto do que está em curso, pois a interrupção da operação da FCA na Bahia abre caminho para a perda de cargas do trecho FIOL da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fol), entre Barreiras e Mara Rosa (GO) – novo traçado que está em estudo pelo governo federal, em substituição a Figueirópolis.

A FIEB defende, em nota, que seja garantida formalmente, na renovação, a manutenção da operação no trecho baiano, enquanto o governo define qual modelo operacional será adotado para esta ferrovia. Somado a essa garantia, deverá acontecer investimento público para viabilizar as condições de operação do trecho. “Não será possível atrair um investidor privado para operar, baseado nas condições atuais”, afirma. Uma solução para esse investimento nas melhorias necessárias pode ser via a utilização de recursos via o Capex (despesas de capital) proposto pela VLI.