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Eólicas garantem segurança energética em meio a seca extrema


 

Bahia é lider em geração de eletricidade pela matriz renovável e também em novos projetos

  • Donaldson Gomes

Publicado em 19/09/2024 às 05:00:00
Nordeste concentra 90% dos projetos eólicos brasileiros. Crédito: Divulgação

Vento a favor

O grave período de seca vivido pelo país, refletido em centenas de registros de queimadas e responsável pela bandeira vermelha nas contas de energia, só não está causando um estrago maior no sistema elétrico graças às fontes renováveis. Segunda fonte energética do país atualmente, a eólica já responde por 20% da geração e vem segurando a onda. “Estamos passando por um período de seca muito forte, e as hidrelétricas não estão gerando tudo que podem, em virtude disso. Neste cenário, a energia eólica chega a gerar 20% de toda a necessidade de energia do Brasil. A fonte tem crescido bastante nos últimos anos”, destaca Elbia Gannoum, presidente da Abeeólica, entidade que representa a cadeia de produção no país. Para ela, o momento escancara a necessidade de o país seguir investindo na matriz renovável, que tem a Bahia como líder em geração e em novos projetos. “Nós temos recursos em abundância, principalmente no Nordeste, onde estão mais de 90% dos nossos parques”, afirma. Além de dar robustez ao sistema elétrico, o avanço da energia renovável representa desenvolvimento econômico e social.

Indústria em retração

Apesar dos bons números e boas perspectivas, há uma crise na cadeia de fornecimento de equipamentos para a geração de energia eólica no país. Em meio a fechamentos de unidades, algumas aqui na Bahia, de 2021 para cá, a estimativa é que as indústrias que produzem pás, aerogeradores e torres tenham demitido quase 8 mil trabalhadores, diz Elbia Gannoum. “Na contramão dos excelentes números relacionados à geração de energia limpa, a indústria de componentes eólicos vive uma crise há alguns anos no Brasil”, reconhece. “Trata-se de uma situação conjuntural”, diz. Após sucessivos anos de avanços, quando o Brasil alcançou a marca de 80% das peças das turbinas produzidas internamente, houve um hiato de dois anos sem novos contratos, que desestruturou a cadeia de fornecimento. “É uma conjuntura que deve melhorar nos próximos anos, mas infelizmente, neste momento passamos por uma crise muito difícil”, avalia. Para a presidente da Abeeólica, existe a expectativa de uma retomada, mas em novos termos.

Transição justa

Para a presidente da Abeeólica, a produção de energia renovável atende à demanda mundial por uma transição energética justa. Um estudo da Abeeólica indica que a cada R$ 1 investido em parques, são acrescentados R$ 2,9 ao PIB brasileiro. “A chegada dos parques ao Nordeste gerou um desenvolvimento de 21% no PIB da região e um desenvolvimento humano de 20%”, destaca. Elbia esteve em Salvador na última sexta-feira (dia 13), no evento Diálogo, que reuniu produtores de energia, representantes de governo e responsáveis por licenciamentos. Ela aponta os números como sinais de que a matriz está pronta para se inserir no contexto de uma transição energética justa, ou seja, boa para todos. “Hoje a Bahia é o maior estado em produção de energia eólica e também em capacidade instalada, depois de ultrapassar o Rio Grande do Norte este ano. É o estado que mais está construindo parques atualmente e que mais vai construir nos próximos anos”, aponta.

Novos investimentos

A Fator Realty vai lançar dois empreendimentos em Salvador que, juntos, alcançam a casa de R$ 570 milhões, em volume geral de vendas (VGV). Os dois lançamentos, e mais um previsto para 2026, devem fechar o ciclo de lançamentos da empresa no Aquarius, bairro onde a empresa concentra grande parte dos seus investimentos na capital baiana desde a década de 90. O que vem depois? “Vamos seguir investindo em outras áreas da cidade”, diz Vasco Rodrigues, CEO da Fator, em entrevista exclusiva. Área na capital baiana, acredita, não será problema. “Para quem garimpa terrenos no disputado mercado do Rio de Janeiro, é fácil encontrar boas áreas em Salvador”, garante Vasco. No ano passado, registrou um faturamento de R$ 170 milhões e, este ano, espera um aumento de 10% nos números.

Que beleza!

Com mais de 50 mil estabelecimentos registrados como cabeleireiros, manicure e pedicure, outros 13,7 mil registrados para atividades estéticas e cuidados com a beleza, além de 20,1 mil dedicados ao comércio de cosméticos, perfumaria e higiene, o mercado da beleza é fonte de sustento para muita gente. O setor de cosméticos no estado movimenta cerca de R$ 3 bilhões, segundo o Sindicato das Indústrias de Cosméticos e Perfumaria do Estado da Bahia (Sindcosmetic Bahia). É este mercado que a Wella Company trabalha para conhecer com cada vez mais profundidade, diz Guilherme Catarino, novo presidente da empresa. A empresa escolheu a Bahia para a realização da 18ª edição do Encontro Win, ontem, em um resort na Praia do Forte. Com 350 participantes, o evento tinha alguns dos principais profissionais de beleza do país. “Quando o cabeleireiro toca uma consumidora, ele muda vidas. Como indústria, temos que fomentar essa transformação”, diz.

E-commerce

O Nordeste foi a região brasileira que mais cresceu em faturamento no e-commerce no segundo trimestre de 2024, na comparação com 2023. No total o faturamento deste último trimestre na região foi de R$ 16,7 bilhões, um crescimento de 18,7%. Os dados vêm da Neotrust, empresa de soluções de inteligência para o e-commerce do ecossistema Confi. No entanto, a região Sudeste continua sendo a que faturou mais em montantes absolutos: foram R$ 41,1 bilhões e crescimento de 14,2% do segundo trimestre de 2023 para o de 2024. A região Centro-Oeste faturou R$ 5,4 bilhões no segundo trimestre de 2024, o que rendeu aumento de 14%. O Sul obteve R$ 11,8 bilhões (12,7% de crescimento nos períodos) e o Norte, R$ 2,2 bilhões (9,8%).