Confira os profissionais indicados ao Prêmio Gastronomia Preta 2024; 12 atuam na Bahia

Acontece neste fim de semana uma das maiores celebrações à negritude no país. É a 2ª edição do Festival Gastronomia Preta, que em 2024 acontece das 10h às 18h no Parque Glória Maria, Rio de Janeiro (RJ), com uma programação gratuita e protagonizada por pretos, pardos e afroindígenas de destaque no Brasil.

Além da Praça de Alimentação com cerca de 25 empreendedores, o evento terá a Cozinha Show Benê Ricardo, espaço com preparo ao vivo de iguarias assinadas por 8 chefs; shows de samba com artistas locais e a cerimônia de entrega do Prêmio Gastronomia Preta.

Criada em 2022 pelo pesquisador e professor do Departamento de Gastronomia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Breno Cruz, a premiação visa a exaltar os profissionais negros do setor de alimentos e bebidas no Brasil, dando visibilidade à toda a cadeia: desde auxiliares de cozinha e garçons até chefs consagrados.

Assim como em anos anteriores, diversos profissionais baianos ou que atuam na Bahia chegaram à final da premiação. “Bahia é Brasil, Brasil é Bahia. Quem não reconhecer a grandiosidade da Bahia para a nossa cultura na verdade está desconsiderando a totalidade do Brasil. Não tem como a gente simplesmente pensar no eixo Rio-São Paulo e, às vezes, Belo Horizonte também”, destaca Breno. Os ganhadores, que passaram por entrevistas e sabatinas com curadores, serão divulgados no domingo. Confira ao lado os indicados e faça sua torcida!

Impacto financeiro e social

Para Breno, o festival causa diversos impactos no setor. Um deles é o econômico e social, com impulsionamento de carreiras iniciantes na gastronomia, proporcionando capacitações e contribuindo com geração de emprego e renda.

“Ano passado (2023) a gente movimentou mais de R$ 1,1 milhão com a execução do festival, seja na contratação de serviços e na comercialização dos empreendedores, enfim, e de tudo que está agregado também nessa cadeia”, revela Cruz.

Os pequenos comerciantes da feira são acolhidos e acompanhados desde o momento da inscrição, que é gratuita, até a real formalização de seus negócios. “Alguns não têm MEI, alguns não sabem o que é uma licença sanitária temporária para atuarem em eventos. A gente cria uma rede entre esses empreendedores, no sentido de que eles possam se acolher, que eles possam trocar experiências”, adiciona o professor.

Alguns desses expositores também passaram pelo curso Pretonomia, um projeto de extensão do departamento de Gastronomia da UFRJ em parceria com o MPT-RJ e Hotel Rio Othon Palace, que visa a capacitar jovens pretos e pardos e da periferia carioca. A turma 3, com 15 mulheres e 1 homem, se formou ao final de outubro deste ano e também teve apoio de 26 profissionais consolidados do segmento.

Mas essa não é a única repercussão do festival. “A gente tem um segundo impacto que a gente não consegue mensurar, tangibilizar. Tem, de fato, relação com a autoestima das pessoas, dessas pessoas pretas que trabalham na gastronomia, e elas poderem aquilombar em torno da gastronomia. Eu acho que esse sentido de coletivo, de se sentir bem no evento que é nosso, é muito importante também”, reforça.

Mesmo com essa relevância comprovada, a edição 2024 enfrentou dificuldades na viabilização. Com apenas um patrocínio, o evento teve diminuição em tamanho este ano. “Em termos de potência, de aquilombamento, de querer estar junto, eu tenho certeza que vai ser tão potente, ou maior, inclusive, do que o ano passado”, espera Breno.

Questionado sobre 2025, Breno é franco ao destacar a presença do Ministério da Igualdade Racial. “O apoio deles chegou agora, aos 45 minutos do segundo tempo. Mas é essencial que continue nos próximos anos. É sobre a importância de uma política pública na ponta, porque a gente está ajudando a acelerar trajetórias profissionais por meio da gastronomia”, ressalta.

A realização do Festival Gastronomia Preta é da ONG SAV Social e da FGP Eventos em Gastronomia. Conta com o patrocínio da Eisenbahn e, enquanto parceiros, a TV Globo, a Secretaria de Cultura Cidade do Rio de Janeiro, Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro (MPT-RJ) e o Ministério da Igualdade Racial do Governo Federal.