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Publicado em 28 de março de 2024 às 05:00
Em média, cada pessoa produz 343 quilos de lixo por ano. No Brasil, com uma população superior a 200 milhões de habitantes, o total de resíduos gerados anualmente chega perto de 80 milhões de toneladas. De acordo com Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), a taxa de reaproveitamento ou reciclagem não passa dos 4% no país. Já a reciclagem do plástico é de 25%, segundo o relatório da Maxiquim (dados 2022).
Por essa razão, tornam-se imprescindíveis ações que promovam na sociedade mudanças positivas, a exemplo do incentivo à coleta seletiva e do despertar para o consumo consciente. Com o objetivo de chamar a atenção para a questão, a Assembleia Geral das Nações Unidas estabeleceu, em 2022, o Dia Internacional do Lixo Zero, celebrado em 30 de março.
Nesse contexto, a economia circular surge como um conceito crucial. A ideia abrange a priorização de energia e matéria-prima renováveis, reutilização de embalagens, consumo consciente e produção com menor geração de resíduos e emissões, mantendo um fluxo circular de recursos, adicionando, retendo ou recuperando seu valor, ao mesmo tempo em que contribui para o desenvolvimento sustentável. Essa abordagem também está sendo adotada pela indústria, a exemplo da Braskem, que estabeleceu como meta ampliar seu portfólio para incluir 1 milhão de toneladas de produtos com conteúdo reciclado até 2030.
Esse é um passo fundamental na transição de uma economia linear, centrada no descarte, para uma circular, que valoriza o retorno dos produtos ao ciclo produtivo. Associar essa visão à reciclagem de resíduos é essencial, mas a economia circular se inicia no design das embalagens dos produtos, sendo necessário considerar a minimização dos impactos ambientais e facilitar a volta do material ao ciclo. Uma iniciativa é o Cazoolo, criado pela Braskem, em São Paulo, um espaço que funciona de forma colaborativa para que indústria, startups, designers, gestores de marcas e universidades criem embalagens mais sustentáveis.
Para alcançar uma mudança sistêmica, no entanto, é imperativo focar não apenas na indústria, mas também na educação e na alteração de hábitos da população. Incentivar o consumo consciente, o descarte correto e o reaproveitamento de materiais plásticos são alicerces essenciais para uma sociedade sustentável.
Por isso, o Dia Internacional do Lixo Zero não deve ser apenas uma data comemorativa, mas um chamado à ação coletiva. O envolvimento de todos os setores da sociedade, incluindo governo, empresas e a população em geral, é decisivo para consolidar uma relação sustentável com o plástico e outros materiais. A reciclagem não é apenas uma necessidade, mas uma responsabilidade que deve ser compartilhada.
Fabiana Quiroga é diretora de Economia Circular da Braskem na América do Sul