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Até quando contaremos corpos na Bahia?

O número de pessoas mortas em ações policiais faz com que o estado tome o lugar histórico ocupado pelo Rio de Janeiro

Publicado em 22 de julho de 2023 às 05:00

Artigo
Artigo Crédito: Arte CORREIO

A Bahia mais uma vez está no centro do debate sobre mortes violentas, por continuar no topo do ranking, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Os dados apontam que o projeto de segurança em curso na Bahia tem na violência policial um de seus pilares. O número de pessoas mortas em ações policiais faz com que o estado tome o lugar histórico ocupado pelo Rio de Janeiro. O Rio, vale lembrar, já foi condenado na Corte Interamericana de Direitos Humanos pela violência policial.

Há muitas maneiras de demonstrar que a morte pela polícia não traz segurança para a população. Tomemos apenas um dado de exemplo: as balas perdidas. No início deste mês, Ailana, de 6 anos, foi vítima de uma delas. Ela estava em casa com o pai quando começou uma ação policial no Arenoso. Ailana foi atingida na coxa e sobreviveu.

Desde que o Fogo Cruzado e a Iniciativa Negra começaram a contar tiroteios na Grande Salvador, há pouco mais de um ano, 23 pessoas foram vítimas de balas perdidas durante ações policiais. Destas, 10 tinham menos de 18 anos.

Assim como no Rio, a ação da polícia é motor da violência armada. Aqui, como lá, em média, mais de um terço do total de tiroteios mapeados acontecem durante uma intervenção da polícia. Importante ressaltar que apesar de toda a população estar em risco, isso ocorre de maneira desigual. Os dados da Grande Salvador mostram que 24 bairros concentraram 56% dos tiroteios em ações policiais. Destes, todos têm maioria da população residente negra. 18 bairros registraram chacinas policiais. Destes, todos têm maioria da população residente negra. 44 bairros registraram perseguições policiais com tiros. Destes, apenas um não tem maioria da população negra.

Apesar dos vários recortes de dados, produzidos por diferentes fontes, mostrarem a gravidade do cenário, as mortes pela polícia não parecem ser um problema para as autoridades baianas. O plano estadual de segurança pública não aborda esta questão e não há nenhuma ação que vise, no mínimo, controlar excessos e más condutas. Pelo contrário, uma mensagem, sutil para observadores desavisados, de incentivo às tropas, vem dando o tom em diversos episódios onde são cobradas responsabilidades do poder público.

Qual caminho o governo recém-eleito pretende seguir?

A Bahia tem um histórico de defesa de pautas democráticas e cada vez mais organizações da sociedade civil têm produzido não apenas denúncias, mas saídas, e estão dispostas a colaborar com a construção de novos caminhos. É hora de política feita com diálogo, legalidade e focada em suas atribuições constitucionais. Porque já passou da hora de pararmos de contar corpos na Bahia.

Cecília Olliveira é diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado

Dudu Ribeiro é diretor executivo da Iniciativa Negra por uma Nova Política de Drogas