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A grosseria de Jerônimo, o deputado fake news e o apoio da base petista ao aumento do ICMS


 

Governador adota tom mais ríspido em entrevistas, deputado é desmentido pelo setor produtivo e mais novidades da política baiana

  • Coluna Pombo Correio

Publicado em 10/11/2023 às 05:00:00

Grosseria

Após se notabilizar pelos escorregões verbais, o governador Jerônimo Rodrigues (PT) passou agora a adotar um tom mais ríspido em suas entrevistas. Durante um ato na Adab, o governador foi questionado pela imprensa sobre o número de vagas para o concurso do órgão e rebateu a repórter que fez uma pergunta: “Eu tava certo. Vai desculpar aí, vai corrigir o governador mais nunca”. A resposta áspera causou constrangimento, mas Jeronimo seguiu a entrevista como se nada tivesse acontecido.

Deputado Fake News

Líder do governo na Alba ganhou o apelido de ‘Deputado Fake News’. Crédito: Alba/Divulgação

O líder do governo na Assembleia Legislativa (ALBA), Rosemberg Pinto (PT), passou de todos os limites. Não satisfeito em articular o aumento do ICMS, ele inventou que as entidades do setor produtivo da Bahia estavam de acordo com o aumento. A fake news deixou o setor indignado. O segmento já havia publicado um manifesto alertando que o reajuste da alíquota vai encarecer ainda mais o custo de produção, desestimular investimentos e provocar desempregos. Após a declaração de Rosemberg, representantes do setor desmentiram publicamente o líder petista, causando um tremendo mal-estar para ele e para o Palácio de Ondina.

Base do Aumento

Descontente também ficou a base governista, que votou em peso a favor do aumento do imposto, o segundo em menos de um ano. No começo de 2023, a alíquota foi de 18% para 19%, e agora saltou para 20,5%. Partidos como PT, PSD e PP votaram majoritariamente a favor da proposta. A irritação e constrangimento de alguns foi tanta que, no plenário, um deputado da base desabafou: “Eu aqui me (**) mais uma vez”. A oposição votou contra e conseguiu fazer barulho com obstruções que acabaram levando a sessão até tarde da noite, mas não teve jeito.

A conta não fecha

Quem também se atrapalhou com o assunto foi o vice-governador Geraldo Júnior (MDB), que adora soltar bravatas contra aumento de impostos. Questionado sobre o reajuste do ICMS, Geraldo disse que “a expectativa é que essa ação não reverbere no preço final”. Como é que o principal imposto estadual, que impacta sobre combustíveis, medicamentos, transporte, serviços de saúde e educação, não vai impactar no preço final? Geraldo poderia explicar à população esse cálculo quando os preços começarem a aumentar.

Ojeriza

Durante a votação do aumento do ICMS, Rosemberg também teve que lidar com outro revés. Enquanto corria para justificar o indefensável reajuste, via seus liderados assinarem um requerimento de Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que pode viabilizar o terceiro mandato de Adolfo Menezes (PSD) na presidência da Casa - espaço que ele sonha em ocupar. Transtornado, o petista subiu o tom contra os governistas que encabeçavam a operação, a ponto de deixar o clima azedo. Nos bastidores, muitos diziam ser favoráveis à PEC da Reeleição justamente para minimizar as chances de ter Rosemberg como presidente da Casa.

Barbas de molho

Mesmo que esteja ainda muito distante, essa sucessão na Alba tem dado o que falar. Líderes partidários, inclusive da base governista, já fecharam questão pelo menos em relação a um ponto: não querem um presidente do PT, e muito menos Rosemberg. Para eles, a tendência é que o comando da Casa continue com Adolfo ou com o PSD. À coluna, um deles confidenciou que, mesmo com a mobilização pela PEC que permitiria a reeleição, Adolfo tem andado cauteloso com o assunto e diz que a articulação é complexa. Contou, ainda, que o presidente fez recentemente uma viagem a Brasília e “não retornou muito animado”.

Tomou pito

Outro consenso é que os líderes da Alba não querem a deputada Ivana Bastos, do PSD, como presidente. Segundo interlocutores, a parlamentar chegou a ir ao senador Otto Alencar, presidente do partido no estado, para pedir apoio na disputa. Otto teria dito a ela que trabalharia para conseguir os votos do PSD, mas que a busca pelos demais partidos deveria ser feita por ela. Para bom entendedor ...

Sem prioridade

Vence na próxima segunda-feira o prazo regimental de 45 dias para tramitação do projeto de lei para atualização da gratificação dos policiais e agentes da Segurança Pública. Mas até o momento não houve nenhuma manifestação governista no sentido de viabilizar a aprovação em plenário. Enquanto isso, a base de Jerônimo deu prioridade ao aumento do ICMS e à tomada de um novo empréstimo bilionário. Segurança continua fora da lista de prioridades.

Fujão

Deputados estaduais devem elevar a pressão sobre o secretário de Agricultura do Estado, Tum, depois que ele evitou comparecer à audiência pública sobre a situação do sisal baiano, embora tenha confirmado presença. A ausência não soou apenas como desprestígio, mas como irresponsabilidade com o setor que é responsável por 90% do sisal produzido no Brasil e que enfrenta sua pior crise nos últimos anos. Para os parlamentares, o secretário fujão na verdade não deu as caras também pelo temor de ser cobrado sobre o cancelamento da Fenagro, principal feira agropecuária da Bahia, e por ter se envolvido numa polêmica no começo do ano após confundir um pé de sisal com um de abacaxi.

Ex-chefe

As críticas do ex-ministro João Roma (PL) ao aumento do ICMS não foram capazes de sensibilizar seu ex-chefe de gabinete, o deputado Vitor Azevedo (PL), que votou a favor da proposta de Jerônimo. Considerado braço direito de Roma, Azevedo, que votou em Bolsonaro, integra a base petista desde o começo do ano. Roma, inclusive, foi visto nesta semana num bate papo bem amistoso com Jerônimo, que até elogiou o ex-ministro bolsonarista numa entrevista.