Com Rixô Elétrico, festa 'Mauá canta Bethânia' estreia pré-Carnaval no Dois de Julho

Com purpurina, roupas acetinadas e maquiagem colorida, quem passava pela região do Dois de Julho, na tarde deste domingo (21), não escondia a curiosidade ao ver dezenas de pessoas ocupando as duas calçadas da estreita rua onde fica o Bar San Vicente. Um Rixô Elétrico, parado em frente ao bar, contudo, anunciava que o Carnaval havia chegado mais cedo ali. O público de foliões, em quantidade tímida por volta das 14h30, fazia o aquecimento para a estreia da festa ‘Mauá Canta Bethânia’, em homenagem a cantora Maria Bethânia, em clima de confraternização com os amigos.

De acordo com Lis Brasil, cantora que mora no Dois de Julho e é uma das organizadoras do evento, a ideia era justamente fazer uma comemoração em conjunto com a população local. “Juntou diversos fatores com o fato de a Bethânia ser nossa vizinha e pensamos: por que não a homenagear em vida? Percebemos que quando essas grandes estrelas se vão, há uma pipoca de homenagens. Perdemos dois ícones recentemente, que foi Gal Costa e Rita Lee, e isso tocou muito nosso coração. Nós falamos ‘não, temos que homenagear Bethânia em vida, porque ela é muito importante para nossa história, cultura e vida”, destacou.

Durante a campanha para arrecadação de verba para a festa, Maria Bethânia abraçou a iniciativa. Uma rifa que circulou pela região tevecomo prêmio duas camisas autografadas pela cantora – com um vencedor cada. O pedido de apoiar a festa pré-carnavalesca foi intermediado por uma produtora da artista de Santo Amaro que conhece Cris, figura do bairro e que é o nome à frente do Mirante Tropical da Ladeira.

“A Bethânia abraçou mesmo a ideia e a gente nem esperava. Ela tirou foto com a camisa, fez um vídeo chamando as pessoas e a gente soube que ela está feliz com o evento e a homenagem. Ela gosta de coisas simples e culturais”, disse Lis.

Além da homenagem à artista baiana, a festa também busca atrair o olhar para o Dois de Julho. “É um bairro que está abandonado. De dez anos para cá, a gente vai no Largo Dois de Julho, no Coreto, e vê como a situação está. Pedimos que o poder público cuide desse bairro tão importante de artistas e com tradição boêmia. Surge esse bloquinho para homenagear, com o Rixô Elétrico, os antigos Carnavais e a Bethânia, juntando a alegria com o ativismo político”, complementa.

O pré-Carnaval da região conseguiu o apoio da Fundação Gregório de Matos. O meio-fio da Rua Visconde de Mauá foi pintada. Por sua vez, Cris, representante do Mirante Tropical da Ladeira, reuniu um grupo de artistas de grafite para fazer um painel artístico na rua.

Responsável pela música do bloquinho, Fred Menendez teve a tarefa de puxar seu Rixô Elétrico com um repertório diferenciado. “Vamos iniciar com a música Carcará e, durante o trajeto, vamos entrar no Carnaval. Quando chegarmos na casa de Maria Bethânia em diante, todas as músicas serão dela. Vai ser muito bonito. É o piloto de um projeto que vai se perpetuar”, projetou.

A programação também contou com Lis Brasil e Vinícius Passos. Sem a aparição de Bethânia, no final do circuito, a diversão continuou no Palco DNA Samba Reggae, com programação especial dirigida por Anderson do Samba, herdeiro musical do mestre Neguinho do Samba.

*Com orientação da subchefe de reportagem Monique Lôbo