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'Colocar um trio na rua chega a custar R$ 8 milhões', diz presidente do Comcar


 

Salvador começou a vistoriar os equipamentos nesta segunda-feira (29)

  • Gil Santos

Publicado em 30/01/2024 às 06:00:00
Crédito: Ana Albuquerque/CORREIO

Já é Carnaval no Parque de Exposições. Por lá, uma fila de trios elétricos começou a se formar na manhã desta segunda-feira (29) e deve continuar assim até 9 de fevereiro. Nesse período, dez órgão vão fiscalizar itens obrigatórios que esses veículos precisam apresentar para garantir a segurança e o conforto dos foliões e dos trabalhadores. Segundo o Conselho Municipal do Carnaval de Salvador (Comcar), colocar um bloco na rua pode custar até R$ 8 milhões.

O presidente do Comcar, Washington Paganelli, explicou que a construção de um trio elétrico pode levar até um ano, entre o trabalho de marcenaria, as instalações elétricas e hidráulicas, adaptações, pintura e a obtenção das licenças. A maioria dos veículos é construída na Bahia, em cidades como Salvador, Lauro de Freitas e Feira de Santana, mas há produção também em outros estados como São Paulo e Pernambuco.

"Esse é um equipamento de fundamental importância para o Carnaval, por isso, merece ser homenageado e reverenciado. Sou presidente de um bloco que tem 57 anos, e que antes foi comandado por meu pai. Acompanhei essa evolução. Primeiro, eles eram feitos de madeira, em caminhões pequeno, depois, vieram as carretas, e hoje, são megas estruturas de som e de luz. É um símbolo da Bahia", disse.

Além de presidir o Conselho do Carnaval, Paganelli comanda o Blobo As Muquiranas, já realizou a construção de três trios elétricos e explicou que cerca de 15 trabalhadores ficam de plantão durante o desfile apenas para cuidar da parte técnica dos veículos, como motoristas, eletricistas, encanadores, mecânicos e seguranças.

"Um trio de primera qualidade pode chegar a custar R$ 8 milhões. São 15 pessoas trabalhando para que o trio possa rodar, porque são equipamentos eletrônicos que podem apresentar falhas. Com os impostos e os postos de emprego, ele gera de R$ 700 a 800 mil para a cidade. Quando está fora do Carnaval, a manutenção é de cerca de R$ 30 mil mensais", afirma Paganelli.

A vistoria é coordenada pela Empresa Salvador Turismo (Saltur). Para a gerente de Carnaval do órgão, Merina Aragão, a ação é vital para garantir uma festa com mais segurança.

“Com os veículos periciados, sabemos que estão legalizados, que estão dentro das condições o mais perto possível do ideal. Nesta vistoria, verificamos as melhores condições de conservação, mecânica, questões de segurança, tanto dos responsáveis quanto dos artistas, quanto guarda-corpo, escada de emergência e prevenção contra incêndio, com extintores em dia”, explicou.

A gerente ainda faz outros alertas. “É importante para que os veículos possam circular com as condições do Carnaval, que são mais complicadas - velocidade reduzida, muita gente na rua. E a gente fazendo esse trabalho facilita dos trios não quebrarem, de não ter interrompimento do fluxo, ou acidentes. Mas, mesmo com todo esse cuidado, temos que ter os carros reserva e guinchos, contratados para emergência, que esperamos que não aconteça".

Vistoria

Pela manhã, as equipes estavam ajustando os espaço, instalando os computadores e afinando os ultimos pontos. Enquanto isso, os primeiros trios já chegavam para entrar na fila da vistoria. Os amigos Maurilho Reis e Ubiratan Santos, proprietários do microtrio Garampiola, foram os primeiros a comparecer. Eles vão desfilar no Carnaval do Pelourinho, em 12 de fevereiro.

"A gente chega cedo para adiantar logo o serviço. Deixa para cima da hora é mais complicado, porque são muitos trios. Os trâmites são demorados, às vezes levamos o dia todo, mas é um serviço necessário. Entendemos que a vistoria é indispensável para fazermos um Carnaval seguro e confortável para todo mundo", contou Maurilho.

Esse é o 8º ano em que eles vão desfilar. Quando chegam no estacionamento os trios precisam ser montados exatamente como vão se apresentar no dia da folia para que cada detalhe possa ser checado. Em 2024, são aguardados 54 trios.

Para licenciar um trio ou carro de apoio, o proprietário precisa passar pelo crivo de 10 órgãos técnicos: Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agrimensura (Crea), Conselho Regional dos Técnicos Industriais (CRT-BA), Departamento Estadual de Trânsito (Detran), Departamento de Polícia Técnica (DPT), Superintendência de Telecomunicações (Stelecom), Corpo de Bombeiros (CBM), Secretaria Municipal da Saúde / Vigilância Sanitária (SMS/Visa), Secretaria de Ordem Pública (Semop), além das secretarias municipal e estadual da Fazenda.

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