Vítima de febre amarela, morre paciente internado no Couto Maia
Osmar Macedo Ramos, de 49 anos, veio do interior de SP para Itaberaba
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Da Redação
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O paciente que tinha sido diagnosticado com febre amarela em Itaberaba, no Centro-Norte do estado, morreu no fim da tarde de domingo (14). Osmar Macedo Ramos, de 49 anos, estava internado desde quarta-feira (10), no Hospital Couto Maia, na Cidade Baixa, vindo do interior do estado. Ele foi sepultado no cemitério municipal de Itaberaba às 18h desta segunda-feira (15).
A informação foi divulgada pela Prefeitura de Itaberaba em sua página oficial no Facebook, e foi confirmada pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesab). "O Hospital Couto Maia informa que o paciente O.M.R., com diagnóstico de amarela, evoluiu com choque refratrário, seguido de bradicardia e assistolia. O óbito foi firmado às 17h40 de 14/01/2018", afirmou a secretaria em nota.
Na semana passada, a Sesab anunciou que o paciente veio de Taboão da Serra, cidade do interior de São Paulo, estado onde residia. Ele teria começado a apresentar os sintomas da doença no dia 2 deste mês, mas chegou na Bahia somente no dia 5.
Esta é a primeira morte por febre amarela no estado desde o ano 2000, quando foram registradas 3 mortes em decorrência da doença. Em nota, a prefeitura de Itaberaba lamentou a morte do paciente e informou que está à disposição da família da vítima.
“Nesse momento triste, reforçamos a importância de faxinar os quintais e eliminar qualquer possível foco. Nada de acumular lixo ou água parada. Se não tomou vacina, procure a unidade mais próxima. Somos todos responsáveis pela erradicação dessas doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. O poder público já fez o que devia. #FaçaSuaParte”, escreveram, na rede social.
Macacos Este ano, 12 macacos já foram encontrados por autoridades ambientais em Salvador em 2018. Só na sexta-feira (12), a Guarda Civil Municipal recolheu quatro animais - um no Condomínio São Paulo, outro no bairro de Sete de Abril, um na Estrada Velha de Periperi e outro em Dom Avelar.
Dos animais encontrados, 11 estavam mortos e um estava aparentemente doente. O que estava doente, encontrado em Paripe, foi encaminhado ao Hospital Veterinário da Universidade Federal da Bahia (Ufba). Entre os mortos, 10 foram encaminhados ao Laboratório Central de Saúde Pública Prof. Gonçalo Muniz (Lacen) para análise, segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS). Um deles já estava em estado de decomposição avançada - impossibilitando, assim, a análise.
Ao todo, foram 52 macacos com diagnóstico positivo para febre amarela em 2017 na Bahia, segundo a Sesab. A SMS informou que, no ano passado, 13 casos foram confirmados em macacos - nenhum em humanos. Outros 65 macacos, ainda conforme a Sesab, tiveram resultado negativo e 98 indeterminado. No total, foram 701 animais encontrados mortos em todo o estado. Os 486 restantes permanecem sob investigação na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro.
Vacinação A Bahia, São Paulo e o Rio de Janeiro vão fazer campanha de vacinação contra a febre amarela com doses fracionada e padrão. A medida anunciada semana passada pelo Ministério da Saúde visa evitar a expansão da doença em áreas próximas de onde a doença circula atualmente. Em São Paulo, 13 pessoas morreram por causa da febre amarela.
Na Bahia, segundo dados do Ministério da Saúde, de 1º de julho de 2017 a 8 de janeiro deste ano foram notificados 11 casos da doença - seis foram descartados e cinco permanecem em investigação. A vacinação vai acontecer entre 19 de fevereiro e 9 de março. O dia ‘D’ de mobilização será no dia 24 de fevereiro.
Mais de 3,3 milhões de pessoas serão vacinadas no estado, sendo que 2,5 milhões delas serão imunizadas com a dose fracionada da vacina em oito municípios: Salvador, Camaçari, Candeias, Itaparica, Lauro de Freitas, Mata de São João, São Francisco do Conde e Vera Cruz. E terão ainda 813 mil doses padrão.
No total, o Ministério recomenda vacinação em 178 municípios baianos (veja a seguir lista completa das áreas com recomendação de vacina (ACRV)). Segundo a assessoria da pasta, todos os casos de febre amarela registrados são do tipo silvestre, quando a doença é transmitida, através de mosquitos, de macacos para humanos. A febre amarela urbana, quando o mosquito transmite o vírus de um ser humano para outro, não é registrada no Brasil desde 1942.
Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, desde 2000 não há casos registrados de febre amarela. "Em 2000 houve dois casos registrados, um em Coribe e outro em Jaborandi", informou em nota. Ao anunciar a nova medida, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, explicou que a adoção do fracionamento visa evitar um surto como ocorreu no primeiro semestre de 2017.
Suspeita De acordo com Ceuci Alves, médica infectologista e diretora do hospital Couto Maia, nenhum outro paciente do hospital é suspeito de ter a doença. A médica informa que os sintomas iniciais da febre amarela são febre e dores no corpo. “A procedência do paciente é fundamental para a suspeita clínica. Caso seja proveniente de uma área com circulação da febre amarela a suspeita deve ser feita”.
Os pacientes que apresentarem os sintomas e tiverem transitado por área com registro da doença devem “solicitar os exames de acordo com o tempo de doença, isolamento viral ou sorologia e avaliar a gravidade e a necessidade ou não de internação hospitalar”, recomenda a infectologista.
Segundo a médica, quem já tomou a vacina em algum momento da vida é considerado imune a doença. ”A maioria dos casos é assintomática ou leve, pode confundir com outras viroses como dengue e as formas graves ocorrem num percentual de 20%. A forma maligna é a mais grave é letal em cerca 80% dos casos”, afirma Ceuci.
Sintomas da febre amarela
Início súbito de febre Calafrios Dor de cabeça intensa Dores nas costas Dores no corpo em geral Náuseas Vômitos Fadiga Fraqueza Febre alta Icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos) Hemorragia (especialmente a partir do trato gastrointestinal) Choque Insuficiência de múltiplos órgãos